Cidades brasileiras compartilham boas práticas para a ação climática

Troca de matriz energética, opção por lâmpadas mais eficazes e econômicas, e investimentos em programas de energia solar são algumas das boas práticas para a ação climática compartilhadas por cidades e estados brasileiros durante a realização do XXVIII Encontro Nacional do Fórum dos Secretários de Meio Ambiente das Capitais – CB27 e do 2º Encontro Nacional da rede global Governos Locais pela Sustentabilidade (Iclei) Brasil.

O evento marcou a semana do Meio Ambiente em Palmas, capital do Tocantins, e contou com a presença de gestores de meio ambiente de todo o país, entre eles, o secretário de Meio Ambiente de Campinas, Rogério Menezes. 

“Nós estamos com as cidades mais importantes que estão liderando a transição energética, investindo em energia solar fotovoltaica, em redução de gasto com energia através da troca das lâmpadas defasadas por lâmpadas LED, uma série de tendências que estão se concretizando”, afirmou. 

O gestor explica que é importante que a sociedade entenda a importância da iniciativa e o senso de urgência em tomar atitudes em prol de cidades mais sustentáveis. Campinas ocupa hoje o lugar 64 no IDSC – Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Brasil.  

“A agenda ambiental 30 anos atrás era o sonho, no futuro. Hoje não, a mudança climática está no presente, está causando grandes estragos e muitas mortes, e precisa de uma resposta imediata do poder público local. Se você explicar: ‘olha eu estou economizando dinheiro trocando lâmpada, eu estou fazendo parques lineares, e áreas que antes inundavam, não estão inundando. Eu estou fazendo a adaptação para as mudanças que já estão acontecendo, fica muito mais fácil do cidadão abraçar essa causa, e da própria sociedade impulsionar essa transição energética essa mudança de cidades insustentáveis, sem inclusão social, sem uma economia que respeite e recupere o meio ambiente”, explicou.  

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Região amazônica

Programa Palmas Solar é referência em troca de matriz energética – Foto Lia Mara/Secom Palmas – TO

Para elaborar sobre as boas práticas, o secretário de Meio Ambiente de Campinas citou duas cidades da região amazônica oriental, ambas lideradas por mulheres, e que participaram das discussões na COP 27, no Egito – Palmas e Abaetetuba, cidade de pouco mais de 150 mil habitantes no Pará.  

“Aqui de Palmas vai sair a liderança de estar implementando projetos nessa área. As cidades que vêm falar, elas estão fazendo a diferença, estão transformando sua matriz energética e reformulando todo o planejamento urbano com parques lineares. Estão é fazendo ações que reduzem a emissão de carbono ao mesmo tempo em que adaptam essas cidades às mudanças climáticas que já estão acontecendo. As outras capitais que estão aqui se inspirando nesses trabalhos, vamos seguir estimulando e multiplicando isso. Até para as pequenas cidades, você viu a cidade agora Abaetetuba, que está mostrando que é possível fazer uma cidade pequena do norte do país a diferença e começar essa transição”, afirmou.  

A cidade de Palmas e referência em relação à troca da matriz energética: desde a criação do Programa Palmas Solar, em 2015, a cidade conduziu a troca nos prédios públicos mas também oferece incentivos fiscais para que a iniciativa privada passe a utilizar a energia fotovoltaica. Já Abaetetuba, se destaca, entre outras iniciativas, por ser a cidade com menor índice de desmatamento no Pará.

Transformação nas cidades

Embora as discussões sobre as ações climáticas aconteçam em nível global, é nas cidades que as ações são implementadas.  

“Não há impedimento que as cidades dos mais diversos portes se capacitem. Começa a colocar isso no seu planejamento e comecem a fazer a transição, porque a ONU se reúne, tem lá as conferências do clima, todo mundo acompanha os governos federais assumem os seus compromissos internacionais, mas quem implementa mesmo essa agenda são os municípios”, reforçou.  

O secretário citou a importância fortalecer o incentivo de práticas domésticas, por exemplo, como a separação do lixo, que além de contribuírem com o meio ambiente, colaboram com a economia e renda de catadores de lixo.  

“Evitar emissões dos resíduos também é uma tarefa importante. Campinas está se preparando para colocar pra rodar é 262 ônibus elétricos. São Paulo já falou aqui hoje que vai chegar esse ano a 2000 ônibus elétricos em circulação. A transição chegou no Brasil. O mundo falava que era impossível isso, os ônibus elétricos circulando nas nossas capitais. A frota de Campinas será de 860 ônibus, 260 elétricos nessa próxima concessão. Estamos transitando já pro elétrico a energia solar”, adiantou.  

Na lista de boas práticas o secretário colocou ainda a construção de parques lineares e a recuperação de margens de córregos e rios.  

No Tocantins

Durante viagem à Europa, na última semana, o governador Wanderlei Barbosa assinou um acordo que prevê o investimento de cerca de R$ 40 milhões na expectativa de comercialização de quase 200 mil toneladas de créditos de carbono. Enquanto isso, em Palmas, a Estratégia Tocantins Competitivo e Sustentável foi apresentada pelo presidente do Instituto Natureza do Tocantins, (Naturatins), Renato Jayme.  

O Programa é liderado pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e busca, segundo o presidente, promover o desenvolvimento socioeconômico sustentável, minimizar os impactos das mudanças climáticas e alcançar, como resultado, a redução da emissão de carbono, do Programa Jurisdicional de Redução de Emissões pelo Desmatamento e Degradação (REDD+). 

“Nesse eixo nós focamos nas cadeias produtivas, no zoneamento ecológico, no fomento das empresas e das instituições e principalmente no fortalecimento da agricultura familiar que é uma vocação muito forte no Tocantins”, explicou, o secretário.  

O programa possui quatro eixos que são: desenvolvimento econômico, social, ambiental e infraestrutura.  

*Este conteúdo contempla o Objetivo de Desevolvimento Sustentável (ODS) 11 da Agenda 2030 da ONU – Cidades e Comunidades Sustentáveis.