Você sabia que cebola e alho podem ser tóxicos para os animais domésticos? E que medicamentos relativamente comuns aos seres humanos como o diclofenaco e o ibuprofeno não podem ser utilizados pelos animais domésticos?
Para trazer informação de forma fácil e lúdica sobre esses assuntos, o grupo de estudos de Toxicologia Veterinária e a Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (UFG) lançaram no início de maio a cartilha “Toxicologia Veterinária para Crianças”.
O objetivo do material é informar a população, com enfoque em crianças e adolescentes, sobre as intoxicações que acometem os animais domésticos, como alerta a coordenadora da proposta, professora Ana Flávia Machado Botelho.
“É interessante evitar que esses animais tenham acesso aos alimentos potencialmente tóxicos e também que não tenham acesso a produtos potencialmente tóxicos como produtos de limpeza, veneno de rato, veneno de barata, para que se evite a intoxicação dos animais”, afirma.
Confira a entrevista na íntegra a seguir no STM #266
Os alimentos mais tóxicos para os pets, segundo a cartilha
Estudando a toxicologia, o agrupo da UFG descobriu que parte dos alimentos que as pessoas têm em casa não devem ser oferecidos aos animais, pois podem prejudicar a saúde deles e provocar até mesmo a morte.
Chocolate, cafés e chás
O chocolate, o café e os chás são alimentos muito consumidos pelos humanos, no entanto sua utilização não é recomendada para animais. Esses alimentos são compostos por vários ingredientes, dentre eles teobromina e cafeína. Esses nomes parecem inofensivos, mas podem causar aumento na produção de urina, batimentos cardíacos e atividade cerebral. Em grandes quantidades podem também provocar a morte. Depois de consumido, esses compostos podem permanecer no organismo dos animais de 18 horas a seis dias, pois eles demoram para processá-los.
Carambola
Apesar de ser uma fruta muito bonita e saborosa, pode ser tóxica tanto para os animais quanto para as pessoas, quando consumida em grande quantidade. Duas substâncias encontradas nela que oferecem risco à saúde: o ácido oxálico (provocando problema renal) e a caramboxina (tóxica para o sistema nervoso). Quando intoxicados, os animais podem apresentar soluços, vômito, convulsões, coma e morte.
Cebola e alho
A cebola e o alho possuem vários compostos que podem ser benéficos à saúde humana. Porém, para os animais, parte dos componentes podem causar danos nas células sanguíneas e provocar anemia hemolítica (ruptura de células sanguíneas vermelhas). Estima-se que a ingestão de apenas 5 g/kg de cebola para gatos e 15 a 30g/kg para cães já podem provocar danos consideráveis.
Outros
Abacate, bebidas alcoólicas, xilitol (açúcar normalmente utilizado como adoçante), uvas, uvas passas também são considerados tóxicos. No caso das uvas, podem causar insuficiência renal aguda no cão, de acordo com a cartilha.
Em quanto tempo
Segundo a professora da UFG, os sintomas podem acontecer conforma a quantidade de alimentos potencialmente tóxicos ingeridos. “Se ingeriu uma quantidade muito grande, esses sinais podem acontecer poucos minutos depois da exposição ao agente tóxico. Se ingeriu quantidades um pouco menores, pode demorar algumas horas para que esse quadro se instale. No caso mais comum que é a intoxicação por uva, por chocolate, esses quadros começam com 30 minutos, 1 hora depois, e se instalam com 24, até 72 horas, pensando no atendimento veterinário, mas alguns animais podem até mesmo ter sequelas permanentes da intoxicação”, afirma.
O que fazer e o que não fazer
A professora alerta que os tutores jamais tentem soluções caseiras, como indução ao vômito. “Muitas vezes esses procedimentos são feitos com leite, com ovo, com a tentativa de indução do vômito. O leite e o ovo não têm a menor capacidade funcional de tratar um paciente intoxicado, então não funciona, vai piorar o quadro. A indução do vômito tem de ser feita no ambiente hospitalar, de forma que a gente recomenda o encaminhamento imediato para a primeira clínica veterinária que estiver acessível na região”, orienta.
Acesse a cartilha a seguir
