Com aumento de 0,83%, a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou a maior taxa em 25 anos. Agora, a inflação atinge 8.06% nos últimos 12 meses, ultrapassando a meta de 3.75% e estourando o teto de 5.25%. Para o chefe do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em Goiás, Edson Vieira, os dados mostram o Brasil em situação complicada.

“A inflação alta não é boa para ninguém. Do ponto de vista das empresas, essa perda do poder de compra significa que você tem um encolhimento do mercado consumidor. Do ponto de vista das pessoas, elas estão mais pobres, não conseguem fazer mais o que faziam antes. Neste momento, muitas pessoas estão com dificuldades de adquirir o básico” , declarou Edson.

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O chefe do IBGE continuou e afirmou que muitas pessoas estão consumindo menos que o necessário para a própria “subsistência”, enquanto as conseguiram manter a quantidade, perderam na qualidade.

Os números da inflação, então, refletem, o que as pessoas têm sentido no dia a dia, ao precisar adquirir qualquer produto. “Esse indicador significa a queda do poder de compra. Quando você pega o óleo de soja nesses últimos meses em Goiânia, você tem quase 90% de aumento, o arroz tem mais de 50% e as carnes com cerca de 40%, sendo que as bovinas têm mais de 50%”, explicou.

Edson Viera detalhou que a inflação alta no ano passado foi puxada pelos grupos de alimentos e bebidas, mas que este ano, ganhou mais um componente, do setor de transportes. “E quando se fala em grupo de transporte, é complicado, porque você tem o impacto direto nas pessoas e o impacto de custos indiretos porque o brasil depende muito do transporte rodoviário”.

Em Goiás, a indústria teve um queda de 10% em comparação com abril do ano passado, que pode ser explicada pelo aumento nos custos da importação de insumos, que não foi repassada para o consumidor final.

“Embora a gente tenha tido um resultado melhor no primeiro trimestre do ano, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), a gente tem um nível de desemprego muito elevado no Brasil, quase 15 milhões de pessoas. Então alguns setores estão com dificuldades para repassar aumentos, como o setor de serviços e a indústria”.

O chefe do IBGE contou que os dados ainda são muito confusos, com aumentos em algumas áreas, seguidos de queda em outros setores. “Temos um crescimento desigual”.