Natural de Glória d’Oeste, interior do Mato Grosso, o zagueiro Rafael Tolói nunca escondeu o desejo de jogar pela seleção brasileira. Campeão sul-americano pelo Brasil sub-20 em 2009, o defensor, contudo, nunca ganhou uma oportunidade no time principal da Seleção. Cria do Goiás, clube pelo qual foi revelado e mantém uma forte ligação, hoje tem uma carreira consolidada no futebol italiano, onde está há mais de seis anos.

Negociado em 2012 com o São Paulo, em pouco tempo ganhou a primeira experiência internacional, emprestado à Roma por seis meses no primeiro semestre de 2014. De volta ao CT da Barra Funda, um ano depois retornou à Itália, desta vez em definitivo, vendido à Atalanta em agosto de 2015. Na sua sexta temporada em Bérgamo, é uma das referências do clube, com mais de 200 partidas disputadas e atualmente o jogador com mais tempo com os ‘nerazzurri’, além de ser o capitão do time de Gian Piero Gasperini.

Por conta de uma ligação familiar oriunda da cidade de Treviso, na região do Vêneto, no norte do ‘belpaese’, Rafael Tolói chegou ao futebol italiano já com o passaporte europeu, porém tudo mudou em fevereiro deste ano. Após sondagem da FIGC, a federação italiana de futebol, e representantes da seleção principal, o jogador abriu o processo para se naturalizar italiano, de fato reconhecido assim pela Fifa no último mês.

Na sexta-feira (19), o ex-jogador esmeraldino ganhou a primeira convocação para a Itália, aos 30 anos, selecionado por Roberto Mancini, comissão técnico dos ‘azzurri’. No último teste antes da Euro 2020, Rafael Tolói terá três oportunidades para conseguir uma vaga na convocação final para o torneio, marcado para julho deste ano. Pelas Eliminatórias europeias para a Copa do Mundo de 2022, enfrenta Irlanda do Norte (25), Bulgária (28) e Lituânia (31) na próxima semana.

Rafael Tolói durante treino pela seleção italiana (Foto: Divulgação/FIGC)

Segundo Mancini, “Tolói joga em uma equipe disposta a atacar. Preciso conhecê-lo, por isso foi convocado. Se conseguir se adaptar bem, pode fazer parte do nosso grupo e jogar em todas as funções da defesa”. Sob o comando do ex-treinador de clubes como Internazionale e Manchester City, a Itália utiliza o 4-3-3 como esquema tático principal e a imprensa local avalia que Rafael pode atuar no lado direito da defesa, como lateral ou zagueiro.

Apresentado nesta terça-feira (23) em coletiva de imprensa, o defensor destacou que “é uma emoção enorme (ser convocado), acho que isso é mérito pelo trabalho duro e o empenho a cada dia, e estou muito feliz de estar aqui. Quando soube da possibilidade de jogar pela Itália, na hora disse sim. O dia em que isso se tornou realidade, não só eu como todos os meus familiares estávamos muito emocionados por uma oportunidade como essa”.

Destacado por sua versatilidade e facilidade em atacar, Rafael Tolói ressaltou que “esse meu modo de jogar é mérito do Gasperini (treinador da Atalanta), com quem aprendi a sair e pressionar alto, pelo lado ou por dentro, e não apenas para pressionar o adversário, mas também para jogar e criar situações. Naturalmente, aqui é diferente, mas é algo a mais, então tentarei aprender o que é preciso para me encaixar na equipe”.

“Aqui estão alguns dos melhores defensores do mundo, e deles posso aprender muito. Não sou mais um garoto, já tenho 30 anos e é a minha primeira convocação, mas quero fazer o meu melhor nesse período. O fator de jogar em uma equipe que está jogando tão bem como a Atalanta me ajudou muito”, ponderou o zagueiro revelado pelo Goiás, responsável por 11 gols e 15 assistências em 201 jogos pelo seu clube atual.