O período de estiagem no Brasil é previsível porque ocorre todo ano na mesma época. No entanto, apesar do fato ser conhecido, anualmente diversos municípios precisam de um plano de racionamento de água. Uma saída para a segurança hídrica do país seria a utilização das águas subterrâneas, mas apenas 18% dos municípios brasileiros têm essa fonte como principal meio de abastecimento.
Comparado com outros países, o percentual que o Brasil utiliza é muito baixo. A Europa inteira aproveita 65% dessa fonte para o seu abastecimento. Na Dinamarca, por exemplo, o percentual utilizado é de 100%. É possível entender a posição do Brasil ao observar a distribuição da água doce no planeta.
A Terra possui uma grande quantidade de água, mas a maior parte dela é salgada e se encontra nos oceanos. E apenas 2,5% de toda essa água é doce, mas 69% desse percentual está concentrado nas geleiras. Do total de água doce líquida disponível para consumo, 97% são águas subterrâneas.
O Brasil, diferente de outras nações, possui muitos rios somando 12% das reservas de água doce do planeta e não busca com prioridade os recursos hídricos subterrâneos. Entretanto, especialistas apontam que o que para outros países é necessidade de abastecimento, para o Brasil poderia ser a garantia de segurança hídrica no período de estiagem.
O plano é defendido por Ricardo Hirata, professor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP). “As estiagens são previsíveis. Cada vez mais, sabemos quando e onde vão ocorrer. O que temos de fazer é nos preparar, investindo em infraestrutura e gestão para que a estiagem não vire crise hídrica”.
Crise hídrica
As águas subterrâneas podem solucionar a crise hídrica durante o período de estiagem. Ricardo Hirata destaca que a escassez será mais frequente devido às mudanças climáticas que afetam o ciclo das chuvas e aponta a necessidade de construir sistemas mistos de abastecimento.
“Aquíferos são grandes caixas d’água que a natureza nos deu e devemos utilizar de forma apropriada. Eles podem receber pequenos ingressos de água, mas ficar vários anos sem receber e não haverá problema”, destacou.
O uso adequado da água e a disponibilidade para todos é a meta número 6 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).
Como o país passa anualmente por um período de seca, o especialista acrescenta que diversificar as fontes do recurso hídrico é uma das formas de prevenir racionamentos e crises hídricas.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), com a presença do 06 – Água limpa e saneamento.
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