Sagres em OFF
Rubens Salomão

Eduardo Leite critica uso político de vacinação por João Doria, antes de prévias tucanas

O governador do Rio Grande do Sul e pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Eduardo Leite, atribuiu ao colega de partido e adversário na prévia presidencial da sigla, João Doria, a autoria do vazamento de conversa telefônica mantida por ambos em janeiro, em que o gaúcho disse ter transmitido ao paulista um pedido do então ministro da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos, para que houvesse um “esforço de concertação” para a garantir a vacinação contra a Covid-19 em todo o país.

O tal “esforço de concertação”, na prática, implicaria em Doria rever a decisão que levou São Paulo a iniciar a vacinação sozinho, em 17 de janeiro. “Se a conversa só se deu entre mim e o governador de São Paulo e não fui eu quem falou sobre essa conversa, a gente sabe por onde que ela possa ter vindo”, disse Leite em entrevista coletiva convocada às pressas no fim da tarde de ontem e transmitida pela internet.

“Este novo uso eleitoral, político da vacina é absolutamente indevido. Não é apenas injusto, é imoral, oportunista, antiético. Além de tudo é mesquinho”, disparou. “Nitidamente está também vinculado a uma perspectiva de vitória nas prévias do PSDB.” O governador gaúcho também afirmou que “passar por cima de tudo para ganhar votos não é o caminho que devemos adotar nas prévias do PSDB, ou em uma eleição presidencial.”

Foto: Eduardo Leite e João Doria, em selfie descontraída. (Crédito: Divulgação)

Outro lado

Procurado, Doria não quis comentar as declarações de Eduardo Leite, que negou reiteradamente que tenha telefonado para o paulista com a intenção de adiar o início da vacinação em São Paulo. “Jamais pediria adiamento, suspensão de vacinação, pelo contrário”, afirmou. Mas em nenhum momento explicou de forma clara em que termos abordou o assunto com o governador paulista.

Por aqui

Na Assembleia Legislativa de Goiás, a maior parte dos deputados tucanos está fechada com Marconi Perillo no apoio a João Dória nas prévias do partido, neste domingo (21). Três dos cinco deputados tucanos já decidiram apoiar o governador de São Paulo.

Quem?

Os deputados Francisco Oliveira, Talles Barreto e Lêda Borges devem apoiar a candidatura de Doria e nenhum dos cinco parlamentares manifestou apoio a Eduardo Leite, ou do ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio. Helio de Sousa e Gustavo Sebba, não se definiram antecipadamente.

Calma lá

A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou contra o pedido feito ao Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigar o senador Davi Alcolumbre (DEMAP) a pautar a sabatina de André Mendonça, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para uma vaga na Corte.

Autoria

O parecer não é assinado pelo PGR Augusto Aras, mas sim pelo vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques. Ele defendeu a manutenção da decisão do ministro Ricardo Lewandowski, que em 11 de outubro arquivou a petição dos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Jorge Kajuru (Pode-GO).

Entendimento

“As pautas de trabalho de cada um dos Poderes são espaço de economia interna, controláveis internamente, sem comportarem interferência exógena a não ser quando fundada em expresso comando normativo da Constituição”, escreveu Jacques.

“Interna corporis”

Na decisão de outubro, Lewandowski também afirmou que a matéria era questão “interna corporis” do Congresso Nacional, de modo que uma interferência do Judiciário violaria o princípio da separação dos Poderes.

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