Quando o assunto é próstata, para muitos homens é difícil permanecer na conversa. Esse “deixa pra lá” tipicamente masculino deixa de ser algo corriqueiro quando passa a atrasar um possível diagnóstico, principalmente quando se está próximo dos 50 anos. Dentre os problemas de saúde que chegam com a idade, a hiperplasia prostática benigna (HPB) é um dos mais recorrentes.

Popularmente conhecida como “aumento de próstata”, a condição normalmente começa entre os 40 e os 45 anos de idade. Aos 50 anos, 50% dos homens, ou seja, metade, serão acometidos. Além disso, aos 70 anos, a proporção sobe para mais de 80%. O urologista Fernando Leão é especialista em doenças prostáticas. O médico explica que a HPB se manifesta em intensidades diferentes em cada paciente. “Alguns vão ter sintomas leves ou moderados, enquanto em outros as ocorrências são mais graves”, diz.

Entre os sintomas mais associados à HPB estão o aumento da frequência miccional noturna, isto é, vontade de urinar durante a noite, redução da força do jato de urina e sensação de não conseguir esvaziar completamente a bexiga. Ademais, alguns ainda sentem ardência ao urinar, o que é conhecido como disúria. Outros também podem ter hesitância miccional – quando precisam esperar alguns segundos para começar a urinar.

É comum que homens evitem procurar um médico por medo das possíveis consequências dos tratamentos de próstata (Foto: Freepik)

Medo de impotência e desinformação

De acordo com Fernando Leão, mesmo sofrendo com esses sintomas, é comum que homens evitem procurar um médico por medo das possíveis consequências dos tratamentos de próstata.

“A resistência maior em procurar um médico logo no início é porque tudo que se fala relacionado à próstata, os pacientes já entendem que qualquer tratamento vai ter um risco elevado de impotência sexual e de incontinência urinária. Mas não é bem assim mais. Isso já mudou. O tratamento da HPB raramente vai levar a essas sequelas, ao contrário do que acontece com o câncer de próstata, que é a doença maligna”, explica.

O especialista diz que, de fato, o tratamento cirúrgico para o câncer traz risco de impotência e de incontinência urinária. Porém, mesmo estes atualmente são menores do que os tratamentos utilizados há alguns anos, o que muitos ainda não levam em conta. “Essa desinformação faz com que o paciente demore ou postergue sua ida a um urologista para se tratar de forma correta”, comenta.

O atraso na busca por reabilitação pode trazer consequências sérias. Entre elas quadros de insuficiência renal aguda, formação de pedras na bexiga e infecções urinárias de repetição, que podem levar à morte. Tudo isso sem contar a piora na qualidade de vida, que se manifesta por meio das noites mal dormidas devido às idas repetidas ao banheiro, acarretando indisposição e irritabilidade no dia a dia.

Nova tecnologia

Dentre as diversas técnicas para o tratamento da HPB, como a cirurgia a laser e a ressecção transuretral, uma tem se destacado por ser menos complexa, proporcionar recuperação mais rápida e, ainda, trazer menos riscos à vida sexual.

Com uso aprovado no Brasil em 2023, a tecnologia Rezum está disponível no exterior desde 2015. A técnica, considerada minimamente invasiva, consiste na liberação de doses controladas de vapor d’água na próstata por meio de um catéter inserido na próstata. O resultado é a destruição térmica do tecido prostático e, consequentemente, a melhora no fluxo urinário e o alívio de desconfortos.

Fernando Leão destaca que, assim como os demais tratamentos, o Rezum não traz riscos de impotência sexual ou de incontinência urinária, mas apresenta vantagens relevantes.

Próstata antes, durante e depois do tratamento com a tecnologia Rezum (Imagem: Rezum)

“O Rezum tem dois diferenciais importantes. É uma cirurgia realizada a nível ambulatorial, com sedação a porte anestésico menor. Não há necessidade de internação. A segunda vantagem é poder preservar a ejaculação em cerca de 80% dos casos. As demais técnicas têm índices de no máximo 40 a 50%”, explica Leão.

Desta forma, conforme o especialista, o tempo em que as terapias para problemas da próstata provocavam pavor nos homens pode estar perto de acabar. “As técnicas modernas, como o Rezum, têm oferecido uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes e apresentado resultados excelentes. A perspectiva é que os homens ganhem mais confiança e percebam que esses tratamentos não são nenhum bicho de sete cabeças”, conclui.

Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 03 – Saúde e Bem-Estar.

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