A Câmara dos Deputados realiza nesta segunda-feira (1º/2), a partir das 19h, a eleição para a escolha do presidente que comandará a Casa no biênio 2021 e 2022. A votação será secreta e presencial. Até agora, oito deputados estão na disputa, mas os principais nomes são o do líder do chamado Centrão, Arthur Lira (PP-AL), que tem o apoio do presidente Jair Bolsonaro; e o de Baleia Rossi (MDB-SP), candidato do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tenta emplacá-lo como sucessor.

Em entrevista à Rádio Sagres 730, o deputado federal pelo PSL, Vitor Hugo, repercutiu o anúncio de neutralidade do Democratas, partido do governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Publicamente, Caiado não manifestou preferência na disputa, mas nos bastidores teria trabalhado para conquistar votos para o governista Arthur Lira. Para o deputado, governador não vota, mas seria importante apoio explícito de Ronaldo Caiado.

“Essa é uma eleição bem singular, porque o voto que interessa não é dos governadores, até porque os governadores não votam. O que interessa para o candidato é o voto dos deputados. É logico que seria importante se cada governador pudesse apoiar o candidato abertamente. Mas o governador Caiado vivia um momento complexo, porque o partido dele estava dividido. Se ele apoiasse Lira, ele rompia com o partido. Se ele não apoiasse, ele sofreria essas cobranças públicas de quem apoia o presidente”, argumentou o deputado.

Ouça a entrevista na íntegra:

Para Vitor Hugo, mesmo vivendo esse dilema, Caiado perdeu a oportunidade de se aproximar do presidente Jair Bolsonaro. “Acredito que haverá outras oportunidades. O rompimento em março do ano passado foi muto ruim, ficamo muito preocupados. Só quem tem a perder são os goianos. E o presidente continua prestigiando Goiás de maneira muito aberta. Ele já visitou o Estado 10 vezes e liberou verba, mesmo quando havia essa instabilidade no relacionamento. Acho que ele vai ter oportunidade para mostrar e espero que ele mostre (apoio)”.

Sobre a opção pela neutralidade do DEM, Vitor Hugo ressaltou que percebe um favoritismo de Arthur Lira. “Esse tipo de eleição só se ganha depois que termina. Está muito claro está se formando um favoritismo de Arthur Lira. Rodrigo Maia, que é um dos grandes expoentes do DEM, já vem há algum tempo, desde que a sua própria candidatura foi frustrada com a decisão do Supremo, emplacar um nome. El fechou no Baleia Rossi, mas a gente viu que nem o DEM seguiu o Maia”.

Segundo Vitor, o PSDB está ensaiando o mesmo movimento. “O bloco do Arthur tem ganhado cada vez mais adesões. Não podemos dizer que a eleição está ganha, mas estamos animados e empolgados com a ideia de ter uma Câmara mais plural e harmônica em relação aos demais poderes”, pontuou.

TOMA LÁ DÁ CÁ

Uma das possibilidades desse racha provocado pelo presidente nacional da sigla, ACM Neto, é a promessa de Bolsonaro de entregar o Ministério da Educação ao DEM, no caso de vitória de Arthur Lira. “Essa oferta de ministérios não aconteceu. Eu acompanhei aqui como aconteceu essa ruptura com o DEM e o nascedouro dela tem a ver com o que o deputado Elmar Nascimento, da Bahia, classificou como traição do Rodrigo Maia em relação a ele. O Rodrigo sinalizava diversas vezes para ele que o Elmar seria seu sucessor”.

Sobre a liberação de recursos extras do Ministério do Desenvolvimento Regional, no total de R$ 3 bilhões, para os parlamentares, Vitor Hugo justificou que não tem “controle disso”. “O que eu sei é que todos os deputados querem ou faz parte da cobrança das bases dos deputados. A gente leva recurso pra base. São benefícios que não vão para os deputados em si, mas para investimentos em seus redutos. Vejo com normalidade esse tipo de relação entre executivo e legislativo”, justificou.