A Associação Brasileira de Psiquiatria caracteriza o surto psicótico como um episódio de desorganização da representação da realidade, podendo acontecer com qualquer pessoa em algum momento da vida. As pessoas em surto psicótico costumam perder o contato com a realidade e reagem de maneira muito diferente da habitual. Alguns resultados desse tipo de surto são tragédias relacionadas a suicídios e crimes violentos.

Ouça o debate na íntegra:

Para explicar o que pode levar alguém a ter um surto psicótico, a Sagres convidou o médico psiquiatra Alexandre Peleja, a gerente de saúde mental da Secretaria Estadual da Saúde, Helisiane Figueiredo, e a coordenadora da residência médica em neurologia, Denise Sisterolli.

O transtorno psicótico breve pode durar entre um dia e um mês. Esses períodos temporários de comportamento psicótico costumam ser caracterizados por confusão, delírios ou até alucinações.

“Ela tem alucinações, delírios ou pensamentos desorganizados. A pessoa está sozinha no quarto e começa a ouvir vozes conversando com ela, começa a falar mal dela, pedindo para fazer coisas. Por exemplo, a pessoa está sozinha e não tem contato com outras pessoas, ela esta ouvindo essa voz. Em geral isso se chama alucinação. Uma sensação que não está sendo causada pelo mundo exterior, mas ela está sentindo”, explica o médico psiquiatra Alexandre Peleja

Nesta semana, um homem de 38 anos tirou a própria vida depois de matar a mulher, de 23 anos, e os filhos, de sete e três anos. O caso é investigado pela Polícia Civil e o suspeito foi identificado como Junio Costa e Silva. Relatos preliminares apontam que o autor do crime teria problemas psiquiátricos prévios e pode ter tido um surto psicótico. A coordenadora da residência médica em neurologia, Denise Sisterolli, explica que a pessoa que passa por um surto não tem noção da realidade e pessoas próximas precisam ter cuidado.

“O que a gente então deve fazer é realmente chamar o corpo de bombeiros, a polícia, realmente você tentar segurar uma pessoa dessa sem ter o treinamento pode ser muito perigoso”, afirma Denise.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 1 bilhão de pessoas vivem com transtornos mentais em todo o mundo. Uma esquisa Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) aponta que 47,9% dos psiquiatras confirmam aumento nos atendimentos realizados desde o início da pandemia . Além disso, o levantamento da ABP registra que 89,2% dos médicos informam agravamento do quadro psiquiátrico dos pacientes.

O Atlas de Saúde Mental (Mental Health Atlas, em inglês) da Organização Mundial da Saúde (OMS) apresenta falha mundial em serviços de saúde mental, principalmente em tempos de pandemia, desde março de 2020, por conta da alta demanda. Ainda de acordo com dados da OMS, em 2020, no auge da pandemia, cerca de 30% das pessoas infectadas com o sars-cov-2 apresentaram algum tipo ou grau de surtos psicóticos, mesmo sem qualquer histórico anterior de transtorno. É o que explica a gerente de saúde mental da Secretaria Estadual da Saúde Helisiane Figueiredo.

“Então, nem toda pessoa que é diagnosticada com transtorno mental ou doença mental, ainda com diagnóstico diferencial, terá um surto definido”, explica Helisiane.

A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) estabelece os pontos de atenção para o atendimento de pessoas com problemas mentais, incluindo os efeitos nocivos do uso de crack, álcool e outras drogas. Para atendimento, disque 136.

Assista ao debate dentro do Sagres Sinal Aberto – Edição de Sábadoà partir de 1:45:00

Ananda Leonel é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o Iphac e a Uni Araguaia sob supervisão da jornalista Thaís Dutra