(Foto: Reprodução/ Internet)

{source}
<iframe width=”100%” height=”166″ scrolling=”no” frameborder=”no” allow=”autoplay” src=”https://w.soundcloud.com/player/?url=https%3A//api.soundcloud.com/tracks/503140368&color=%23ff5500&auto_play=false&hide_related=false&show_comments=true&show_user=true&show_reposts=false&show_teaser=true”></iframe>
{/source}

Os militares se propuseram a fazer apenas uma “distensão lenta e gradual” em 1979, quando aprovaram a lei que extinguiu a Arena e o MDB, os únicos partidos autorizados a funcionar no Brasil desde 1965. Em um segundo momento, aceitaram a falar em “abertura política”, explica o cientista político e pesquisador deste período na história partidária, Pedro Célio Alves Borges.

“Duas grandes forças ali, de um lado um sistema de poder central, dirigido pelos militares, e de outro lado, uma onda de insatisfação crescente. Dentro dessa onda de insatisfação crescente, a sociedade brasileira voltava a se organizar”, afirma.

Em 1979 os movimentos sociais se reorganizaram. A população voltou a ocupar as ruas em grandes manifestações contra o governo militar. A anistia política trouxe de volta os exilados e os presos políticos para a arena. A estratégia de autopreservação governista era dividir a oposição para se manter no poder.

A oposição fragmentou-se: os trabalhistas tradicionais se dividiram em duas legendas, o PTB e o PDT. Sindicalistas, líderes estudantis e religiosos, além de intelectuais, fundaram o Partido dos Trabalhadores, o PT. Os oposicionistas do antigo MDB permaneceram no novo PMDB. A primeira eleição com os novos partidos ocorreu em 1982. Os anos de 1979, 1982 e 1984 encerram o ciclo dos militares.

Diretas já

“1979 é uma data relevante, 1982 é outra. Mas 1984 talvez seja a data mais forte, porque é quando há uma grande síntese de todas as forças oposicionistas”, explica Pedro Célio.

O processo de redemocratização do país completa-se em 1989 com a primeira eleição presidencial desde o golpe de 1964. O bipartidarismo forçado do período militar transformou-se no atual pluripartidarismo.

Pedro Célio observa que a tecnologia da informação, a globalização, e a unificação dos mercados, entre outros fatores, mudaram a sociedade nesta primeira década do século 21. Tudo isso refletiu nos partidos políticos que não mais conseguem representar essa nova sociedade. A pergunta que fica agora é: como reinventar os partidos para representar essa nova realidade?

“Esse é o desafio, fórmulas e soluções eu creio que não existem, o que existem são experiências. Sistemas de controle público em que os partidos não fiquem tão ligados ao poder econômico. Que os órgãos de controle tenham modos democráticos de controlar esse processo. O importante é que a sociedade se veja refletida no Estado”, conclui o cientista político.

Com produção e edição de áudio de Roberval Silva.

Confira as outras reportagens da série especial:

Oligarquias dominaram surgimento da República no Brasil

De Getúlio a Lacerda: o período da reorganização partidária e a busca pelo poder a qualquer custo

Ditadura militar: da extinção dos partidos ao bipartidarismo