Sagres em OFF
Rubens Salomão

Demora de Bolsonaro para definir filiação gera desconforto na base governista

A demora do presidente Jair Bolsonaro para decidir seu futuro partidário tem gerado cobranças da base do Palácio do Planalto. Parlamentares, principalmente deputados federais, dizem estar engessados, sem conseguir iniciar a estruturação de campanhas e cobram definição para breve. Antes, os aliados tentavam influenciar o presidente a não se filiar tão cedo, mas agora a avaliação é de que, por interesses próprios, a definição é necessária.

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O presidente tem conversas avançadas com o Progressistas (PP), principal sigla do centrão. O grupo político esteve entre os principais alvos dos apoiadores bolsonaristas em 2018. Ao menos 25 deputados têm destino político incerto, já que, dificilmente o Bolsonaro terá um partido para chamar de seu. O exército de aliados, originalmente filiado ao PSL e ao DEM, está abrigado no recém-lançado União Brasil, resultado da fusão das duas siglas de centro-direita. Há inclusive a possibilidade de que parte da tropa fique no próprio União como uma espécie de trincheira pró-presidente no maior partido do país.

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“A definição para qual partido o presidente irá vai influenciar a nossa decisão”, resume o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO). A ideia é que boa parte dos parlamentares migre para a agremiação a que Bolsonaro se filiar. Na hipótese de ele confirmar seu ingresso no Progressistas, dos caciques Ciro Nogueira (Casa Civil) e Arthur Lira (presidente da Câmara dos Deputados), há articulações, por exemplo, para que alguns deputados sejam deslocados para outras legendas aliadas, como o PTB.

Foto: Presidente Bolsonaro durante audiência com Deputado Vitor Hugo. (crédito: Foto: Marcos Corrêa/PR)

Trincheira

Uma terceira frente de negociações ainda envolve, a partir da definição de palanques regionais, manter bolsonaristas de carteirinha à frente de postos-chave do União Brasil em estados estratégicos e ligados ao agronegócio, pilar de apoio do presidente na campanha de 2022.

Irritado

Secretário estadual de Governo, Ernesto Roller usou as redes sociais para criticar o Ministério Público e o promotor Douglas Chegury, que conduz investigações relacionadas a desvio de recursos públicos em Formosa. Na postagem, Roller acusa o MP de ser parcial. “É preciso por um freio na vaidade de alguns membros (pequena parcela) do MP”, escreveu.

Conversa

Roller publicou vídeo que contém diálogo atribuído a Chegury com o delegado regional de Formosa, José Antônio Machado Sena. “Quando for operação que quiser me avisa: ‘Essa aqui precisa de mais barulho’. Se fosse para parar lá na Câmara, eles vibram. Gostam demais”, diz o trecho do áudio.

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Foto: Ex-prefeito de Formosa, Ernesto Roller (sem partido). (Crédito: Divulgação/Alego)

Pelas ventas

Depois de publicar o vídeo, o ex-prefeito de Formosa, Ernesto Roller, diz não ter medo do promotor e o chama de “ordinário”. Roller ainda questiona sobre defensores de um Ministério Público “isento”. “É preciso por freio na vaidade de alguns membros (pequena parte) do MP. Faz quase três anos que deixei de ser o prefeito, deixe de ser covarde, seu merda!”, escreveu.

Nada a ver

O promotor ainda não se manifestou oficialmente, mas tem apontado apuração sobre possíveis desvios de R$ 10 milhões na cidade e que Ernesto Roller sequer está entre os investigados.

Retomada

O presidente do PSD em Goiás, Vilmar Rocha, afirma que o partido está não só braços abertos, mas também de “coração aberto” para receber a filiação de Lincoln Tejota, vice-governador e atual presidente do Cidadania no Estado. Segundo Vilmar, o “caminho da felicidade do Lincoln é sair deputado estadual pelo PSD”.

Foto: Vice-governador Lincoln Tejota, em entrevista à Sagres, antes da pandemia. (Crédito: Divulgação)

Escanteado

Lincoln perdeu a vaga de vice do governador Ronaldo Caiado (DEM) para a próxima eleição depois que o democrata anunciou o ex-deputado federal Daniel Vilela para o cargo, com a formalização da aliança com o MDB.

O retorno

Vilmar afirma que não apenas Lincoln, mas todos que deixaram o PSD, como o deputado estadual Virmondes Cruvinel (Cidadania) e o ex-deputado federal Heuler Cruvinel, serão convidados a retornar. “Saíram sem nenhum problema, por circunstâncias próprias, e mantivemos bom relacionamento.”

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