Quem trabalha com o futebol tem rotina, muitas vezes, bem diferente de familiares e amigos, e inevitavelmente tem que abdicar de muitos momentos importantes com quem ama. Sempre lembrada pelos filhos em comemorações, entrevistas e homenagens, as mães são as que mais sentem falta, precisam se despedir e conviver com a saudade. Neste domingo (9), muitas delas terão que passar mais um ‘Dia das Mães’ à distância ou vendo o filho pela televisão na rodada do final de semana.

É o caso de dona Ivanilde Lourenço de Castro Batista, mãe de um dos personagens mais importantes do futebol goiano nos últimos anos, o presidente do Atlético Goianiense, Adson Batista. Como homenagem pelo dia especial, desta vez a Sagres não traz uma entrevista com o dirigente do Dragão, mas sim com a mulher que o gerou e foi responsável por sua educação.

“É um orgulho (ser mãe do Adson), meu filho é muito bom. Ele é muito bom filho, cuidadoso com a gente, faz tudo o que precisa para nós e não mede sacrifício para ajudar. E isso é desde criança. Quando a gente morava na fazenda era roça mesmo. O pai dele saia para trabalhar e deixava as tarefas para ele, e ele até apartava gado. Tínhamos um cavalo que eu gostava de passear, mas só ele conseguia pegar esse cavalo para mim porque era ‘veiaco’ (sic) demais”, disse a mamãe do presidente atleticano.

Ela fala com emoção do filho mais velho, que não media esforços para ajudar em casa e estar sempre perto dos pais na fazenda onde moravam no interior do estado, no município de Silvânia.

“O Adson foi muito meu companheiro, no lazer e no trabalho. Eu jogava ele para frente, se fizesse moleza eu não deixava, então ele se tornou um menino ‘dureza’. Ele mexia com gado, com a roça. Quando o Joaquim (pai) ia para o plantio de tomate, ele carregava o radinho de pilha atrás para o pai ir ouvindo o jogo. Onde o pai passava ele no Sol ajudando carregando o rádio para o pai ouvir. O Adson foi sempre muito bom e obediente, é um prazer muito grande ser mãe do Adson”, completou.

‘Levado’ e durão

Adson Batista com 6 anos de idade (Foto: Arquivo Pessoal)

Presidente executivo do clube no momento de mais sucesso do Atlético-GO, Adson Batista é talvez o grande nome da reconstrução que o clube passou nos últimos 15 anos. Neste período ficou marcado pelos bons times que montou, pelos títulos e pelo avanço estrutural da instituição, reflexos da ‘dureza’ e exigência com que tratava o trabalho.

Essa postura, no entanto, não é de agora que está à frente de um time de futebol. Pequeno, já mostrava ser firme, mesmo quando levava bronca pelas travessuras que aprontava -muitas, por sinal.

“Desde sempre ele fui durão, porém sempre muito respeitoso. Quando a gente educava ele, eu tinha medo demais e queria que meus filhos fossem gente boa, honesto e trabalhador. Então ele ficava nervoso, mas não me respondia e nunca me deu má resposta. Eu o punia das coisas porque ele era sempre muito ‘levado’, ativo, não ficava quieto, corria, brincava e eu sempre em cima, até atrapalhando os planos dele, mas educando. O Adson foi um menino fácil de criar porque tinha brio”, revelou dona Ivanilde.

A matriarca ainda ressaltou que mesmo tendo sucesso apartando o gado e seu cavalo preferido, Adson Batista é bom mesmo comandando o Dragão. “Tenho que falar que ele é melhor agora, dirigindo um clube porque vocês mostram muita qualidade dele aí e ele está demonstrando mesmo. Quando ele apartava gado, era por obrigação. Hoje ele faz pelo trabalho e porque gosta do que faz”, brincou.

Paixão pelo futebol

Adson Batista aos 10 anos de idade (Foto: Arquivo Pessoal)

Antes de se tornar dirigente, Adson Batista teve experiência como atleta e foi zagueiro de times como Anapolina e CRAC de Catalão. Para isso, precisou deixar a casa dos pais e mudar de cidade ainda adolescente.

“Nós morávamos em Silvânia e ele começou a treinar na cidade de Anápolis, na Anapolina, e lá ele virou jogador. Ele foi com 16, 17 anos, indo e voltando para casa, depois ficou uma temporada lá e virou atleta. Ele tinha um tio que morava lá e ele ficava com ele”, explicou a mamãe que assim como o pai Joaquim, fazia questão de ir assistir os jogos do filho.

Um tempo depois começou a frequentar a arquibancada, mas não para assistir Adson jogando, mas sim torcer para os jogadores que ele havia contratado. Com muitos jogos catalogados na memória, dona Ivanilde sonha agora em assistir uma partida no Antônio Accioly. Apesar do filho ser o grande responsável pelo estádio estar como está hoje, ela ainda não esteve no Castelo do Dragão em dia de jogo, o que pretende fazer assim que a pandemia acabar e o público puder estar presente novamente.

A paixão e o envolvimento do filho com o futebol são os motivos para que ela continue ainda tão envolvida com o esporte. No entanto, mesmo acompanhando sempre os passos de Adson Batista e já estar acostumada com a rotina, ela ainda sofre com o jeito do filho de assumir sempre as responsabilidades, principalmente quando erra em alguma contratação.

“Não acho que eu entendo isso não (de contratação boa ou ruim). Quando ele contrata um que às vezes a imprensa começa falar, falar, eu penso ‘o Adson sabe o que faz’. Quando ele ‘puxa’ a toda a responsabilidade pra cima dele eu acho ruim, fico apreensiva, ele não pode fazer isso. E ele puxa e Deus abençoa que dá certo”.

O presidente rubro-negro, entretanto, tem mais acertos do que erros nas negociações e é bastante elogiado quando consegue montar boas equipes e conquista os objetivos do clube mesmo com baixo orçamento. As palavras boas relacionadas ao filho, enchem o coração da mamãe de orgulho. “Eu só agradeço a Deus pelo homem que ele é. Eu confio que toda a vida dele, Deus esteve junto com ele protegendo, guardando e o Espírito Santo de Deus está nas contratações e nos negócios dele”.

Saudade

Adson Batista e dona Ivanilde (Foto: Arquivo Pessoal)

Se preparando para mais um jogo importante neste domingo (9) quando o Atlético-GO enfrenta o Grêmio Anápolis buscando uma vaga na final do Campeonato Goiano, Adson Batista mais uma vez não terá a oportunidade de passar o dia com a mãe Ivanilde e nem com Kélice, esposa e mãe de seus filhos Kananda e Pedro. A saudade, porém, é superada pelo entendimento de que os afazeres do presidente são importantes e o deixam feliz e realizado.

“Acho que está certo, ele tem que fazer primeiro o trabalho dele e depois cuidar da gente. Eu não me importo não, eu espero quando ele pode vir, não acho ruim não, eu acho que ele tem que ser o que ele é mesmo. Tem que ser autêntico para dar conta do trabalho”, afirmou a mamãe.

Neste dia das mães, ela fez uma reflexão e revelou qual foi o grande ensinamento que passou para os filhos Adson, Anderson e Alberto. “É o temor de Deus. Ele é uma pessoa muito boa e caridosa. Ele sabe as coisas que ele deve e pode fazer, esse ensinamento ele não esquece jamais, nunca!”

Tendo já sido presenteada inúmeras vezes pelo filho, dona Ivanilde revela o que gostaria de receber de Adson Batista neste Dia das Mães. “Ele continuar sendo honesto, trabalhador e íntegro como ele é mesmo. Esse é o maior presente que eu já ganhei e ganho todos os dias”.