Para o chefe da ONU, a corrupção tira dinheiro de hospitais, escolas, infraestrutura e outros serviços vitais. (ONU/Evan Schneider)

A Assembleia Geral da ONU reuniu-se nesta quarta-feira para comemorar o 15º aniversário da Convenção contra a Corrupção. O secretário-geral da ONU, António Guterres, discursou no evento do qual participou ainda o presidente da casa, Miroslav Lajcák.

Guterres afirmou que “uma sociedade não pode funcionar de forma equitativa e eficiente quando funcionários públicos, de médicos a policiais, juízes e políticos, enriquecem ilicitamente em vez de desempenhar as suas funções com integridade.”

Serviços vitais

O chefe da ONU foi claro sobre uma das consequências da corrupção: ela tira dinheiro de hospitais, escolas, infraestrutura e outros serviços vitais.

Para Guterres, a corrupção “prejudica o desenvolvimento econômico, sufoca o empreendedorismo e impede investimentos.”

Guterres afirmou que “o tráfico humano e o tráfico de migrantes, os fluxos financeiros ilícitos e o comércio ilegal de recursos naturais, armas, drogas e herança cultural são possíveis devido à corrupção.”

Conflitos

Estes crimes também dificultam o caminho para a paz e “alimentam o conflito” prejudicando a recuperação de países inteiros. 

Guterres ainda defendeu que este problema facilita a radicalização, porque “a falta de oportunidades para jovens mulheres e homens, muitas vezes exagerada em sociedades corruptas, pode alimentar as narrativas cínicas de terroristas e extremistas violentos.”

Já o presidente da Assembleia Geral, Miroslav Lajcák, afirmou que a corrupção pode ocorrer “em países pobres e ricos, em qualquer tipo de instituição, e ter impacto sobre qualquer pessoa.”

Para ele, “a corrupção causa destruição ampla, sufoca o crescimento e é maléfica para todos”.

Lajcák acredita que “a pior coisa sobre a corrupção é o seu poder de mesmo num pequeno incidente ter um efeito massivo” como uma pequena infecção que se alastra por todo o organismo.

Unodc

Um outro participante do encontro na Assembleia Geral, o diretor-executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, Yuri Fedotov, foi o último a discursar na sessão de abertura.

Fedotov explicou que a corrupção “permite muitos outros tipos de crimes” e, por isso, este documento está relacionado com a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, as Convenções sobre Drogas e os Instrumentos de Contraterrorismo. 

À margem da reunião na Assembleia Geral, o Unodc e o Banco Mundial organizaram um diálogo com o tema “Recuperação de bens roubados: obtendo progressos na cooperação internacional para devolver os lucros da corrupção.”