O Imazon revelou que o desmatamento na Amazônia Legal alcançou seu ponto mais baixo em seis anos durante o primeiro trimestre de 2024, conforme indicado por seus dados. Este declínio é significativo, representando uma redução de 63% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A análise mais detalhada do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) revela que, nos primeiros dois meses de 2024, apenas 196 km² de floresta foram desmatados, em comparação com os 523 km² do ano anterior. Isso posiciona o atual índice como o menor registrado nos últimos seis anos.

A metodologia do Imazon, através do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), utiliza satélites de alta resolução que podem detectar áreas desmatadas a partir de 1 hectare, em contraste com os critérios do Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que consideram áreas maiores que 3 hectares. Esse refinamento resulta em uma imagem mais precisa do desmatamento na região.

Outro lado

Apesar desses avanços positivos, é importante notar que o desmatamento ainda excede os níveis observados entre 2008 e 2017, com exceção de 2015. Durante esse período, o desmatamento permaneceu abaixo de 150 km² nos primeiros trimestres de cada ano, conforme observado através do monitoramento por satélite.

“Esses dados mostram que ainda temos um grande desafio pela frente. Atingir a meta de desmatamento zero prometida para 2030 é extremamente necessário para combater as mudanças climáticas. Para isso, uma das prioridades do governo deve ser agilizar os processos em andamento de demarcação de terras indígenas e quilombolas e de criação de unidades de conservação, pois são esses os territórios que historicamente apresentam menor desmatamento na Amazônia”, disse a pesquisadora do Imazon, Larissa Amorim.

Os dados regionais destacam os estados mais afetados pela atividade de desmatamento. Mato Grosso lidera com 32%, seguido por Roraima com 30% e Amazonas com 16%. A expansão agropecuária impulsionou o desmatamento em Mato Grosso, enquanto Roraima enfrentou desafios dentro de terras indígenas. O Amazonas, por sua vez, testemunhou um aumento do desmatamento em assentamentos, principalmente na região Sul.

Tecnologia

O SAD, desenvolvido pelo Imazon em 2008, emprega satélites como o Landsat 7 e 8 da NASA e o Sentinel 1A, 1B, 2A e 2B da Agência Espacial Européia (ESA) para detectar mudanças na cobertura florestal.

Com uma frequência de imagem que permite revisitar a mesma área a cada 5 a 8 dias, o sistema pode identificar alterações rapidamente, priorizando imagens adquiridas na última semana de cada mês.

Tanto o SAD quanto o Deter servem como alertas para a degradação florestal, embora não representem dados oficiais de desmatamento. Ambos os sistemas compartilham um calendário de monitoramento que vai de agosto a julho do ano seguinte, otimizando a captura de dados devido à menor cobertura de nuvens na Amazônia durante esse período.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática.

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