A moda e o vestuário são importantes setores da economia brasileira, responsáveis por milhões de empregos e bilhões de reais movimentados anualmente. Entre os vários segmentos dessa área, Goiânia se destaca por ter o segundo maior polo de moda do Brasil, na região da Rua 44.
A região é movimentadíssima e recebe gente de todo o país em busca de roupas a preços mais baixos, seja para revenda ou uso próprio. Para falar desse mercado, conversei esta semana com o presidente da Associação Empresarial da Região da 44 (AER44), Lauro Naves.
Em mais de onze anos atuando como gestor do Shopping 44, Lauro lembra a Feira Hippie tem papel fundamental para a transformação da rua 44. A feira está desde 1994 na Praça do Trabalhador. Foi quando os primeiros empreendimentos começaram a surgir. Atualmente, a maioria dos lojistas são ex-feirantes que migraram para um ponto fixo.
Assista ao programa na íntegra:
Lauro atribui o sucesso do polo da moda ao estilo do povo goiano de fazer negócios, tornando-o um lojista diferenciado. A meta do novo presidente, que assumiu há pouco tempo, é manter os empreendedores e gestores da região unidos. A pandemia da Covid-19 causou um estrago na economia local, com o fechamento de três mil lojas, e o momento agora é de avançar.
O objetivo agora é consolidar o avanço da produção têxtil em Goiás, visto que as lojas são ainda, em sua maioria, “apenas” distribuidoras de produtos vindo de fora. Para isso, diz, é preciso investir em qualificação, estrutura e equipamentos para dar fomentar as nossas confecções, tudo dentro do Programa Cinturão da Moda.
O presidente da AER44 é confiante na capacidade da produção goiana fazer frente aos produtos chineses, que são mais baratos, mas perdem em qualidade e estilo. Além disso, a moda produzida em Goiás atende melhor o gosto das consumidoras do que o que vem de fora.
Na parte estrutural, muita coisa está por acontecer. A conclusão das obras do BRT é fundamental para o comércio local, com previsão de 25 mil embarques e desembarques por dia, além de melhorar o trânsito e o visual da região. A Associação apresentou uma proposta de se criar uma passarela coberta que saia do terminal do BRT, atravesse a rodoviária e chegue à Rua 44. O projeto foi apresentado à Secretaria de Indústria e Comércio, que deu sinal positivo.
Outra mudança é a Praça do Trabalhador. Quando começou a promessa era de conclusão em 90 dias, mas já se passaram mais de dois anos e a obra não terminou ainda. Agora, a previsão é de entrega até o final do ano.
Soma-se essas duas obras à Avenida Leste-Oeste, concluída neste ano, para que a região tenha uma infraestrutura viária que possibilite um acesso e locomoção mais rápidos, seguros e confortáveis aos consumidores e trabalhadores locais.
Mas tem mais novidades. Na semana passada, foi apresentada uma demanda de melhorias no trânsito da região. A primeira intervenção é na Avenida Contorno e na Rua 44, que deixarão de ter mão dupla e passarão a ser de mão única, a primeira no sentido sul-norte e a segunda norte-sul. Outras mudanças, como o alargamento das calçadas, deverão ocorrer em 2023, após o período de fim de ano, quando o fluxo de pessoas aumenta muito e que não seria adequado promover mudanças nessa época. A previsão de Lauro Naves é que todas essas transformações gerem um aumento no turismo de consumo e no turismo como um todo, beneficiando toda a cidade.
Mas o comércio da Rua 44 também está no mundo digital. A pandemia da Covid-19 fez com que os lojistas se adaptassem a esse novo formato, sobretudo que vende no atacado. Atualmente, cerca de 50% do volume comercializado na região é feito de forma online, tendo o Whats App como maior ferramenta digital para vendas, por possibilitar um atendimento mais personalizado aos clientes.
A previsão é que 2022 termine com um volume de vendas maior do que de 2019. Sinal de que os negócios vão bem por lá.
O programa desta semana esteve alinhado ao ODS 8 – Trabalho digno e crescimento econômico.
Temas abordados
Rua 44: como foi o processo de mudança na região.
Rua 44 também quer ser polo de produção têxtil
É possível competir com os chineses?
As transformações na geografia da Região da Rua 44