Os casos de contaminação pelo novo coronavírus cresceram 46,7% na última semana em Goiás. No domingo (24) havia 2.443 registros de covid-19 contra 3.585 confirmados neste sábado (30). Esse crescimento é superior ao registrado na semana anterior, que foi de 40% e coincide com a redução do isolamento social. Goiás chegou a registrar uma das mais altas taxas de distanciamento no início da quarenta determinada pelo governo estadual, em 19 de março. No entanto, de acordo com informações da empresa In Loco, que registra a movimentação da população pelos dados de celular, o Estado foi o último colocado no ranking nacional na última semana.

Em entrevista à Sagres 730 nesta segunda-feira, a superintendente da Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde de Goiás, Flúvia Amorim, informou que a taxa de ocupação dos leitos chegou a 70% neste fim de semana. Segundo ela, o Estado conseguiu manter uma taxa de ocupação em torno de 30% dos leitos por um bom tempo, mas isso mudou em especial na última semana.

Flúvia mostrou particularmente preocupada com o aumento de casos a partir da quinta-feira (28): foram 605 registros novos até este domingo (31). Na manhã desta segunda-feira (1º) o Painel da Covid da SES já registrava 3.850 casos confirmados (4% a mais do que o número de domingo). Já foram confirmadas 124 mortes pela covid no Estado. Em função disso, a SES afirma que a taxa de isolamento médio devia voltar a 50%. No entanto, os números da In Loco mostram que isso será muito difícil.

Goiás atingiu isolamento de 50% pela última vez em 19 de abril, quando o governo publicou seu terceiro decreto mantendo o funcionamento dos setores essenciais, mas liberando a abertura de igrejas, barbearias e salões de beleza. Desde esse dia o isolamento vem diminuindo. Na sexta-feira (29), último dia útil da semana, Goiás registrou taxa de 34,8% de distanciamento, a menor taxa desde o início da quarenta.

Neste domingo, dia em que boa parte da população pode ficar em casa, esse índice foi de apenas 44,5%. Com isso, Goiás continuou em último lugar no ranking nacional, atrás de Tocantins (46,03%), de Mato Grosso do Sul (46,76%) e de Mato Grosso (46,76%). Amapá (56,05%) e Acre (54,5%) foram os primeiros colocados.

Goiás também registrou aumento das internações de casos confirmados e de suspeitos, tanto em leitos comuns quanto em UTIs. No início da semana passada havia 155 hospitalizadas em Goiás, contra 219 nesta segunda-feira: 126 em leitos de enfermaria e 93 em leitos de UTI, de acordo com o Painel da Covid.

O crescimento de casos na semana passada ocorreu paralelamente com dois fatos preocupantes. De um lado a prefeitura de Goiânia decidiu flexibilizar o funcionamento de imobiliárias, mercados e autorizar a volta dos treinos de futebol e de outro a Universidade Federal de Goiás (UFG) divulgou a 3ª Nota Técnica prevendo crescimento de casos, internações e mortes pelo novo coronavírus.

O estudo produzido pelo Grupo de Modelagem da Expansão da Covi-19 da UFG foi divulgado na quinta-feira (28) durante uma live liderada pelo governador Ronaldo Caiado (DEM), com a participação dos presidentes dos demais poderes e de representantes dos empresários. Essa nota técnica avaliou três cenários. O cenário azul com previsão de isolamento entre 50% a 55% (verificado entre os dias 23 a 29 de março); o cenário verde, com isolamento de 38,29% (até o dia 22 de maio); e o cenário vermelho com distanciamento de 37,91% (índice verificado a partir de 22 de maio).

De acordo com o estudo dos professores Cristiana Toscano, José Alexandre Felizola Diniz Filho e Thiago Rangel, a taxa de contaminação em Goiás, conhecida como fator R (que indica quantas pessoas podem ser contaminadas por uma única pessoa com o vírus) caiu no início de abril, mas voltou a crescer na última semana desse mês. Por esta simulação, a UFG estima que até o dia 22 de maio, 136.203 pessoas já podem ter sido infectadas pelo SAR-CoV-2 em Goiás, o que significa 1,94% da população goiana (estimada em 7,017 milhões de pessoas).

O documento estima para Goiás entre 129 a 162 mortes por dia até o fim de julho se o isolamento social não voltar aos patamares de 50%. Segundo o documento, o pico da pandemia ocorrerá apenas no fim de julho, com previsão de 5.360 mortes. No estudo anterior, o pico da doença em Goiás estava previsto para maio, mas com a redução do isolamento esse prazo mudou. “Essa meta é móvel, pois depende do distanciamento social”, explicou a professora e epidemiologista Cristiane Toscano em entrevista à Sagres 730 na quarta-feira (27).

Cenário Azul

Cenário Verde

Cenário Vermelho

Leitos clínicos

235 – 288

Leitos clínicos

3.534 – 3.778

Leitos clínicos

4.415 – 5.144

Leitos UTI

53 – 75

Leitos UTI

817 – 881

Leitos UTI

1.119 – 1.257

Número de óbitos

634 – 839

Número de óbitos

3.443 – 4.054

Número de óbitos

5.360 – 5.938

Fonte: 3ª Nota Técnica do Grupo de Modelagem da Expansão da Covid-19 da UFG

A UFG prevê também falta de leitos hospitalares clínicos e de UTI. (veja na tabela). A nota também mostrou o acerto das estimativas feitas pela primeira e segundas notas técnicas. O grupo estimou que em 22 de abril haveria 20 mortes no Estado, número que se confirmou dois dias antes, em 20 de abril. De acordo com a mesma estimativa, seriam registradas 50 mortes em 10 de maio, o que aconteceu dois dias depois, em 12 de maio. Por fim, houve previsão de que a 100ª morte ocorreria em 26 de maio, o que que efetivamente aconteceu.