O custo associado ao que consumimos transcende o valor monetário, abrangendo o uso de recursos naturais e a geração de poluição em todas as fases do ciclo de vida do produto. Embora opções mais sustentáveis estejam sendo desenvolvidas, sua acessibilidade é limitada. Segundo o Instituto Akatu, é fundamental democratizar produtos e serviços sustentáveis no país.
Conforme revelado pela pesquisa Vida Saudável e Sustentável 2023, conduzida pelo Akatu em parceria com a GlobeScan, o preço é o principal obstáculo para a adoção de estilos de vida mais sustentáveis no Brasil. Cerca de 57% dos brasileiros consideram a vida sustentável “muito cara”, em comparação com 49% da média global de 31 países analisados no estudo.
Felipe Seffrin, coordenador de comunicação do Instituto Akatu, destaca que a percepção de que produtos sustentáveis são mais caros reflete uma compreensão limitada da sustentabilidade.
“Praticar o consumo consciente pode significar economia direta no bolso, ao evitarmos desperdícios de água, de energia e de alimentos, por exemplo, ou quando deixamos de comprar itens supérfluos”, explica o especialista da organização que atua há duas décadas pela mobilização de indivíduos e empresas para o consumo consciente e a sustentabilidade.
Oferta
Para superar essa barreira, é essencial ampliar a oferta e o acesso a produtos mais saudáveis e sustentáveis, como alimentos orgânicos, itens duráveis e materiais reciclados. Além disso, é necessário conscientizar os consumidores sobre os benefícios da sustentabilidade em todos os aspectos.
“Quando o consumidor tem mais acesso à informação e aos benefícios socioambientais embutidos no preço, ele tem maior probabilidade de fazer melhores escolhas”, afirma Felipe.
O Instituto Akatu ressalta que os consumidores devem considerar diversos fatores ao fazer uma compra. Embora um produto durável possa parecer mais caro inicialmente do que um item descartável, sua durabilidade reduz a necessidade de compras frequentes e minimiza o desperdício. Da mesma forma, produtos sustentáveis podem ter um custo inicial mais elevado, mas oferecem benefícios ambientais a longo prazo, como a redução de emissões e o uso eficiente de recursos naturais.
Consumo consciente
Além do preço, a pesquisa identificou outras barreiras para o consumo consciente, como a falta de apoio do governo e das empresas, além da escassez de informações sobre práticas sustentáveis. Esse cenário é especialmente desafiador entre os jovens da Geração Z, indicando a necessidade de educação e conscientização ambiental em todas as faixas etárias.
Em um país com desafios sociais significativos como o Brasil, é compreensível que exista uma percepção elitizada da sustentabilidade. No entanto, é fundamental superar essas barreiras e promover uma cultura de consumo mais consciente e acessível para todos os cidadãos.
“O consumo consciente pode ser praticado por todos, com benefícios diretos no bolso e na saúde”, explica. “Precisamos aproximar o tema das pessoas e mobilizar governos e empresas por mais educação, informação e transparência quando falamos de sustentabilidade. Assim, o preço na etiqueta ganha outro significado.”
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 12 – Consumo e Produção Responsáveis
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