Denise Paiva, professora de Ciência Política da Universidade Federal de Goiás, lança nesta quinta-feira (29) o livro Mulheres Política e Poder. Em entrevista à Rádio 730, Denise relata de que forma as mulheres tem se apresentado no cenário político.

Segundo a pesquisadora, a participação feminina na política ainda é tímida, com registro de retrocesso. Ela cita o exemplo de Goiás, que diminuiu o número de cadeiras ocupadas por mulheres. “O que a gente percebe é que há avanços e recuos”. Denise, afirma que ocorre uma sub-representação das mulheres na arena eleitoral. 

Paiva cita a senadora Lúcia Vânia (PSDB) como um caso emblemático. Embora a mesma tenha entrado na política como primeira-dama de estado, ao lado do ex-governador Irapuan Costa Júnior. Denise afirma que sem dúvida a senadora hoje é uma liderança em Goiás, já que foi a primeira goiana a conquistar uma vaga como senadora por Goiás.

Denise explica que essas agentes políticas possuem uma carreira mais curta, ao contrário dos homens que se elegem por vários mandatos consecutivos. Para ela, os dados não permitem perceber se esse fato ocorre pela dificuldade de reeleição ou por uma opção, que pode ser explicado pela vida familiar.

Outros pontos apontados pela cientista política são as dificuldades que as mulheres possuem para obter recursos para campanha, assim como entraves para ocupar cargos em mesas diretoras e comissões. “O primeiro obstáculo é ser eleita dentro do parlamento”.

Questionada sobre o governo Dilma Rousseff e a crise instalada entre a presidente e aliados em Brasília, a cientista política compara Dilma aos ex-presidentes Luís Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, para ela, a atual presidente ainda não possui a experiência política de Lula e FHC. Segundo ela, inexperiência pode explicar parte dessa crise.

Segundo a professora, Rousseff tenta implantar o estilo gerencial no sistema político brasileiro, algo que não dá certo. “Ela não entrar na política do “toma lá, da cá”, mas precisa negociar com seus aliados porque são eles que dão sustentação. Ela vai terá que construir uma maioria no Congresso Nacional, se ela não construir, ela não vai conseguir governar”.

Denise Paiva assegura que, apesar do Brasil ter elegido uma mulher para governar, ainda há um longo caminho a percorrer para obter uma maior igualdade de gênero em termos de representação política.