As árvores ajudam a resfriar as ilhas de calor nas grandes cidades. Mas, as áreas com muitos prédios, asfaltadas e pouco arborizadas são responsáveis pelo aumento do calor que afeta as pessoas no cotidiano. Assim, um trabalho desenvolvido na Universidade Estadual Paulista (Unesp) aponta a diferença de temperatura entre as áreas urbanas arborizadas e outras com mais concreto e asfalto pode chegar a 10 ºC.

A geógrafa Margarete Cristiane de Costa Trindade Amorim estuda as chamadas  ilhas de calor em cidades como Florianópolis (SC), Sinop (MT) e Rancharia (SP). Amorim aponta que não importa o porte da cidade,  as ilhas de calor impactam da mesma forma. Num estudo comparativo publicado na revista Urban Climate, a geógrafa observou a cidade de Presidente Prudente, em São Paulo, e Rennes, na França.

“De julho a agosto, na nossa estação seca, a diferença noturna de temperatura entre uma área mais urbanizada e uma rural em Presidente Prudente pode chegar a 9 ou 10 °C”, disse. “Em Rennes, ela raramente ultrapassa os 5 ºC”, completou.

Calor urbano

A diferença de calor também aparece em relação aos horários do dia através da impermeabilização dos solos das cidades e na presença de árvores. Os locais asfaltados absorvem mais calor e demoram para liberar a energia térmica. Geralmente, o processo de liberação do calor ocorre do período da tarde para a noite.

Em Presidente Prudente, a pesquisadora utilizou 26 sensores que mediram a temperatura da cidade em pontos diferentes por nove meses. Cinco dessas áreas eram rurais e 21 eram setores urbanos. Pesquisadores da Universidade de Rennes fizeram um processo semelhante na cidade francesa.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 55% dos 8 bilhões de habitantes do planeta habitam em centros urbanos. No Brasil, por exemplo, o percentual chega a 88%.

“Com menos áreas verdes, mais concreto e asfalto e ocupação geralmente desordenada do solo, as cidades são mais abafadas do que as áreas rurais. Dentro do meio urbano, as zonas com menos árvores e vegetação são ainda mais quentes e formam bolsões de clima abafado. Esse efeito é denominado ilha de calor urbana”, destaca a Fapesp.

Ilhas de frescor 

Mas há também as ilhas de frescor, que são locais como parques e praças dentro das cidades. Como são insuficientes, colaboradores da pesquisa de outras universidades do país apontaram a necessidade de repensar a urbanização. 

Entre os aspectos fundamentais estão:  melhorar a circulação dos ventos com a geometria das construções, diminuir o efeito das ilhas de calor em uma área e fazer avenidas mais largas.

*Com informações da Agência Fapesp

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