Primeiro a pandemia de Covid-19, que começou no início de 2020. Exatos dois anos depois, a invasão russa à Ucrânia gera uma guerra que já dura 18 meses. Estes dois acontecimentos têm bombardeado um fator fundamental para o futuro de milhares de crianças ucranianas: a aprendizagem.

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Um levantamento divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nesta terça-feira (29), mostra que mais de 1,3 mil escolas em solo ucraniano já foram destruídas pela guerra. Os números mostram ainda que as crianças, em toda a Ucrânia, mostram sinais de perda generalizada de aprendizagem, isto é, esquecem gradativamente o que aprenderam. Isso inclui uma deterioração nos resultados de aprendizagem da língua ucraniana, da leitura e da matemática.

“Na Ucrânia, os ataques às escolas continuaram inabaláveis, deixando as crianças profundamente angustiadas e sem espaços seguros para aprender. Isto não só deixou as crianças da Ucrânia com dificuldades em progredir na sua educação, mas também estão a lutar para reter o que aprenderam quando as suas escolas estavam em pleno funcionamento”, disse Regina De Dominicis, diretora regional do Unicef para a Europa e Ásia Central.

Sem aulas presenciais

De acordo com os dados mais recentes sobre matrículas na educação ucraniana, apenas um terço das crianças em idade escolar têm aulas presenciais. Além disso, 30% dos alunos matriculados aprendem através de uma abordagem mista, ou seja, presencial e online. Outros 30% aprendem totalmente pela internet.

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Segundo o Unicef, a aprendizagem online pode complementar a aprendizagem presencial e fornecer uma solução a curto prazo. Entretanto, não substitui totalmente as aulas presenciais, que são especialmente críticas para o desenvolvimento social e a aprendizagem fundamental entre as crianças pequenas. Ademais, a reforma na educação que está em curso na Ucrânia, e que procura desenvolver as competências das crianças e dos jovens, é fundamental para a futura recuperação e desenvolvimento socioeconómico do país.

De acordo com os dados, dois terços das crianças em idade pré-escolar sequer frequentam a pré-escola. Nas zonas da linha da frente, três em cada quatro pais afirmam não enviar seus filhos para a pré-escola, por medo dos conflitos.

Refugiadas

Para as crianças refugiadas da Ucrânia, é também o início de outro ano letivo incerto. O levantamento aponta que mais de metade das crianças em idade pré-escolar até o ensino fundamental não estão matriculadas nas escolas em sete países que acolhem refugiados. São estes os que mais estão propensos a perder a sua educação. As barreiras linguísticas, a dificuldade de acesso à escola e os sistemas educativos sobrecarregados estão entre as razões para as baixas taxas de matrícula.

Conforme o Unicef, as crianças refugiadas que não estão matriculadas nas escolas locais provavelmente tentam estudar online. Outras, porém, podem ter abandonado completamente a educação.

De acordo com o Unicef, em tempos de crise ou de guerra, as escolas deveriam oferecer muito mais do que um local de aprendizagem. Podem proporcionar às crianças que já sofreram com perdas, deslocamentos e violência, uma sensação de rotina e segurança, isto é, uma oportunidade de construir amizades e de obter ajuda dos professores. 

Ademais, podem proporcionar acesso a vacinas, nutrição e serviços para apoiar a saúde mental e o bem-estar das crianças. Os adolescentes são particularmente sensíveis, uma vez que as vulnerabilidades físicas e mentais naturais da sua idade são exacerbadas pela perturbação da aprendizagem e pelo sofrimento que experimentam.

Reconstrução

Apesar da guerra, o Unicef afirma que trabalha conjuntamente com governos parceiros e com o próprio governo ucraniano para apoiar a recuperação da aprendizagem, além do alinhamento para remover barreiras à educação. O objetivo é apoiar 300 mil crianças que correm risco de perdas de aprendizagem na Ucrânia no próximo ano letivo.

*Este conteúdo está alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 4 – Educação de Qualidade 

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