A cidade de Goiânia é conhecida por ser uma das capitais mais arborizadas do país e isso traz mais benefícios que a gente imagina. Em climas mais quentes, um grande número de árvores pode reduzir o gasto de energia com ar-condicionado de 20 a 30%, segundo investigações experimentais e estudos de modelagem nos EUA. Assista à reportagem a seguir

“As árvores melhoram a umidade de onde elas estão. Uma casa que tem um sombreamento (de uma árvore), mesmo que parcial, vai aquecer bem menos que uma casa que fica exposta o dia inteiro ao sol”, explica o ambientalista e especialista em Planejamento Urbano e Ambiental, Gérson Neto.

Segundo Gérson, as árvores ainda ajudam a reduzir a radiação ultravioleta e diminuem o barulho provocado pelos veículos.

“Árvores também funcionam como amortecedores da poluição sonora. Elas podem fornecer um paredão de proteção para ruídos sonoros e diminuir a quantidade dessa poluição típica das cidades. O sombreamento delas também reduz os riscos de quem fica exposto ao sol como trabalhadores nas ruas”, pontua o especialista.

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O ambientalista explica que os parques urbanos ajudam a melhorar o clima da cidade, porque as folhas das árvores captam energia do sol para transformar essa energia, pela fotossíntese, em alimento.

“Por isso, embaixo das árvores acaba existindo um clima mais ameno com uma maior comodidade térmica. Mas, a influência das árvores é restrita a algumas dezenas de metros em torno da sua área, mesmo nos parques”, esclarece Gérson Neto.

O contrário disso acontece em áreas em que há uma concentração de muitos prédios e com poucas árvores.

“Os prédios absorvem a energia que vem do sol e guardam essa energia em si. Com isso, eles acabam virando ‘aquecedores’, pois acumulam essa energia e liberam aos poucos ao longo do dia. E por isso temos ilhas de calor onde existem muitos prédios e em locais com parques temos um microclima com menos calor”.

Arborização na Avenida Castelo Branco. Foto: Secom- Prefeitura de Goiânia.

Redução de temperatura

O gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim, avalia que árvores em parques e em ruas e avenidas da cidade podem ajudar no microclima da região.

Para ele, regiões adensadas como a da Rua 44, no Setor Norte Ferroviário tendem a apresentar temperatura mais elevada.

O local tem pouca arborização, diferente de um ponto próximo dali, a região do Parque Mutirama, que é adjacente ao Parque Botafogo, sem contar a arborização das ruas e avenidas situadas nas imediações destas unidades.

“No período mais quente do ano há uma diferença de quase seis graus do Parque Mutirama, onde há uma vegetação, com a Rua 44. São duas situações muito próximas que demonstram a importância dos bosques para o microclima da região”, pontua André.

Região da Rua 44 conta com poucas árvores. Foto: Governo de Goiás

Asfalto e Temperatura

Outro ponto importante é a impermeabilização do solo. Isso aumenta a temperatura de uma região.

“Os raios solares ao encontrar obstáculos como asfalto e concreto absorvem calor. Isso causa o efeito sauna em casas sem árvores ao redor”, esclarece o gerente do Cimehgo.

Servidor da Comurg plantando árvore em canteiro central de avenida. Foto: Prefeitura de Goiânia

Plantio adequado

Algumas espécies de plantas são mais adequadas para canteiros centrais, praças e até mesmo parques. A Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA) analisa o local mais adequado para que o sombreamento da árvore seja benéfico.

Para a bióloga da AMMA, Wanessa de Castro, a escolha das árvores que serão plantadas é baseada em alguns critérios.

A profissional entende que há uma diferenciação no plantio realizado nos parques para outros locais da cidade.

O parque Flamboyant, por exemplo, ganhou esse nome por causa da quantidade de flamboyants que existiam no local, mas é comum ver outras espécies como Sangra D’água, Ipê e Mutamba.

“Os parques já vêm com a sua área verde, porque é um local de preservação permanente. O que é feito é a correção, que é realizada quando é preciso fazer a retirada de uma árvore que está com risco de queda em um local que as pessoas usam. Quando isso ocorre nós plantamos nativas do cerrado e frutíferas para a fauna”.

Repense

Esta reportagem integra a série Repense Clima desenvolvida pelo Sistema Sagres de Comunicação com o apoio da Fundação Pró Cerrado. Ao longo de 12 episódios vamos aprofundar sobre temas relativos à sustentabilidade, produção e consumo, que estão conectados ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 13 da Organização das Nações Unidas (ONU), que é “Ação Contra a Mudança Global do Clima”.

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