A lambança vista na primeira rodada do Campeonato Brasileiro foi uma tragédia anunciada. Quando a CBF oficializou que todos os exames para a testagem obrigatória seriam feitos em um só lugar, o Albert Einstein, em São Paulo, elogiei o protocolo e critiquei a centralização das testagens.

Quando ocorreu o erro do próprio laboratório, ao anunciar, por ocasião dos jogos das quartas de final do Campeonato Paulista, que 18 jogadores do Bragantino testaram positivo e o Clube desconfiou, refez os exames em outra unidade, onde ficou provado que houve o erro, voltei a sugerir que houvesse a descentralização para os exames e nesta oportunidade sugeri duas alternativas: dar ao clube o direito de escolher o local para realizar a testagem, ou credenciar pelos menos dois laboratórios por cidade onde houver mais de um clube disputado uma das séries da Brasileirão, sendo que nas cidades em que este número supera quatro equipes, que fossem credenciados um número maior de unidades.

Minha preocupação era com o que foi visto na primeira rodada das disputas, ou seja, o Albert Einstein, com excesso de testagem, não entregar o resultado em tempo hábil e jogadores viajarem contaminados, ou clubes ficarem sabendo em cima da hora do jogo e não terem time para colocar em campo. Foi exatamente o que aconteceu com os dois clubes goianos envolvidos na primeiras rodada do Brasileiro, o Vila Nova na Série C e o Goiás na Série A (o Atlético só joga a partir da segunda rodada, em função da presença do Corinthians na final do Campeonato Paulista).

O Vila Nova viajou na quinta-feira (6) para Manaus, onde estreou na Série C, contra o Manaus, no sábado (8) à noite, no jogo que terminou 1×1. Os resultados dos exames ao foram concluídos na manhã do dia da estreia. Na madrugada o Clube foi comunicado que o zagueiro Adalberto havia testado positivo e que ainda restavam oito testagens paga serem concluídas.

Na manhã os exames foram concluídos, com mais uma testagem positiva. Resumindo, dois jogadores entraram em um avião lotado, viajaram sem observar a distância recomendada pelas autoridades de saúde de 1,5 metro, colocaram em risco o restante do elenco, os passageiros do avião e outras pessoas com que tiveram contato na logística dos deslocamentos e hospedagem, e o técnico Bolívar só soube que poderia contar com 10 dos 11 titulares do seu time, na manhã do jogo.

Ato contínuo, o Albert Einstein também atrasou a liberação dos resultados das testagens feitas no elenco do Goiás e no domingo (9), dia do jogo, quando o resultado saiu, o Goiás soube que 10 dos 23 convocados para a partida estavam com o coronavírus, ou seja, tinha 11 jogadores para colocar em campo e dois para compor o banco de reserva.

O Goiás entrou com um pedido na Justiça Desportiva e quando seu adversário, o São Paulo, que saiu lá da capital paulista, na sexta-feira (7) para cumprir o calendário em Goiânia, já estava em campo, o STJD concedeu a luminar adiando o jogo. O São Paulo ficou chateado, e com razão, e o Goiás teve um prejuízo superior a R$ 1 milhão pela desorganização do laboratório.

Levando em consideração que tudo isto ocorreu na primeira rodada, imagina então o que pode vir na sequência da competição com mais 37 rodadas?

A CBF precisa rever esta questão e adotar outra postura em relação ao credenciamento de laboratórios para realizar a testagem. O ideal é que se dê a cada clube condições para indicar o laboratório da sua preferência e emitir para o mesmo o padrão exigido para os exames, tornando a unidade credenciada: havendo erro nas testagens, o laboratório seria punido.