Em entrevista ao Manhã Sagres o cientista político Pedro Célio avaliou os resultados da eleições municipais deste ano. Para ele o crescimento de um candidato que esteve ausente em boa parte da campanha. como é o caso de Maguito Vilela do (MDB), só será explicado daqui há algum tempo.

Porém, Pedro Célio acredita que a experiência do emedebista foi um dos fatores determinantes para a sua eleição. “Há uma tendência do eleitor em buscar um nome experiente, já provado, com folha de serviços prestados, aí o nome de Maguito se encaixou muito bem nisso”.

O outro fator foi a maneira como Vanderlan Cardoso (PSD) conduziu sua campanha. “O tema da saúde de Maguito foi o grande tema da eleição de Goiânia e o Vanderlan parece que entrou nesse assunto da pior maneira possível”, afirmou o cientista político.

Pedro Célio ainda ressaltou que a postura de Vanderlan “não foi muito bem recebida pelo eleitor, porque não foi bem proferida, foi muito mal orientada do ponto de vista técnico da comunicação política, do marketing. Isso pesou muito contra o Vanderlan, porque ou era Maguito ou era nenhum, porque Vanderlan não seria”, salientou.

Outro fato que chamou atenção no pleito de 2020, foram o grande número de abstenções e de votos nulos e brancos. Na capital, 36% dos eleitores não compareceram as urnas e mais de 14% votaram nulo ou em branco. O que significa que a maioria do goianienses não votou em nenhum dos dois candidatos.

Pedro Célio destaca que a pandemia é um fato externo que pesou muito para as abstenções, no entanto, isso não explica tudo. O PT não ter apoiado formalmente nem uma das duas chapas que disputaram o segundo turno, também pode ter contribuído para o recorde de abstenções.

“Tanto a equipe de campanha de Maguito e quando a de Vanderlan inauguraram o segundo turno refugando o apoio do PT, acho que aí também está um pedacinho da abstenção, o plus da abstenção em Goiânia. Catorze por cento dos eleitores de Goiânia votaram em Adriana Acorsi e mostram para a gente um espécie de núcleo duro da opção petista, ou da opção mais a esquerda aqui da cidade”, explicou.

“E esses 14% foram rejeitados formalmente, por mais que a Adriana e o Pedro Wilson tenham declarado seu voto pessoal em Maguito, a orientação partidária foi não recomendar nenhum dos dois candidatos. Acho que esse eleitorado ficou um pouco ressentido e resolveu não votar”, concluiu Pedro Célio.

Sobre os votos nulos e brancos, o cientista político argumentou que votar branco acontece, “quando o eleitor não se identifica com nenhuma das alternativas colocadas e ele vai votar porque é obrigado”. Porém, o voto nulo é uma decisão política. “O voto nulo não é apenas ausência de identificação, o voto nulo é uma rejeição clara a todo o sistema político. O sujeito vai lá e de uma maneira ativa, mostra uma opinião”, ressaltou.

Para ele o fato da maioria do eleitores da capital não terem votado em nenhum dos dois candidatos, significa que a maior parte da população não se sente representada.

“Toda essa mobilização, o debate muito fraco, a participação política muito fraca, fez com que as eleições não banhassem de maneira completa, os candidatos, ou os eleitos, daquilo que a democracia mais precisa, que é a legitimidade obtida nas urnas. Do ponto de vista do conceito de democracia, essa legitimidade sai arranhada aqui em Goiânia, seja qual fosse o candidato eleito, porque a ideia de maioria não está no eleito, ela está naqueles que não votaram, ou votaram nulo ou branco”, finalizou.