Senador Jorge Kajuru promete abrir a “caixa preta” da CBF (Foto: Jordana Agatha/Sagres 730)

A bancada da bola e a CBF vão ter um ferrenho adversário a partir de janeiro. Recém-eleito senador pelo PRP, Jorge Kajuru promete organizar um forte grupo, principalmente no Senado, para tentar revolucionar o futebol brasileiro. Um dos focos vai ser a prisão de Ricardo Teixeira e Marco Polo del Nero, dois ex-presidentes que renunciaram após denúncias por corrupção. Para isso, Kajuru disse que está em busca de um “Sérgio Moro”.

“Eu vou entrar no Senado com a missão de ser um aglutinador para acabar com a Bancada da Bola. Vou acionar o Ministério Público Federal, ministro da Justiça, o Supremo Tribunal Federal e quem mais eu puder. Não vou desistir. Vou descobrir o Sérgio Moro do futebol para colocar um fim nessa máfia da CBF, assim como encontrei o Mário Lúcio Avelar – procurador federal – que conseguiu desmascarar o Marconi (Perillo, ex-governador de Goiás)”, garantiu o político ao blog.

Segundo Kajuru, alguns políticos já estão no projeto. Os principais nomes são Romário (RJ), Leila (ex-jogadora de vôlei e eleita como senadora pelo Distrito Federal), Randolfe Rodrigues (AP) e José Reguffe (DF).

Há dois anos, Romário foi o relator da CPI do Futebol. Em um documento com mais de mil páginas, embora o texto oficial tenha sido reduzido para 400, Romário pediu o indiciamento de Ricardo Teixeira, Marco Polo del Nero, José Maria Marin (preso nos Estados Unidos), Gustavo Dantas Feijó, Marcus Vicente, Carlos Eugênio Lopes, Antônio Osório Ribeiro Lopes, José Hawilla (falecido) e Kleber Leite.

Apesar do robusto relatório, Romário não conseguiu avançar na questão. Com exceção de Marin, preso nos Estados Unidos pela justiça internacional, e José Hawilla, que faleceu, todos os dirigentes estão livres.

“O Romário errou o tiro. Ele fez um belo trabalho, um relatório muito correto e com todas as provas de corrupção. Mas procurou tratar na política e com a Fifa. Não funciona assim. Tem de descobrir os caras certos do Ministério Público, do STF, da Justiça. Tem de descobrir o Moro do futebol. Eu quero unir todas as forças para desmascarar a CBF. Vamos unir e fazer uma fiscalização total. Eu quero abrir a caixa preta da CBF”, prometeu.

Além de convocar Leila e Romário, Jorge Kajuru também quer o apoio de outras pessoas ligadas ao esporte. A ideia do senador é construir uma comissão voluntária, que seria formada pelos ex-jogadores Zico e Neto e com os jornalistas José Luiz Datena, João Carlos Albuquerque e José Trajano.

A eleição de Kajuru para o Senado acontece no momento de maior fragilidade política da CBF. Além da prisão do ex-presidente José Maria Marin, que cumpre pena nos Estados Unidos, a confederação viu a renúncia dos dois últimos mandatários por denúncias por corrupção: Ricardo Teixeira (1989 até 2012) e Marco Polo del Nero (2014 até 2015).

Embora não esteja no comando, a dupla ainda tem forte influência nos bastidores da entidade e conseguiu a mobilização necessária para eleger Rogério Caboclo, que assume a presidência no próximo ano.

As várias denúncias de corrupção da CBF também refletiram nas últimas eleições. Nomes tradicionais da Bancada da Bola, o senador Sarney Filho e os deputados Marcus Vicente, Jovair Arantes e Vicente Cândido não foram reeleitos e deixam o poder ao final deste ano.

Sem a velha guarda da política, o grupo que comanda o futebol brasileiro já tem alguns nomes como substitutos e que estarão à frente da pasta em Brasília. O principal é Marcelo Aro, diretor de relações institucionais da CBF e também deputado federal por Minas Gerais. Apesar de ser do mesmo partido de Aro e de ter Castelar Neto – ex-presidente da Federação Mineira de Futebol -, como suplente, o senador Carlos Viana garante que não integrará a bancada da bola . De Goiás, o deputado federal professor Alcides pode se incorporar ao grupo.

Sobre ter Marcelo Aro como adversário político na cruzada com a CBF, Kajuru foi enfático.

“Se eu perder o debate para este Marcelo Aro, eu posso parar. Se eu não ganhar dele no debate, eu não ganho de ninguém. A CBF nunca esteve tão fragilizada como atualmente”, disse o senador, que também não acredita em renovação na CBF, com a vitória de Rogério Caboclo como novo presidente.