Neste Dia das Mães, o Sistema Sagres traz uma homenagem à Jodelmi Cardoso, conhecida como Tia Fia, torcedora fiel e símbolo do Goiás Esporte Clube. Apaixonada pelo time, dedicou mais de quatro décadas da sua vida acompanhando, marcando presença nos jogos e vibrando com as conquistas do clube. Quem ia ao Serra Dourada, tinha encontro marcado com Tia Fia nas arquibancadas. Ela, que até separou do marido por conta do clube do coração.

Em vídeo divulgado pela TV Goiás, em 2016, Tia Fia conta que escutava os jogos de futebol pelo radinho e que se interessou pelo Goiás ao ouvir o narrador dizer as cores do uniforme: “quando ele falou a cor da camisa, dos meiões e dos calções, eu pensei ‘meu Deus do céu, deve ser a coisa mais linda do mundo esse uniforme'”. Isso despertou o desejo de ir ao estádio, o que só foi possível dois anos depois. Como o marido era contra, precisou fazer economias e juntar dinheiro por conta própria.

Segundo a torcedora fanática do Verdão, em certo o momento, o marido a fez escolher entre ele e o Goiás. A reposta não demorou muito a vir: “Junta seus trapos e vaza, porque o meu Goiás eu só vou largar o dia que eu morrer.”

Em contato com o Sistema Sagres o caçula de Tia Fia, Lincoln – que inclusive tem esse nome em homenagem ao ex-atacante do Goiás, Leão da Serra, principal nome da história do clube – comentou que sabia da grandeza da mãe, mas não imaginava tanto. Ele relembrou ainda relembrou a convivência dentro de casa e a relação com os filhos.

“Era um espetáculo de pessoa, mas brava. Se a gente estava errado, fizesse arte ela não alisava, mas era muito amorosa, muito carinhosa. Sempre defendeu com unhas e dentes as ‘cria’ dela. Tinha o jeitão bravo na hora certa”, revelou e complementou, “ela me ensinou muita coisa, era muito sábia com as coisas dela e sabia passar isso para gente. Era uma pessoa muito conselheira mesmo”. Além de Lincoln, Lecionir e Alcenir são filhos de Tia Fia.

Foto: Acervo Pessoal

Em 2017, a equipe esmeraldina quase caiu para a Série C do Campeonato Brasileiro. Lincoln relatou que encontrou sua mãe chorando sozinha no quarto e ao perguntar o que tinha acontecido, ela teria falado: “estão acabando com o meu Goiás”. De acordo com ele, era Deus no céu e o Goiás na Terra.

“Naquela Libertadores (2006), a gente ia muito para o estádio, o clima é diferente. Era muito bom ver a alegria dela, e ela brigava. Se falasse mal do Goiás para qualquer um… eu cheguei a ‘peitar’ um cara armado que a provocou muito no lugar que estávamos assistindo o jogo. Ela apelou com ele e foi embora a pé de onde a gente estava. […] Depois de muitos dias, ele pediu desculpas”, disse.

Foram poucos os jogos que a torcedora símbolo não estava presente. Entre várias partidas que esteve presente com Tia Fia, Lincoln cita que o campeonato que o Goiás conquistou diante do Vila Nova, em 1989, foi muito especial. Na ocasião, foram disputados três jogos, e o Verdão saiu vencedor.

Tia Fia era muito querida e respeitada por toda a torcida esmeraldina, considerada por muitos uma mãe da torcida, sendo exemplo e inspiração. O caçula afirmou que no dia de seu falecimento viu gente chegando na casa deles chorando. Ainda disse que quem não o conhecia, achava que o torcedor era filho, e ele (Lincoln) amigo. “Era muita comoção, eu que ficava consolando as pessoas”.

Antes de sua partida, Tia Fia tinha um desejo: que suas cinzas fossem jogadas na Serrinha, estádio do Goiás. E assim foi feito. Várias homenagens foram prestadas, como telão com foto antes de partida, uma faixa que ficará no estádio durante todos os jogos do Goiás em casa e um quadro na entrada no acesso da praça esportiva. Além disso, a cadeira A1 no Estádio Hailé Pinheiro estará identificada com o seu nome.

O Presidente do Goiás, Paulo Rogério Pinheiro, também fez questão de deixar uma mensagem de homenagem à Tia Fia, e sua mãe, Marylena Pinheiro:

“Tia Fia é daquelas pessoas que nos inspiram a seguir lutando por nossos ideais e princípios em prol do Goiás Esporte Clube. Uma torcedora símbolo, querida, conhecida e reconhecida como um exemplo para toda torcida esmeraldina. Em breve, receberá mais uma homenagem para eternizar no nosso estádio a sua grande história, como mulher, mãe, avó e sempre apaixonada pelo Maior do Centro-oeste. Quero aproveitar também para lembrar de uma outra torcedora esmeraldina, apaixonada. Ela que há mais de 60 está lutando, batalhando, incentivando, torcendo e vibrando pelo nosso Goiás, ao lado meu pai e da nossa família. Mãe, hoje no dia que se comemora o Dia das Mães, quero deixar essa singela homenagem como filho e torcedor do Goiás, pra você! Um beijo, amo você!”

Infelizmente, Tia Fia nos deixou no dia 10 de maio deste ano, aos 71 anos. Além da paixão pelo Goiás, ela deixou três filhos, seis netos e uma nação inteira de esmeraldinos com saudade.

Mariana Tolentino é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com Iphac e a Unialfa, sob supervisão da jornalista Nathália Freitas.