Foto: Rodrigo Estrella/ Assessoria Aparecida

A Prefeitura de Aparecida de Goiânia entregou à população da cidade, nesta terça-feira (4), cinco dispositivos que transformam textos de qualquer superfície em áudio, oferecendo oportunidade à leitura e acesso à educação e ao mercado de trabalho. Os equipamentos são destinados as pessoas com deficiência visual e ficarão disponíveis na Biblioteca Pública Ursulino Tavares Leão, no Setor Vera Cruz, e três equipamentos ainda não tiveram os destinos confirmados pela Secretaria de Educação.

A ferramenta funciona com uma câmera intuitiva, que consegue ler e traduzir em áudio informações impressas em livros, jornais, revistas, placas de sinalização, mensagens no celular, cardápios de restaurantes, painéis e até cédulas de dinheiro (em real e dólar).

No final do mês de janeiro deste ano, o governo estadual também anunciou a aquisição de 51 equipamentos, como estes, para suporte aos 98 alunos deficientes visuais, integrantes da rede estadual de educação. O custo unitário de cada óculos foi de R$19 mil aos cofres públicos.

“É uma tecnologia de inclusão revolucionária que irá democratizar e promover a independência de pessoas com deficiência visual. A leitura é uma grande aliada para que os cidadãos tenham acesso à cultura, à educação, à vida social e, consequentemente, ao mercado de trabalho. E teremos isso em Aparecida à disposição da população”, disse o prefeito Gustavo Mendanha destacando que a Prefeitura foi a primeira gestão pública de Goiás a adquirir os dispositivos.

Ajuda nos trabalhos escolares

Matriculado no 9º ano do ensino fundamental, o adolescente João Lucas Moura, de 14 anos, será um dos alunos que utilizarão o equipamento durante as aulas na Escola Municipal Parque Santa Cecília. “Esse aparelho vai me ajudar muito principalmente na tabuada e nas tarefas de português. Agora eu vou ler muito”, garantiu o estudante.

Os aparelhos ficarão a serviço, inicialmente, dos alunos do 6º ao 9º do ensino fundamental nas Escolas Municipais Ari Caetano, Caraíbas, Francisco Rafael e Parque Santa Cecília. Monitores da Biblioteca Pública Municipal e professores dessas quatro unidades educacionais serão treinados hoje para orientar os usuários do equipamento.

A secretária municipal de Educação, Valéria Pettersen, informou que 15 alunos cegos estão matriculados na rede pública de Aparecida. Para ela, “esses óculos vão facilitar e ampliar o universo da leitura das crianças. E isso é muito bom, porque tem muitos livros que eles desejam ler que nem sempre tem os títulos disponíveis em braile.”

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Professor José Roberto de Souza: acesso do deficiente visual à informação (Foto: Wigor Vieira)

Como funciona?

A câmera inteligente, que fica acoplada à armação de qualquer par de óculos, lê textos em português e inglês. É um mecanismo moderno, de tecnologia israelense, programado para reconhecer pessoas e gêneros, rostos, cores e tonalidades. Com um simples gesto de girar o pulso, o equipamento informa ao usuário a data e hora. O mecanismo auxilia também pessoas com dislexia, déficit de leitura e de atenção, e hiperatividade.

Chamado de Orcam MyEye, o dispositivo dá ao usuário a possibilidade de controlar a velocidade, permitindo a leitura de 100 a 250 palavras por minuto. A voz, que soa discretamente no ouvido do usuário, também é configurável. Pode ser masculina ou feminina, e tem comandos para pausar, adiantar ou voltar a leitura. O equipamento funciona em qualquer lugar, já que não requer conexão com a internet.

Cenário

O Brasil tem uma população de 582 mil cegos e 6 milhões de pessoas com baixa visão, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Em todo o mundo há 250 milhões de pessoas com deficiência visual, conforme a Organização Mundial de Saúde.