A situação na Argentina é tensa e no último mês tivemos a renúncia de dois titulares do Ministério da Economia. O primeiro foi Martín Guzmán, que renunciou no dia 02 de julho. Depois, foi Silvina Batakis, que não conseguiu completar um mês à frente do cargo. A aposta agora é o superministro Sergio Massa.

Confira a análise completa de Norberto Salomão:

Sendo assim, o historiador e professor de geopolítica, Norberto Salomão, destacou como é possível compreender a crise econômica e política pela qual a argentina passa.

“Gradualmente, a Argentina foi se deslocando de um campo meramente rural para urbano e há a formação de um proletariado. No início da década de 50, houve a ascensão de uma espécia de Getúlio Vargas da Argentina, o Juan Domingo Peron, que gerou uma política assistencialista e podemos dizer que até hoje a Argentina não conseguiu se livrar. Então, a Argentina tem um histórico de quedas e recuperações, visto que já passou por cinco moedas desde a década de 60. A verdade é que a Argentina tem problemas estruturais profundos e não conseguiu nas últimas cinco décadas estabelecer uma moeda que tivesse sustentaçao”, contextualizou.

Em meio a todo esse quadro de crise, Norberto Salomão ainda revelou que o governo de Alberto Fernandez tem enfrentado os protestos de ruralistas e, também, de setores mais fragilizados da sociedade.

“Os setores empresariais ruralistas querem uma redução no preço dos combustíveis e a questão cambial, para que eles possam produzir, porque estão convertendo pelo dólar oficial, que está muito mais caro. O setor de desempregados e dos trabalhadores querem emprego, o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) seja revisto, porque da forma que está vai gerar restrições e os setores mais à direita querem a renúncia da Cristina Kirchner”, explicou.

A intensa crise pela qual passa a Argentina levou o presidente Fernandez a criar um superministério da economia, conforme explica Norberto Salomão o processo pelo qual se deu a criação da pasta. Além disso, o historiador projetou o que esperar do novo ministro.

“Dizem que é tão super que muitos já decretaram que Alberto Fernandez não governa de fato mais a Argentina. Hoje você tem de um lado a pressão da Cristina Kirchner e agora, com o superministro, vai caber ao Fernandez apenas assinar aquilo que eles tiverem determinando. A situaçao chegou em um ponto limite e ele já entra com medidas que não tem agradado nem o mercado, e muito menos os trabalhadores”, afirmou.

“A gente vive em um mundo de polarizações, não só aqui no Brasil. E vem aquela questão de justificar a situação da Argentina alegando que o presidente é de esquerda, ou que não realiza uma política de privatizações. Tem tudo isso, mas a gente tem que tomar cuidado com aquelas fórmulas mágicas, de abrir tudo. As privatizações são úteis, mas têm que ser estratégicas. É preciso entender que você tem problemas estruturais e não dá pra fazer mudanças muito abruptas, porque não estamos falando só de economia, e sim de pessoas. Por exemplo, na Argentina hoje você tem próximo de 40% da população em estado de pobreza, a classe média perdendo poder de compra”, destacou.

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