Produtos básicos, como arroz, feijão e óleo de soja, sofreram variação nos preços, o que  preocupa consumidores de todo o Brasil. Em entrevista ao programa Tom Maior da SagresTV, o administrador e mestre em economia, Luiz Carlos Ongaratto, afirma que além do aumento do consumo durante o período de isolamento social, em que as pessoas passaram a cozinhar mais, somaram-se outros fatores como a alta do dólar e o período de safra dos alimentos.

“Esse problema do aumento do preço dos alimentos é bem complexo, porque ele vai ter várias causas. A gente tem a questão da própria pandemia, que fez com que nós ficássemos mais em casa. Além daquele tradicional domingo da galinhada, a gente passou a cozinhar mais. Então, isso aumentou a demanda nos supermercados. A gente tem o fator de demanda, mas esse fator não está dominante, porque tem outro fator que é super importante para a gente olhar, que é o fator da oferta, que é a produção dos alimentos”, afirma.

Há pouco tempo atrás, os produtores de determinadas culturas como o arroz, estavam desestimulados com o valor da mercadoria no país e produziram menos do que poderiam. E do pouco que produziram, a maioria tem sido exportada.

“A gente tem um fator limitante da safra, que é de um ano para outro. Agora, no curto prazo, a gente está consumindo aquilo que foi plantado há muitos meses atrás. Além disso, o estoque do arroz caiu 80%, porque os produtores não se preocupavam em estocar, porque o produto estava muito em baixa”, ressalta.

Com a pandemia, a soja, que já vinha ganhando em volume, passou a ser ainda mais demandada pelo mercado exterior, e, pela alta do dólar, os produtores têm preferido exportar.

Com isso, sobe o preço do óleo de cozinha; do pacote de cinco quilos de arroz; do trigo, que é fortemente importado; do feijão; o leite e as carnes bovina, suína e de aves também têm apresentado aumento, tanto pelo período de entressafra, quanto pelo aumento das exportações.

“As importações em alta faz com que diminua a quantidade de alimentos no Brasil”, completa o administrador e mestre em economia.

Diante desse cenário, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) comunicou à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça, sobre reajustes generalizados praticados pela indústria e disse que o setor tem sofrido “forte pressão” por aumentos de preços de itens da cesta básica. O órgão alertou ainda para o risco de desequilíbrio entre a oferta e a demanda num momento de crise sanitária.