Devido ao aumento dos casos de contaminação da Covid-19, causados principalmente pela chegada da variante Ômicron no final de 2021, o Governo de Goiás se prepara para ampliar o número de leitos em todo o Estado. Conforme o superintendente de Ação Integral à Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), Sandro Rodrigues, serão abertos 50 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

“A medida que a gente vai aproximando de 80% de taxa de ocupação hospitalar, vamos aumentando a disponibilidade do número de leitos. Temos a previsão para os próximos 5 a 7 dias de ampliação de mais 50 leitos de UTI dedicados para Covid-19”, afirmou Sandro Rodrigues.

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Segundo o superintendente, no ápice de disseminação do vírus o número de leitos existentes em Goiás chegou a 600. No entanto, após a redução de infectados, o Estado reorganizou os leitos para atendimento de outras doenças, conforme a necessidade da população.

“Essa é a capacidade atual do sistema estadual de saúde. Claro que isso vai sendo trabalhado conforme a necessidade, o comportamento da pandemia. A gente fala que o sistema de saúde é muito dinâmico porque as necessidades de saúde da população também são assim. Então, sempre há essa possibilidade de remanejamento de leitos, de outras questões que podem ser trabalhadas e organizadas”, ressaltou. 

De acordo com Sandro Rodrigues, serão disponibilizados leitos no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente, que deve ser inaugurado no próximo dia 18 de janeiro, em Goiânia, específico para atendimento pediátrico; leitos para adultos no Hospital Estadual de Itumbiara e outros  no Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (CRER), na capital.

“Estamos organizando para fazer essa oferta o mais rápido possível, para chegar ao final de semana de forma mais tranquila. Também estamos vendo a possibilidade de organizar com perspectiva mais regionalizada para evitar ao máximo possível os grandes deslocamentos no Estado por uma questão de leitos”, destacou o superintendente. 

Veja a entrevista:

Confira a entrevista na íntegra:

Sandro Rodrigues: São dados que nos trazem um pouco de atenção nesse momento. As taxas subiram nos últimos dias, reflexo provavelmente das comemorações de Natal, Ano Novo, dando aquele tempo médio de 15 dias entre contato e algum tipo de implicância disso no sistema de saúde, e a gente tem observado isso com muita atenção. As taxas subiram também porque tivemos uma redução de leitos. A gente não deixou de ter leito, a gente pegou os leitos que estavam organizados para Covid-19 e direcionou para outros problemas de saúde. Então, a gente tem leito para esse processo.

Cileide Alves: Como a Secretaria vai balancear esse novo momento porque tem mais casos e menos leitos para que a doença não piore a procura por leitos?

Sandro Rodrigues: É tudo isso junto, porque a gente precisa analisar a nova variante, o que ela impacta no sistema de saúde. A princípio parece uma variante que vai impactar menos o serviço de saúde pela própria gravidade dela que é reduzida em relação às outras. Mas ao mesmo tempo a gente observa isso o tempo todo e vai tomando as ações. A determinação do governador e Dr. Ismael é de que a medida que a gente vai aproximando de 80% de taxa de ocupação hospitalar, a gente vai aumentando a disponibilidade do número de leitos. A gente já tem a previsão para os próximos 5 a 7 dias de ampliação de mais 50 leitos de UTI dedicados para Covid-19. 

Uma questão que nos deixa um pouco mais confortável é que pela própria menor gravidade da Covid-19 causada pela variante Ômicron é que deve ter uma necessidade maior por leitos de enfermaria, e esse número de leitos a gente ainda está em uma relação confortável. A gente está com 40% desses leitos ocupados. Então, tudo isso vai sendo analisado, tanto os números de novos casos, como isso vai predizendo de necessidade, como a própria realidade de solicitação desses leitos no complexo regulador, e a disponibilidade e reorganização de disponibilidade conforme essa necessidade vai aparecendo.

Cileide Alves: Então, o Estado tem um parâmetro. Chegou a 80% de ocupação, ampliam-se as vagas?

Sandro Rodrigues: Nesse sentido. Como temos aquela conversão dos leitos que estavam para Covid-19 para outras necessidades, a lógica é justamente essa, que quando chegar por volta de 80% a gente já ter um grupo de leitos que podem ser reconfigurados para Covid-19 e oferta imediatamente desses leitos. 

Cileide Alves: O Hospital de Campanha foi desativado, portanto não poderá mais entrar nesse rateio. Essas vagas não farão falta?

Sandro Rodrigues: Acreditamos que não. Mas a gente vai precisar acompanhar. No princípio de comportamento da pandemia, um aumento de procura ok, mas não há um aumento exagero de procura por leito. Ao mesmo tempo, um hospital que a gente inaugura no dia 18, o Hospital Estadual da Criança e do Adolescente, ele parte para dar apoio para a rede na perspectiva da pediatria. Então, daquele grupo de leitos que citei, parte deles será agora a partir do dia 18 no Hospital da Criança e do Adolescente, justamente para crianças com Covid-19. 

Cileide Alves: Hoje são 158 leitos de UTI e 142 leitos de enfermaria. Até onde vocês podem chegar com ampliação, levando em conta a nova realidade?

Sandro Rodrigues: Naqueles momentos mais complexos da pandemia, em março e abril do ano passado, a gente chegou a quase 600 leitos. Essa é a capacidade atual do sistema estadual de saúde. Claro que isso vai sendo trabalhado conforme a necessidade, o comportamento da pandemia. Então, sempre tem essa possibilidade. A gente fala que o sistema de saúde é muito dinâmico porque as necessidades de saúde da população também são assim. Então, sempre há essa possibilidade de remanejamento de leitos, de outras questões que podem ser trabalhadas e organizadas.

Temos que deixar claro que enfrentar a pandemia não é só leito. A gente precisa da parceria das prefeituras em relação ao atendimento da atenção primária à saúde, das equipes de saúde da família, enfim, todo esse processo organizado. Porque a regra não muda muito com relação às próprias medidas de proteção e como cuidar dessas pessoas. A gente precisa testar as pessoas, pessoas positivas precisam ficar isoladas conforme todas as recomendações para a gente sempre quebrar o que a gente chama de cadeia de transmissão, que é uma pessoa contaminada contaminando mais X pessoas e aí virando todo um cenário mais complexo que a gente não quer chegar.

Então, é uma parceria muito importante das prefeituras para testar, ter atendimento na atenção primária, fazer a medição de oximetria de pulso, da saturação do sangue, para evitar que as pessoas se agravem.

Cileide Alves: Os números mostram que a ocupação de leitos de UTI é maior. A perspectiva da Secretaria é de que a procura seja maior com enfermaria. Porque essa diferença?

Sandro Rodrigues: A gente tem que lembrar que esses dados são de hospitais estaduais, não de toda a rede hospitalar do Estado de Goiás. Então, a gente acredita que grande parte desses pacientes que a gente chama de moderados, que precisam de uma atenção hospitalar, mas não uma atenção de cuidado intensivo sejam internados nesses outros hospitais. Os hospitais municipais, em algum outro hospital regional que exista, não especificamente tenham essa necessidade para os hospitais estaduais. 

Cileide Alves: A Prefeitura de Jesúpolis informou ontem que não vai mais atender os casos mais leves, apenas urgência e emergência. Isso pode impactar na procura por leitos a medida que parte da população ficará sem assistência?

Sandro Rodrigues: Existem duas questões: a primeira é que o atendimento à saúde é integral. Dentro do SUS não se pode escolher quem vai atender e quem não vai atender, ainda mais em uma Unidade Básica de Saúde, em uma Unidade de Pronto Atendimento, que é onde se trabalha com demanda espontânea. O paciente chega, precisa ser avaliado e atendido. Então, a gente está nesse acompanhamento mais global junto com o próprio Conselho de Secretarias Municipais de Saúde porque se isso acontece lá o problema maior não é nem em relação à internação, mas a migração desse paciente para buscar atendimento. Isso pode ser feito tanto em uma outra cidade próxima como também em alguma Unidade de Pronto Atendimento de maior porte, e trazendo uma própria sobrecarga para o sistema de saúde local.

Cileide Alves: A Secretaria está preparada para ampliar os leitos nesta semana ainda já que os leitos estão chegando a 80% de ocupação?

Sandro Rodrigues: Já, sim. Já estamos entrando em operação entre hoje e amanhã mais 10 leitos de UTI adulto no Hospital Estadual de Itumbiara, isso já está pronto para ser executado. Estão faltando algumas questões específicas de organização dos processos mesmo. E de sexta até a semana que vem, a organização dos outros leitos, a gente deve ter mais leitos provavelmente no CRER. Eles estão organizando para fazer essa oferta o mais rápido possível para chegar ao final de semana de forma mais tranquila. 

A partir da semana que vem, tanto em Formosa quanto no próprio Ecad, que a gente inaugura no dia 18, e alguma coisa específica também em outro hospital. A gente está vendo possibilidade de organizar, como o governador sempre pede, em perspectiva mais regionalizada para excitar ao máximo possível – claro que isso nem sempre é possível – os grandes deslocamentos no Estado por uma questão de leitos.

Cileide Alves: Houve um embate entre a Prefeitura e o Estado pela regulação das vagas. Isso está solucionado?

Sandro Rodrigues: Esse processo foi amplamente discutido em todas as instâncias do SUS, no Conselho de Secretários Municipais de Saúde, na SIB, que é uma instituição que tem voz em Estados e Municípios, então isso aconteceu dentro da maior legalidade possível. O município de Goiânia entrou com uma medida judicial em relação à isso, teve uma suspensão temporária desse processo, mas depois – se não me engano – no dia 27 ou 28 de outubro isso foi revogado e, então, a Secretaria Estadual de Saúde está com o comando e todo o controle do hospital via Ministério da Saúde, com habilitação de serviços e outras questões específicas que trabalhamos aqui. Mas dos hospitais estaduais no município de Goiânia o cargo é da Secretaria Estadual de Saúde.

Cileide Alves: Cabe à Prefeitura regular a própria rede e hospitais privados?

Sandro Rodrigues: A própria rede, os hospitais privados e também, no caso de Goiânia, a Santa Casa de Misericórdia e o Hospital das Clínicas. 

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