Muita gente fala que futebol não tem lógica. Todo brasileiro que gosta desse esporte sabe o que aconteceu na Copa do Mundo de 1950, quando o Brasil já comemorava o título e acabou sendo surpreendido pelo Uruguai. Perdeu o jogo por 2 a 1, quando o empate bastava à nossa seleção.

Em 1982, o Brasil tinha uma seleção maravilhosa com grande parte dos jogadores sendo verdadeiramente craques como Falcão, Zico, Sócrates, Cerezzo, Júnior e Leandro. Embora tivéssemos, também, algumas figuras horrorosas, como o goleiro Valdir Peres, Serginho e Paulo Isidoro, que destoavam dessa turma do andar de cima do futebol.

Mas, era uma seleção que tinha tudo pra ganhar a Copa, entretanto, encontramos uma Itália de um futebol amarrado, de muita marcação e pouca técnica. Depois de termos passado com facilidade pela Argentina, do então garoto Maradona, perdemos por 3 a 2, quando novamente o empate nos interessava, pois o regulamento daquela época dava esse direito a quem tivesse feito melhor campanha.

Fiz esse relato abrangendo os últimos sessenta anos de Mundiais para mostrar que normalmente o futebol tem lógica. Fatos como estes dois, envolvendo  a  Seleção Brasileira, são coisas raras de acontecer, e quando acontecem, é por vacílo e falta de concentração – o que na linguagem popular significa “salto alto”.

Em 50, os jornais da época sairam com suas edições do dia da decisão com pôster do Brasil campeão. Os jogadores embarcaram nesse oba-oba. A comissão técnica, um pouco amadora, não conseguiu segurar o ufanismo dos atletas. Em 82, após passar pelo Argentina, o Brasil achou que já tinha conquistado o troféu, pois os “hermanos” eram muito bons, ao passo que a  seleção Italiana era ruím. Dançamos .

DECISÃO NO GOIANÃO

Estes exemplos acima podem ser encaixados no futebol goiano, específicamente neste jogo entre Santa Helena e Vila Nova, que vai definir o primeiro finalista desse estadual.

O Vila, na semana anterior, foi ao Pedro Romualdo Cabral e goleou o time interiorano por 4 a 1. O Santa não tinha perdido um jogo sequer em casa, de modo que o Tigre da capital pensou que estava podendo e que era tudo isso, afinal, o primeiro jogo da semi era em Goiania, no Serra Dourada, e nesse ambiente o Santa Helena iria tremer, assustar-se com o Serra e o Tigre só deveria saber após o jogo qual a vantagem que teria para o jogo da volta.

Vacilou, foi goleado por 3 a 1 e está numa situação terrivelmente complicada. O Santa tem a vantagem de jogar por empates ou, em caso de uma vitória e uma derrota, sendo pelo mesmo placar lhe dá a chance de fazer a final inédita. O Vila Nova só conseguirá se vencer por 3 ou mais de gols de diferença, ou seja, tem uma tarefa quase impossível .

Mas, o alerta serve tambem para o time do sudoeste goiano. Esta semana deve ter sido de muita ansiedade na cidade. Os jogadores devem ter tomado café em todas as casas do município, por que, sendo convidados e rejeitando, é uma desfeita muito grande. Devem ter recebido muitos presentes como queijos, doces, cachos de banana, corte de cabelo de graça, gasolina…dando inveja a dois companheiros da Rádio 730.

Ah, claro, tem o prêmio alto que a diretoria tem que pagar pra turma – até por que no time tem uns boleiros que se não tiver um bom premio não põe o pezinho.

De modo que o Santa Helena, fazendo esta semi e quem sabe até a final, é ótimo para o futebol. É maravilhoso um time do interior fazer uma campanha tão boa assim. Isso motiva outras cidades a tentarem o mesmo. Catalão e Itumbiara já conseguiram títulos e foi muito bom.  O “fantasma” tambem pode, porque não? 

Mas,  meu receio é de que os jogadores talvez não entendam que ainda não ganharam nada.Tem apenas uma vantagem e para que ela valha alguma coisa, tem que pelo menos empatar ou perder por no máximo dois gols de diferença. Se acontecer uma tragédia e o time for eliminado, seria terrível e jogaria fora todo trabalho que até agora foi muito bem executado.