Cartão-postal: Estação Ferroviária abriu Goiânia para o Brasil

A Estação Ferroviária de Goiânia é um dos lugares mais belos da cidade. A sua longa esplanada convida para uma viagem pela arquitetura da construção, assim como pela história da capital. O local teve e ainda tem muita importância para a cidade e hoje é um belo cartão-postal.

A estação de Goiânia é a maior da Estrada de Ferro Goiás, no estado de Goiás, e perde em tamanho apenas para a estação de Araguari, que fica em Minas Gerais. Não há data precisa de sua inauguração. 

Há referências históricas que indicam a data de 7 de setembro de 1950 para a inauguração de todas as estações do trecho Leopoldo de Bulhões – Goiânia. No entanto, as datas mais prováveis para a implementação da Estação de Goiânia são em 1953 e 1954, sem festa de inauguração e sem alarde. 

A Estação Ferroviária de Goiânia foi por muitos anos a principal porta da cidade. Por ali chegavam e saíam pessoas da nova capital. O prédio em estilo Art Déco chama atenção de longe, principalmente com os traços marcantes de sua torre.

(Foto: Luísa Gomes)

Chegada

Inicialmente, a Estrada de Ferro Goiás deveria atingir a antiga capital e depois chegar até as margens do Rio Araguaia. No entanto, com a construção de Goiânia, os planos foram alterados e, no trajeto inicial, o marco final foi a cidade de Anápolis, em 1935. 

Desde então, foram várias discussões até que ficou decidido pela construção de um ramal partindo de Leopoldo de Bulhões até Goiânia, numa distância aproximada de 90 km. A partir daí surgiram cidades como Bonfinópolis (chamada inicialmente de 36, em virtude da quilometragem) e Senador Canedo.

O trecho entre Bulhões e Goiânia é um dos mais bonitos da antiga E.F.G, passando por diferentes tipos de vegetação do cerrado e túneis naturais formados pelos topos das árvores. O trecho começou a ser construído no início da década de 1940, mas com muitas dificuldades técnicas.

Em Goiânia, as doações para a construção da Estação Ferroviária, Armazém e Pátios datam de 1947. O Pólo Ferroviário de Goiânia alcançou maior expressividade na gestão do então capitão do exército, Mauro Borges Teixeira, filho de Pedro Ludovico Teixeira. Ele foi nomeado para o cargo em 21 de fevereiro de 1951 e ficou até 1954. Sua gestão colaborou para torná-lo governador em 1961.

Mauro transferiu a sede da Estrada de Ferro Goiás de Araguari para Goiânia. O parque ferroviário foi modernizado e os funcionários passaram a ter uma melhor condição de trabalho. A Estação e a ferrovia criaram laços com Goiânia.

No dia 19 de maio de 1950, às 11h, chegaram os últimos metros de trilhos na área da futura estação ferroviária. Às 12h45 daquele dia, o trem pela primeira vez apitou em Goiânia. 

Era uma pequena composição trazendo operários e uma comitiva, entre os componentes o governador Jerônimo Coimbra Bueno. O evento foi transmitido pela Rádio Clube de Goiânia (Razão Social do Sistema Sagres) e pela Rádio Brasil Central. 

A estação ainda estava em fase de construção em 1953 e em 1954 provavelmente começou o seu funcionamento, mas sem nenhum alarde. 

(Foto: Luísa Gomes)

Decadência

Aos poucos, os laços foram cortados. Primeiro com a erradicação do trecho ferroviário entre a estação de Campinas (Vila Abajá) até a estação central, já na década de 1970. Na década seguinte, o golpe foi maior, com o fim do transporte de passageiros e a erradicação do trecho central, com a retirada dos trilhos e construção da nova rodoviária de Goiânia, retirando praticamente todo o complexo ferroviário.

A Estação Ferroviária de Goiânia é um dos poucos símbolos ferroviários que permanecem de pé, após décadas no meio da cidade. Trens ainda chegam em Goiânia, nos dias atuais, mas de forma tímida, até o Terminal de Combustíveis do Jardim Novo Mundo. Apenas carregamentos de carga, vindos de Brasília, Anápolis e Catalão, com direção ao Porto de Santos.

Monumento ao Trabalhador

A praça onde está a belíssima e imponente Estação Ferroviária de Goiânia foi inicialmente nomeada de Praça Americano do Brasil, em homenagem ao escritor e médico que fez parte da história de Goiás.

Até o final de 1950, a praça era apenas um espaço amplo, em frente à Antiga Estação Ferroviária. Entretanto, em 1959, a instalação do Monumento ao Trabalhador no local fez com que a praça fosse refeita, com novos traços de urbanização e paisagismo. A construção aconteceu no governo de José Feliciano Ferreira e do prefeito Jaime Câmara.

Os sindicatos passaram a fazer ali reuniões, assembleias e manifestações, principalmente nos dias 1º de Maio. Com o tempo, criou-se o hábito de chamar o local de Praça do Trabalhador, já que ali também era o ponto final das linhas de ônibus da cidade e abrigava a Estação Ferroviária, o que, consequentemente, aumentava a circulação de trabalhadores. 

O Monumento ao Trabalhador surgiu de reivindicações de vários sindicatos trabalhistas que desejavam que Goiânia possuísse algum monumento que homenageasse os trabalhadores.

O monumento era formado por dois cavaletes, cada um composto por oito colunas de sete metros de altura que emergiam de dois espelhos d’água. Em cada cavalete foi instalado um painel em semicírculo, de 1,5 metro de altura por 12 metros de comprimento.

Durante a ditadura militar a simbologia da praça aparentemente passou a incomodar e o monumento passou a sofrer com depredação por motivos políticos e ideológicos. Os resquícios do monumento foram retirados no mandato tampão de Joaquim Roriz (1987-1988).

(Foto: Luísa Gomes)

Tombamento

O edifício da antiga Estação Ferroviária em Goiânia, devido ao seu valor histórico, cultural e arquitetônico é tombando em três níveis: Federal, Estadual e Municipal, mas o tombamento não contempla o traçado viário em toda a sua volta. Por isso, a Praça onde se insere a Estação já sofreu muitas intervenções e mudanças. 

A área de inserção do Edifício da antiga Estação Ferroviária de Goiânia, possui uma delimitação do perímetro em torno do bem tombado, uma subárea de ambientação, e uma subárea com restrições de ocupação, o que permite as diversas alterações do entorno imediato da Estação. 

A praça teve um monumento em formato circular e espelho d´água, em homenagem ao trabalhador. E a última intervenção foi em 2019.

A área de restrição de ocupação é composta pela Rodoviária, por espaços comerciais e a Feira da 44 que ocupa aproximadamente 1/3 da área laranja e fica tomada por tendas azuis, cor padrão da cobertura dos camelôs. 

Em Goiânia, a Estação Ferroviária funciona atualmente como sede de órgãos da Prefeitura e espaço de exposições. Ela se apresenta como um dos principais cartões-postais da cidade.

(Foto: Luísa Gomes)

Goiânia 90 lugares

Goiânia faz 90 anos em 24 de outubro. Por isso, o Sistema Sagres de Comunicação, com apoio da Prefeitura de Goiânia elaborou um guia de 90 locais a serem conhecidos por você que é goianiense, que mora na capital ou que está de passagem por aqui. Esta é a campanha “Goiânia 90 Lugares”.

A produção inclui 90 reportagens em texto e fotos de lugares marcantes da cidade, 30 vídeos, um mapa e uma página especial. A campanha conta ainda com entrevistas especiais sobre a construção, estrutura e futuro da nossa capital.

As ações tem coordenação de Rubens Salomão, com pesquisa e textos de Samuel Straioto, Arthur Barcelos e Rubens Salomão. Imagens e edição de Lucas Xavier, além das reportagens em vídeo de Ananda Leonel, João Vitor Simões, Rubens Salomão e Wendell Pasqueto. A coordenação do digital é de Gabriel Hamon. Coordenação de projetos é de Laila Melo.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade; ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis

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