A Prefeitura de Goiânia deve publicar até nos próximos dias um decreto com novas ações para restrição de aglomerações na capital em virtude do aumento de casos de Covid-19, causado pela variante Ômicron. Em entrevista exclusiva à Sagres, o prefeito Rogério Cruz descartou a suspensão de atividades comerciais, mas haverá restrição da quantidade de pessoas. 

“A linha é exatamente essa. É um cuidado que temos que ter com as pessoas da nossa cidade. Se falarmos que vamos limitar, acho que estamos limitando para o bem do cidadão e também do comerciante, para que não tenha que fechar todas as suas lojas e comércio, como foi no início”, afirmou o prefeito.

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Rogério Cruz comentou que não quer assustar a população e reforçou que a administração municipal analisa o cenário de aumento de casos com responsabilidade. “Por conta da vacina muitos não estão tendo problemas graves, estão assintomáticos, como é o meu caso e da minha esposa. [O aumento de casos] é preocupante, mas não temos tido aquela questão de UTI com urgência, pessoas com falta de ar e morrendo, não”, destacou.

Questionado sobre a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e de enfermaria na capital, o chefe do poder executivo informou que Goiânia está preparada para atender todos os pacientes.

“Atualmente, temos 99 leitos de UTI para Covid e 63 para enfermaria. Lembrando que esses números vão aumentar porque tivemos uma questão de que o próprio Hospital das Clínicas desfez dos leitos de UTI. Nós perdemos mais de 20 leitos só no HC, mas conseguimos reabrir mais 30”, informou. 

Hoje, a média de ocupação dos leitos de UTI na capital está em 70% e a de enfermaria, em 78%.

Atualização 17:34

Na tarde desta sexta-feira (14) o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos) se reuniu com representantes do segmento de eventos para apresentar ao setor um panorama da saúde do município.

Durante o encontro, o prefeito pediu aos produtores que reúnam informações sobre a agenda cultural e encaminhem sugestões de medidas preventivas para que haja a realização segura dos eventos.

Os dados levantados pelo segmento vão subsidiar a construção de um novo dispositivo, com regras que garantam a continuidade das atividades na Capital com a devida atenção que a saúde pública municipal exige neste momento.

Uma nova reunião com o setor ocorrerá na segunda-feira (17) e a previsão é de que as medidas sejam anunciadas até a próxima quarta-feira.

Assista à entrevista na íntegra:

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Confira a entrevista na íntegra:

Rubens Salomão: Alguns municípios já estão adotando medidas mais rígidas. Como o senhor avalia o momento aqui em Goiânia?

Rogério Cruz: A primeira coisa que quero deixar bem claro é deixar as pessoas bem tranquilas, porque nós estamos avaliando com muito cuidado, muita preocupação, porém, com muita responsabilidade. Como tudo aquilo que já fizemos no passado, continuamos a fazer, sempre alertamos isso à população, não deixar de usar máscara, o álcool em gel, sempre evitar aglomerações, sempre dissemos isso. 

Agora, nossa preocupação, na verdade, é o que temos visto nos últimos dias. Tivemos o final de ano e estamos vendo hoje, com esses testes rápidos que estamos fazendo em toda a cidade de Goiânia – e muitas pessoas têm dado positivo assintomáticos – , e isso é um reflexo ainda do nosso final de ano, onde muitas pessoas estiveram com família que não viam há muito tempo, aproveitando Natal e Ano Novo, e acabamos aí tendo esse volume de número maior de pessoas contaminadas pela Covid-19. 

Graças a Deus, através da vacina muitos não estão tendo problemas graves, estão assintomáticos, como é o meu caso e da minha esposa, e esse resultado tem sido preocupante, mas não temos tido aquela questão de UTI com urgência, pessoas com falta de ar e morrendo, não. A Ômicron, realmente, como tem dito os especialistas em vários canais de comunicação, espalha-se mais rápido, tem uma força de contaminação mais rápida, mas não atinge, como a Delta, questões de respiração, pulmão, essas coisas. Nos preocupa bem menos, mas em várias reuniões que tive esses dias com o Dr. Durval, estamos definindo as situações.

Já tivemos uma reunião ontem com pessoal de bares e da Fecomércio, com Marcelo Baiocchi, e teremos ainda hoje ou amanhã uma reunião com representantes dos eventos. Queremos ouvi-los também, já ouvimos outros segmentos, e nós tivemos uma preocupação grande porque o setor de eventos foi o mais afetado nessa pandemia desde o início. Nós abrimos uma porta para que eles pudessem ter seu trabalho de volta, estamos analisando isso e queremos ouvi-los para saber se eles têm alguma ideia ou estudo que possamos por em prática juntos.

Não queremos assustar ninguém, mas tenho recebido muitas ligações e mensagens perguntando se vamos fechar tudo. Não, não temos a intenção de fechar nada. Na verdade, queremos estudar como ter as pessoas em eventos, mas com responsabilidade. Então, temos uma reunião ainda para que possamos juntos avaliar os eventos que já estão com datas marcadas em Goiânia e os que virão a seguir.

Rubens Salomão: A previsão da nota oficial da Prefeitura se mantém? A Prefeitura vai definir um novo decreto já nesta sexta-feira?

Rogério Cruz: Estamos avaliando para que saia neste final de semana, mas isso depende muito da reunião que teremos para que possamos fazer a análise em cima daquilo que o pessoal da Abrape nos passar. Com certeza, assim como foi com o Sindibares e Fecomércio, já trouxeram ideias e sugestões. Estamos analisando as sugestões, como também tenho certeza que o pessoal da Abrape já vem com essas sugestões, como foram nas reuniões passadas. Essa é uma maneira de trabalharmos juntos para que possamos ter o trabalho das pessoas seguindo em frente, mas com garantia de que não teremos um aumento significativo de avanço da pandemia e da gripe.

Tudo é questão de hábito, não é? Lá fora, alguns países, quando a criança ou adulto acorda espirrando, já sai de casa com a máscara, isso é normal para eles. E nós, para podermos definir qualquer coisa, falar em máscara parece uma coisa absurda. Já teve época de ir ao dentista, se ele falasse que tinha que arrancar o dente, o dente era extraído e a mãe já colocava uma máscara na gente. Ou para não pegar uma infecção ou para não passar nada para alguém. Então é uma questão de hábito, o brasileiro precisa se habituar a isso e vamos vencer, como estamos vencendo desde 2020, essa pandemia. 

Rubens Salomão: O fechamento é realmente desconsiderado? A linha de pensamento é em relação à porcentagem de ocupação dos lugares?

Rogério Cruz: Sim, a linha é exatamente essa. É um cuidado que temos que ter com as pessoas da nossa cidade. Para não poder prejudicar ainda mais o comércio, o empresário, nós temos que seguir a linha de diálogo tanto para o lado deles como para a população. Acho que também é momento de a população enxergar que temos que dialogar sempre que necessário para que possamos chegar a um determinado fim, e ter discussões e finalizações felizes para todos os lados. Se falarmos que vamos limitar, acho que estamos limitando para o bem do cidadão e também do comerciante, para que não tenha que fechar todas as suas lojas e comércio, como foi no início. 

Rubens Salomão: O número de pessoas buscando atendimento primário aumentou muito. O que seria necessário para impedir a disseminação dos vírus, seja Covid, seja Influenza, para amenizar a superlotação nas unidades de saúde?

Rogério Cruz: Até agosto do ano passado, nós investimos mais de R$ 500 milhões na saúde. Sempre disse ao secretário de Saúde que não mediria e não medirei esforços para cuidar da nossa saúde. Temos feito um trabalho em conjunto com a bancada de deputados estaduais, federais, com os vereadores para que possamos ajudar a saúde. Óbvio, estamos vivendo uma demanda muito grande na saúde por essa questão da H3N2, que é um vírus mais forte, e, por isso as unidades estão cheias. Não existe vacina contra H3N2. Existe uma vacina contra a gripe, mas para combater a H3N2 ainda não existe. 

A questão do cuidado com a saúde que o poder público hoje tem é muito grande. Temos para 2022 já garantida a construção de três novas UBSs, temos a habilitação das UPAs, apenas uma é habilitada, que é a do Residencial Itaipu, mas não está qualificada e então não recebe toda a verba da Saúde. E quatro delas estão desabilitadas. Já estamos trabalhando desde julho do ano passado para poder por a documentação no Ministério da Saúde. Inclusive o ministro Marcelo Queiroga esteve em Goiânia, o levamos até a UPA do Jardim América, e ele pediu todos os documentos. Já enviamos e estamos em contato com o Ministério para que possamos ter essas verbas garantidas para nossas UPAs, que por mês necessitam de R$ 2 milhões.

Só no Hospital Célia Câmara, em novembro nós investimos R$ 16 milhões. Então, não estamos aqui limitando valores para a saúde. Pelo contrário, estamos investindo tudo que for possível investir. Sabemos que precisamos reformar os Cais, mas isso tudo não é feito de um dia para o outro. Existem momentos que vamos investir em construção, que tem que ter atenção à prestação de contas. Estamos correndo para poder trabalhar e fazer com que haja qualidade de serviço para todos. 

Sobre a falta de médicos, nós fizemos dois CSF na Região Noroeste de qualidade incrível, melhores do que algumas clínicas particulares. Ninguém tem reclamado deles, porque têm condições de trabalho, temos mais enfermeiros, mais médicos. Então, veja que ninguém tem reclamado porque o atendimento e a unidade são de qualidade. E é esses dois que queremos usar como exemplo para as próximas unidades, tanto para Cais, UPA, Centro de Saúde Familiar. Isso não é promessa de campanha, mas é o que já estamos trabalhando.

Tivemos um ano de vários projetos apresentados no governo federal. Desses mais de 40 projetos, alguns deles já estão sendo montados pelo próprio governo federal, outros estão sendo executados pela equipe da Prefeitura de Goiânia. Agora, foi o primeiro ano, que tivemos que projetar. 

No ano passado, tivemos 560 leitos exclusivos para Covid, sendo 280 leitos de UTI, mais de 270 para enfermaria. Atualmente, temos 99 leitos de UTI para Covid e 63 para enfermaria. Lembrando que esses números vão aumentar porque tivemos uma questão de que o próprio Hospital das Clínicas desfez dos leitos de UTI. Nós perdemos mais de 20 leitos só no HC, mas conseguimos reabrir mais 30. Então, agora estamos com média de 70% de ocupação dos leitos de UTI e 78% de enfermaria. Lembrando que essa ocupação de UTI são não tão graves como o que tivemos no passado com a Covid.

Rubens Salomão: O SindSaúde está fazendo uma série de visitas e os dirigentes estão desconfiados de que pode haver um processo de privatização ou terceirização. É uma possibilidade?

Rogério Cruz: Não vou dizer que não é uma possibilidade porque o gasto com a saúde é muito grande. Mas é claro que hoje toda a saúde de Goiânia é bancada pela Prefeitura. Se amanhã nós tivermos o apoio do governo federal, como estamos buscando, com certeza, vamos conviver com esse apoio. Pode até existir esse assunto, mas decisões nós decidiremos o que for o melhor para a população. No momento não há nenhuma preocupação sobre isso.  

Rubens Salomão: Na gestão de Iris foi iniciada uma reforma no Cais Guanabara. Como está essa unidade?

Rogério Cruz: Iniciamos nossa gestão em janeiro do ano passado e o secretário de Obras da época trouxe o levantamento, e nós começamos a correr atrás dos empresários que tinham abandonado obras como Cmeis, UPAs e outros. Nós conseguimos conversar com vários, inclusive com os proprietários da empresa que executavam as obras da UPA do Jardim Guanabara. Nós conversamos e eles pediram que fizéssemos um ajuste para esse contrato. Lembrei que o aditivo não poderia mais ser feito, só poderia se fosse em até 25%. Eles já tiveram 22% de aditivo, faltavam só 3%, que é um valor muito pequeno para fazer a conclusão da obra. Eles disseram que os 3% bastavam. Fizemos e passaram tres meses eles fizeram uma pequena limpeza do que já tinham deixado lá e abandonaram novamente a obra porque não tinha condições. 

Sendo assim, nós entramos na Justiça, não podemos agir enquanto não acontecer o distrato, que é feito na Justiça. Então, estamos aguardando isso ser feito, e demora um pouco, para que possamos assumir o resto da obra que precisa ser feito. Lembrando que a Prefeitura não pode assumir essa obra enquanto não for feito o distrato, como também não pode fazer nenhuma licitação para contratar nova empresa para essa ou outra obra enquanto não for feito o distrato. A própria Prefeitura vai concluir a obra. 

Rubens Salomão: Sobre o veto da proposta de mudança do nome da Avenida Castelo Branco, já era esperado mudar esse nome para Iris Rezende Machado. Por que o senhor vetou, qual o planejamento para homenagear o ex-prefeito senão a Avenida Castelo Branco?

Rogério Cruz: Existem várias maneiras de homenagear nosso líder de Goiânia e do Brasil. Estamos preparando isso, não posso adiantar, mas já existe uma conversa com o presidente da Câmara de Goiânia, o vereador Romário Policarpo, para que possamos fazer essa homenagem juntos para Iris Rezende. Essa questão da mudança de nome de rua a Constituição não permite. Apesar de termos uma lei na cidade que fala sobre essa questão de ditadores, mas ouvindo uma conversa de que o próprio Iris Rezende recebendo em seu gabinete um jornalista, esse jornalista perguntou se haveria essa possibilidade, e o próprio Iris não faria isso. Se ele não quis trocar o nome, eu com certeza não faria isso, não somente baseado nessa atitude dele, mas também em questões jurídicas dos empresários da Castelo Branco.

É uma avenida com 6, 7 quilômetros de extensão. Imagine todos esses empresários que atuam lá, o quanto gastariam com a troca de CNPJ. É onde fizemos a análise jurídica para que pudéssemos então fazer esse veto. Tenho certeza que o vereador Clécio Alves, que fez essa propositura, entenderá a justificativa. 

Rubens Salomão: Apesar do recesso da Câmara, há um debate intenso sobre o Plano Diretor. Qual a perspectiva?

Rogério Cruz: Vou apenas aguardar a decisão dos próprios vereadores. Acho que eles têm feito um trabalho excelente, como foi feito já na última audiência pública, como determinado pelo Ministério Público aceitar a sugestão. Fizeram a audiência pública com a data marcada, todos participaram. Além de ter ainda, quando vereador, ter participado do debate, com a questão do Plano Diretor. Tive a oportunidade de ser o relator da subcomissão de desenvolvimento humano e social e o meu relatório teve 18 páginas, justamente porque foram muitos pedidos feitos a respeito desse assunto. Ouvimos, inclusive, o pessoal do Jaó, outros moradores do Setor Sul, Setor Marista, e naquele momento foi decidido conforme eles queriam, e colocamos no Plano Diretor como foi montado o grupo de trabalho, já na minha gestão. 

Agora, quando enviamos o Plano Diretor para a Câmara, deixei bem claro para os vereadores que já teria toda a análise e estudo feito com o grupo de trabalho, que inclusive tinha representantes. A questão é: será que temos que ouvir todas as pessoas, cada pensamento individual? Então, essa questão de decisão de como ouvir a população, ela tem seus representantes, os empresários têm seus representantes. Cada categoria tem seus representantes e todos foram ouvidos.