Um estudo inédito, iniciativa da Plataforma de Ação pela Água e Oceano do Pacto Global, mostra que o litoral brasileiro tem quase 600 “portas de entrada” por onde resíduos plásticos podem chegar aos oceanos. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (1º), em Paris, em um evento da ONU que discute o fim da poluição plástica no mundo.

Segundo estudo – disponível na ferramenta do Blue Keepers – foram identificados resíduos em beira de rios, manguezais e orlas de praia. Os rios Amazonas, São Francisco, Bacia do Rio da Prata e a Baía de Guanabara são pontos críticos. Juntos recebem mais de 1,5 milhão de toneladas de resíduos plásticos por ano, que consequentemente vão para o oceano

Números detalhados

Rio Amazonas – 158 mil toneladas/ano

Baía de Guanabara – 216 mil toneladas/ano

Rio São Francisco – 231 mil toneladas/ano

Bacia do Rio da Prata – 1 milhão de toneladas/ano

“A bacia do Rio Amazonas, drena uma quantidade muito grande. é uma região muito grande, muito extensa. Estamos falando de toda região norte sendo drenada pelo mesmo sistema fluvial. Já o Rio São Francisco, é uma área com poucos recursos, uma área pobre, cujos os municípios não tem muitos recursos para tratamento de resíduos”, ponderou Luis Américo Conti, professor de ciências da Terra, da USP, em reportagem veiculada pela Rede Globo.

Indicadores de risco

O estudo também traz indicadores de risco que mostram quantos municípios brasileiros tratam corretamente o plástico, quanto disso vai para rios e mares, além de detalhar como todo esse lixo chega aos oceanos.

“A quantidade de lixo plástico que vai chegar ao oceano, vai depender da população que tá produzindo o lixo. Cidades mais populosas tendem a produzir uma quantidade muito grande de resíduos. Então, quanto mais perto essa cidade está do oceano, não de forma linear, mas o rio que drena essa cidade, o quanto ele tem de correr pra chegar no oceano. As cidades costeiras têm um riso muito maior desse plástico que escapa ao meio ambiente, chegar no oceano”, completou Luis Américo.

“Quando a gente tem uma cidade ou bairro que tem problemas com o sistema de drenagem, que não consegue fazer a drenagem, a coleta seletiva ou uma barreira dos resíduos, isso tudo oferece riscos, inclusive de saúde pública”, explicou Rubens Filho, gerente de água e oceano do Pacto Global da ONU.

Solução

Na mesma reportagem, Rubens Filho, destacou que o estudo também indica soluções, que devem partir de uma parceria do poder público, setor produtivo e o consumidor.

“A gente precisa passar pelas políticas públicas, depois passar pelo setor produtivo, além do consumidor ter a consciência de que ele tem uma reponsabilidade final muito grande no descarte desses resíduos que vão para os mares”.

Consulta

A ferramenta online pública, que mapeia os pontos críticos de escape de resíduos plásticos por todo o Brasil, sua probabilidade de trânsito nas bacias hidrográficas, e o risco de chegar ao oceano será oficialmente lançada em web que antecede o Dia Mundial do Oceano, comemorado em 8 de junho.

Essa reportagem contempla os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU – ODS 6: água limpa e saneamento; ODS 14: vida na água.

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