Conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (1º), a economia do Brasil teve variação negativa de 0,1%, no segundo trimestre de 2021, em comparação com o trimestre anterior. O resultado de estagnação foi uma surpresa para o economista Euripedes Júnior, que em entrevista à Sagres, analisou que a instabilidade política no país teve mais peso para o resultado do que o avanço da vacinação e o fim das medidas restritivas.

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“É claro que estamos falando do segundo trimestre do ano, entre abril e maio, momento que nós tínhamos o pico da segunda onda da Covid. Mas o grande ponto é que nós estamos vivendo uma instabilidade política desde o início da pandemia e isso tem afetado muito fortemente o resultado”.

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Euripedes observou que a disposição de empresas investirem em expansão caiu 3,06%, o que mostra um recuo do empresariado, que diante do atual momento, prefere esperar antes de investir e “contribuir com o crescimento do país”. “O mercado financeiro trabalha com expectativa, então se ele tem uma expectativa de que lá na frente pode ter um resultado positivo, ele começa a fazer desde já para que depois possa colher os frutos”.

No primeiro trimestre, em função da aprovação das vacinas, além do início da aplicação dos imunizantes em alguns países, os empresários começaram a ficar animados, segundo o economista. “E aí, com o andar da carruagem, com todos os problemas que vieram acontecendo, o Governo Federal, independente de análise política, fez um contraponto de que não concordava com determinada vacina, não quis comprar de outra, isso atrasou muito. Então, os empresários começaram a perder a esperança lá na frente e isso refletiu nos investimentos”.

Consequências

A palavra estagflação é usada pelos economistas para definir o momento em que a economia não anda, mas os preços dos produtos sobem. Euripedes afirmou que, juntas, estagnação e inflação, são prejudiciais para a população, que perde renda e poder de compra simultaneamente. “Não está tendo crescimento, as empresas não estão investindo, mas seus custos estão aumentando e isso é repassado para os consumidores”.

O Brasil passa por uma crise hídrica que, nesta semana, fez com que o Governo Federal criasse uma nova bandeira tarifária, a de “escassez hídrica”, com aumento na conta de luz. Para economista Euripedes júnior, estamos diante de uma crise que pode fazer com que haja racionamento de energia e isso também deve impactar na inflação.

“O custo da energia vai aumentar e os empresários vão ter uma pressão sobre os seus custos e também vão repassar isso para os consumidores, então nós teremos mais aumento nos produtos no dia a dia dos consumidores. Infelizmente, a economia continua parada, não vai ter geração de emprego, aliás, pode ter até desemprego pela queda dos investimentos”. Por isso, as expectativas para o próximo trimestre foi revisada, com previsão de “efeito nulo”, sem crescimento e sem queda.