A pandemia da Covid-19 agravou uma situação que já existia, essa é a avaliação de Dayana Rosa, analista de políticas públicas do Instituto de Estudo para Políticas de Saúde (IEPS), sobre fatores que determinam o estado psicológico dos estudantes. A especialista apontou que o período da adolescência é central para a prevenção.

Assista a entrevista na íntegra:

“Adolescência é um período negligenciado, mas que é chave para prevenção. Por exemplo, a gente tem um dado de que 50% das alterações na saúde mental começam com 14 anos de idade e chega até 75% se a gente aumentar essa faixa etária para os 24 anos. Mas apesar desse número ser grande, 80% dos casos passam sem um diagnóstico”, disse.

O período de isolamento social devido a pandemia da Covid-19 gerou diferentes efeitos na vida das crianças e dos adolescentes. São destacados o atraso na alfabetização, a  defasagem na aprendizagem de conteúdos, dificuldade de relacionamento com colegas e professores e as consequências que ficaram para a saúde mental. Conforme Rosa, esse aspecto está relacionado com um conjunto de fatores.

“A condição do bem-estar e da saúde mental é determinada por uma série de fatores como ter ou não um emprego, ter uma estabilidade financeira, se o local que a gente vive é violento, se a gente tem acesso a saneamento básico e o momento da vida que a gente passa também. No caso dos mais jovens, sabemos que é um momento muito delicado e de descobertas, explicou.

Além do isolamento forçado, Dayana Rosa lembrou que os jovens tiveram que lidar com as perdas e o luto e com a piora socioeconômica do país. “Além disso, a gente viu que as perdas dos empregos dos pais, os responsáveis das crianças e adolescentes, têm um impacto negativo sobre a saúde mental”, contou.

Realidade virtual

A analista de políticas públicas, Dayana Rosa, afirmou que a dimensão social dos estudantes sofreu uma transformação impactante e foi muito alterada, pois os alunos estavam acostumados a irem para a escola e passaram para o ambiente virtual. Dayana Rosa pontuou que é preciso pensar em cuidados e na promoção e prevenção da saúde mental dos estudantes.

“Isso traz implicações inclusive na sociabilidade.[…] A gente pode já viver experiências de teleatendimento só que a gente aponta a necessidade de fiscalização e regulamentação para que esse uso seja responsável e controladamente seguro para quem for utilizar, tanto  para o paciente, no caso os estudantes, como para os profissionais, sejam de saúde ou de educação”, disse.

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