Em 1992, grupos femininos negros de 32 países da América Latina e do Caribe se reuniram em Santo Domingo, na República Dominicana, para denunciar opressões e debater soluções na luta contra o racismo. Esse encontro ficou marcado na história e foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, que completou 28 anos no último sábado (25).

Em entrevista ao Manhã Sagres desta segunda-feira (27), a professora da Coordenação de Filosofia e Ciências Humanas do Instituto Federal de Educação de Goiás, Coordenadora do Núcleo de Estudos em Gênero, Raça e Africanidades do IFG e Presidente da Câmara Técnica de Enfrentamento ao Racismo e Diversidade Étnica do Conselho Estadual da Mulher, Janira Sodré, falou sobre a baixa representatividade das mulheres na política e sobre a literatura que ainda existe ao destacar o estereótipo dessas mulheres para a sociedade.

“Há uma representação caricatural pela mulher jovem como símbolo sexual ou pela mulher idosa como a cozinheira que alimenta todos”, afirma.

Há ainda, segundo Janira Sodré, uma invisibilidade para mulheres negras com grande influência na história e na literatura. A professora exemplifica Dandara dos Palmares, guerreira negra do período colonial do Brasil que tirou a própria vida após ser presa para não voltar a ser escrava. Dandara foi esposa de Zumbi dos Palmares.

Atualmente, o Brasil é uma das nações onde o movimento de mulheres negras tem avançado fortemente. “Nós temos grandes nomes brasileiros, e eu vou destacar Beatriz Petronilha, que foi conselheira federal e que pautou a Lei de Educação para a África. Ela já é aposentada, mas teve e tem um papel muito importante no cenário educacional”, lembra.

Outro nome de destaque é o de Sueli Carneiro. Filósofa, escritora e ativista antirracismo do movimento social negro no Brasil, ela fundou uma das ONGs mais importantes sobre mulheres negras no mundo, Geledés. Acompanhe a entrevista na íntegra