Unidade Oncológica de Anápolis (UOA) (Foto: ACCG/Divulgação)

Uma manifestação está marcada para esta quarta-feira (3) às 10h da manhã, em frente à Unidade Oncológica de Anápolis (UOA), a 55 quilômetros de Goiânia. O hospital trata de pacientes com câncer no município e atende a outras 70 localidades do estado, e é ligada à Associação de Combate ao Câncer (ACCG).

Uma familiar de uma paciente que faz tratamento no local, e que não quis se identificar, informou à Sagres 730 que teme que a unidade diminua a quantidade de atendimentos diários e semanais, ou até chegue a encerrar as atividades.

“O que nós ouvimos lá ontem (1º) é que a oncologista atende de 37 a 40 pessoas por dia, e eles querem reduzir para 20 por semana. E muitas pessoas que foram lá ontem foram mandadas de volta para casa. Pessoal de Rialma, Ceres, Crixás”, enumera. “A gente sabe que lá tem leitos suficientes para fazer quimioterapia, consultas disponíveis para fazer no dia mesmo em que o paciente chega lá, e estão mandando de volta para casa, procurar a Secretaria de Saúde, para poder agendar pelo SUS”, afirma.

Ainda na entrevista, a familiar de uma paciente da unidade afirmou à nossa reportagem que todas as consultas marcadas de terça-feira (2) até o final da semana foram desmarcadas. Outra preocupação é em relação à disponibilidade de medicamentos de alto custo, e que os pacientes acabam esperando mais do que deveriam, tendo em vista a urgência do tratamento do câncer.

Essa não é a primeira vez que a Unidade Oncológica de Anápolis (UOA) ganha destaque por conta de manifestações. Em novembro passado, dezenas de pessoas abraçaram o hospital pedindo a continuidade dos atendimentos.

Uma das questões que precisam ser resolvidas em relação à unidade é a portaria 874/2013 do Ministério da Saúde, que prevê que apenas estabelecimentos habilitados juntos à Pasta como Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacom) ou como Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon), como é o caso do Hospital Araújo Jorge (HAJ), referência na capital e no estado, podem realizar tratamento de pessoas com a doença.

A ACCG enviou nota à Sagres informando que entende que o protesto é “um movimento legítimo, pois trata-se de interesse vital para a população, não podendo assim impedir esse tipo de manifestação pública”.

Atendimentos

Ainda de acordo com a nota, a ACCG afirma que “não reduziu o atendimento e nem deixa de atender quem procura a unidade e precisa dessa assistência que prestamos há 25 anos. Acontece que, a partir de julho de 2018, a Secretaria Municipal de Saúde de Anápolis determinou que a UOA só poderia atender pacientes encaminhados pela própria secretaria e não mais diretamente, sem passar pela regulação. Desde então, ela, a SMS, tem diminuído sim o encaminhamento de pacientes para UOA. Soubemos recentemente que a SMS determinou que não encaminhará mais pacientes de quimioterapia para a UOA, quando, na verdade, atendíamos em média 45 pacientes por dia na Quimioterapia. Portanto, não fomos nós que reduzimos o número de pacientes, e sim a SMS que reduziu esta cota para a UOA”.

Quimioterapia e radioterapia

No documento, a ACCG informa ainda que a “UOA presta serviços de Radioterapia e Quimioterapia para os pacientes do SUS por meio de um contrato com a Fundação James Fanstone (Hospital Evangélico), pois não possui unidade de internação.

Fechamento da unidade

Na nota, a ACCG informa que “existe a possibilidade de fechamento, mas não por vontade e determinação da ACCG, mas sim por falta de encaminhamento de pacientes na quantidade habitual de funcionamento. É necessário manter a média de pacientes de 2017 e 2018 para garantir o funcionamento da unidade”.

Construção/extensão da unidade

“No momento a ACCG não dispõe de recursos para construir o hospital. Uma obra deste porte seria realizada de três a cinco anos”, conclui.

A reportagem não conseguiu contato com o Hospital Evangélico Goiano (HEG), conveniado com a Unidade Oncológica Mauá Cavalcante Sávio, nem com a Fundação James Fontane, mantenedora do HEG.

Secretaria Municipal de Saúde

Também por meio de nota, a Prefeitura de Anápolis, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, informou que “tem atuado como parceira da instituição, que reconhece a sua importância e a relevância do trabalho que desempenha, e que sempre esteve e está à disposição para buscar alternativas que garantam o seu bom funcionamento”. Na nota, a Pasta acrescenta ainda que “a demanda apresentada deve ser encaminhada à direção do Hospital Evangélico Goiano (HEG), unidade contratada pelo Ministério da Saúde em Anápolis para a realização dos serviços de oncologia.

Secretaria Municipal de Saúde

Em nota, a SES informa que o tratamento oncológico não é de responsabilidade dos Estados, mas das unidades de Saúde que se credenciam no Ministério da Saúde (MS) como referência para tratamento com esse perfil. O medicamento bevacizumabe, utilizado para tratamento de câncer de cólon e reto, está padronizado em protocolo do MS para tratar essas patologias, sendo a unidade que realiza o tratamento a responsável para o seu fornecimento. Para os pacientes que recebem o medicamento na Cmac Juarez Barbosa via judicial, o processo de compra está em andamento.

Medicamentos

A respeito da disponibilização de medicamentos de alto custo, como o Avastin, a ACCG informou que os remédios são fornecidos exclusivamente pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO). A reportagem aguarda resposta da Pasta.