Tomate, batata, pepino, laranja… a dona Berenice Pereira da Silva encheu o baú da sua “motinha” – que serve para carregar objetos, e neste caso, frutas e legumes. Ela, assim como outras milhares de pessoas, são beneficiadas pelo Banco de Alimentos, que funciona na CEASA – Centrais de Abastecimento de Goiás.

Criado em 2006, desde de 2019 sob a administração da OVG – Organização das Voluntárias de Goiás – o Banco de Alimentos ajuda a combater o desperdício e a fome, em uma ação que vai ao encontro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS).

“Em 2006, quando foi criado o banco de alimentos, a intenção foi justamente para conter o desperdício, já que são produtos perecíveis. O desperdício antes do banco de alimentos era estimado em até 2% e depois do banco, isso foi reduzido consideravelmente”, relatou o diretor técnico da CEASA, Josué Lopes Siqueira, que ainda acrescentou que há envolvimento dos grandes e pequenos produtores da CEASA no combate ao desperdício.

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De acordo com a gestora de ações sociais da OVG, Jeane Abdala, atualmente são mais de 160 entidades sociais e cerca de 2 mil famílias que recebem mensalmente os alimentos. Os cadastros podem ser feito na sede do Banco de Alimentos na CEASA ou então pelo site da OVG.

“Estamos falando de quase 4,6 milhões de quilos de alimentos doados desde 2019. O Banco de Alimentos é uma grande estratégia de redução de desperdício e combate à fome. Não é burocrático para se cadastrar. Temos uma equipe do serviço social que acompanha esse cadastramento e todas as informações e, no caso das entidades sociais, as ações que são realizadas”, detalhou a gestora.

Mix do Bem

As doações atendem famílias de Goiânia e região metropolitana. Já o Nutri Bem, que reúne três alimentos diferentes, chega em 170 municípios do estado. Assim como as frutas e verduras, também pode ser retirado no Banco de Alimentos.

“São três itens. O Mix do Bem, as frutas desidratadas e os alimentos minimamente processados. Nós também alcançamos assentamentos, comunidades quilombolas, que são locais de difícil acesso. É um alimento que tem uma composição importante que representa 10 refeições, destacou Jeane Abdala.

Entre as várias famílias que fazem uso do Nutri Bem, está a da Maria Luzia Brito. A dona de casa disse que transforma o arroz especial (Mix do Bem) em uma sopinha para a netinha Laura.

“Quando tem uma carninha moída, coloco junto e faço uma sopinha pra minha netinha, a Laurinha, que também gosta com um pouquinho de macarrão. Ela come tudo e sempre pede a “sopinha do bem”.

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Economia

Além de evitar o desperdício de alimentos que seriam descartados e ainda ajudar a combater a fome, as doações do Banco de Alimentos também servem para ajudar no “bolso”. Por isso o exemplo da dona Berenice. Ela saiu de Senador Canedo bem cedinho, “fez a feira” e economizou, assim como outras famílias.

“Na minha casa sou eu e mais três filhas. faço uma economia de uns R$ 300, até mais”, revelou a Berenice, que trabalha como empregada doméstica.

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Repense

Esta reportagem integra a série Repense desenvolvida pelo Sistema Sagres de Comunicação com o apoio da Fundação Pró Cerrado. Ao longo de 12 episódios vamos aprofundar sobre temas relativos ao combate à fome e formas alternativas de produção de alimentos, ligados ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 02 da Organização das Nações Unidas (ONU), que é “Fome Zero e Agricultura Sustentável.

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