O encontro “Alfabetiza Brasil: diretrizes para uma política nacional de alfabetização” aconteceu na última quarta-feira (23), e reuniu representantes da educação, incluindo o ministro Camilo Santana. No evento, ocorreu a divulgação da proposta de nova pesquisa que pretende definir o que um aluno deve saber até o final do 2º ano do ensino fundamental.

Segundo o ministério, as informações reunidas servirão de material para a elaboração do próximo Plano Nacional de Alfabetização, lançado pelo governo federal.

“Nós não precisamos inventar a roda, temos experiências exitosas em vários estados e municípios do país. Nós precisamos transformar isso em política nacional”, declarou o ministro durante o evento.

De acordo com dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), a pandemia exerceu um alto impacto nos índices alcançados. Em 2021, o índice de crianças do 2° ano do ensino fundamental que não sabiam ler ou escrever palavras simples, passou de 15% para 34%.

Cenário atual

Para a realização da pesquisa, o MEC contará como um dos recursos de consulta os resultados obtidos por 291 municípios brasileiros. Dessa forma, serão observados exemplos que alcançaram bom desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Nesse sentido, o índice é definido como um indicador importante para a educação básica no país, pois leva em consideração conceitos como o fluxo escolar (medido pela taxa média de aprovação nas etapas de escolarização) e pela média de desempenho nas avaliações.

Segundo especialistas em educação, o cenário atual decorrente dos impactos gerados pela pandemia gera a necessidade de políticas públicas continuadas que avaliem a seriedade dos impactos. Além disso, é importante coordenar medidas que visam diminuir os danos observados.

“Quando uma criança não aprende a ler e a escrever na idade certa, se compromete todo o ciclo evolutivo dessa criança na educação básica”, afirma Camilo Santana.

A organização Todos Pela Educação divulgou nota técnica intiluada como “Impactos da pandemia na alfabetização de crianças”. Segundo o relatório, entre 2019 e 2021 foi possível identificar um aumento de 66,3% no número de crianças de de 6 e 7 anos que não sabiam ler e escrever, segundo seus responsáveis.

Permanência

Segundo o relatório do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2020 foram 279 dias de aulas presenciais suspensas no país. Dessa forma, embora as salas de aula estejam preenchidas, os efeitos em etapas primordiais na educação básica, como a alfabetização, ainda são latentes.

“Os impactos também aconteceram na rotina familiar, já que a família passa a assumir o papel da escola”, afirma a psicopedagoga Ana Paula Carvalho.

De acordo com a especialista, os impactos devem ser observados do ponto de vista das desigualdades. Afinal, problemas como a falta de estrutura e de aparato tecnológico, tendem a prejudicar sobretudo alunos de escolas públicas.

“Não se alfabetiza uma criança com aulas remotas”, afirma a professora que também é especialista em aprendizagem e educação especial.

No evento realizado pelo MEC, foi anunciado como instrumento para a avaliação a escuta de professores e representantes de secretarias estaduais de educação.

Para Ana Paula Carvalho, a participação dos professores no processo de formulação de políticas públicas é essencial, visto que estão em contato direto com os desafios presentes.

“É importante termos um olhar mais responsável, que dê condições de aprendizado a partir de boas escolas, tecnologia, apoio aos professores e acompanhamento às famílias”, explica.

*Com informações do Ministério de Educação

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