Em entrevista ao programa Toque de Primeira, da Sagres 730, na tarde desta terça-feira (30), o presidente da Câmara de Goiânia, Romário Policarpo, informou que o crescimento dos casos e de mortes da Covid-19 em Goiânia foram determinantes para o prefeito Iris Rezende decidir baixar o decreto 1.242 de adesão ao sistema de revezamento das atividades econômicas na capital.

O vereador participou da reunião com o prefeito antes de ele assinar o decreto. De acordo com o documento, Goiânia inicia a partir de amanhã (1º) o isolamento 14×14 com a suspensão das atividades por 14 dias, seguida da abertura no mesmo período.

Policarpo informou que foi o porta-voz do pedido da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio) e da Associação Empresarial da Região da 44 (AER44) para que o revezamento começasse com a abertura e não com o fechamento, já que as lojas de rua, os shopping centers e o centro comercial da Rua 44 ficaram fechados desde 19 de março, quando saiu o primeiro decreto de restrições econômicas do governo de Goiás.

No entanto, o vereador afirmou ter entendido a posição do prefeito em função do crescimento dos casos. De acordo com o boletim epidemiológico divulgado nesta terça-feira (30) pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) a capital chegou hoje 6.837 casos, 89 a mais que o registrado ontem, e 164 óbitos, 9 a mais. Goiás registrou hoje 24.666 casos de covid e 479 mortos, 1.474 novos casos e 38 mortes em um dia.

O presidente da Câmara disse que chegou a sugerir, a pedido da Fecomércio e da AER44, que mantivesse o comércio aberto por mais 7 dias, já que foi reaberto há uma semana, e que a Região da 44, fechada desde março, pudesse funcionar nos próximos 14 dias, em ambos os casos, seguido de um fechamento pelo mesmo período.

“O prefeito, ao primeiro momento, achou a proposta interessante, mas o grande ponto que foi para essa tomada de decisão, seguindo os moldes que o governador falou, é a falta de leitos de UTI em Goiânia. Então fica, até da minha parte, um sentimento de frustração, porque a gente tem um grande problema hoje que quase 80% dos comércios são pequenos empreendedores que venderam carros, motos, teve gente que vendeu até produtos de casa para poder abrir novamente, mas a gente entende que o poder público nesse momento não pode colocar a vida das pessoas no sacrifício”, argumenta.

O último inquérito sorológico da SMS indicou que 2,1% da população de Goiânia já teria sido infectada com o vírus, o que corresponde a aproximadamente 31 mil pessoas, mais que o quádruplo do número de contaminados apresentado nesta terça (30) pelo informe epidemiológico da Prefeitura, que aponta 6.837 infectados.

Policarpo afirma que esta subnotificação pode também ter sido determinante para a decisão de seguir o decreto estadual, que partiu, segundo ele, da SMS e do Ministério Público de Goiás (MPGO), por meio do procurador-geral de Justiça de Goiás, Aylton Flávio Vechi.

“A gente sabe hoje que há um déficit de testes aqui em Goiânia, muito pouco foi testado aqui em Goiânia. Essa talvez é a melhor forma de controlar esse vírus. Acredito que esses números estejam muito maiores que os divulgados e acredito que, com base nisso, a secretária [Fátima Mrué] tomou essa decisão. Ela é técnica nessa área, eu não costumo opinar naquilo que eu não tenho conhecimento técnico. Meu conhecimento técnico, minha formação é em outra área. Ela é médica, ela sabe bem o que ela está fazendo”, conclui.

Com os dados de hoje (30), Goiânia possui 6.837 infectados pelo novo coronavírus, segundo a SMS, e 164 mortes. Confira a entrevista a seguir