O prefeito Iris Rezende (MDB) assinou na tarde desta terça-feira (30) o decreto de adesão ao isolamento sem atender o pedido da Fecomércio e da Associação da 44, de começar o revezamento com a abertura por 14 dias seguida da suspensão pelo mesmo período em Goiânia.

Iris já havia sinalizado ontem (29) que seguiria o decreto do governador Ronaldo Caiado para os próximos 14 dias com fechamento do comércio. No entanto, hoje (30) as atividades funcionaram normalmente, incluindo a reabertura de lojas da Região da 44.

O decreto acompanha determinação estadual que segue orientação da Universidade Federal de Goiás (UFG) para evitar o aumento do número de casos e o consequente colapso no sistema de saúde goiano por conta da Covid-19.

De acordo com o decreto, durante o período de suspensão, continua obrigatório o uso de máscara ao sair de casa. Em caso de desumprimento, poderão ser feitas abordagens por agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) para o fornecimento de dados pessoas e endereço do infrator.

Ainda segundo o decreto, os serviços nas repartições públicas devem permanecer com a adoção de medidas e ações para o funcionamento.

Com o decreto, o comércio em Goiânia só poderá reabrir no próximo dia 14 de julho. No entanto, o documento destaca que as regras podem sofrer modificações de acordo com a evolução do cenário epidemiológico.

Por meio de nota, a Organização das Cooperativas Brasileiras no Estado de Goiás (OCB/GO) se posicionou contra o fechamento, e defendendo “diálogo permanente de toda sociedade para implementação de políticas públicas mais assertivas no combate à pandemia” e argumenta que após “mais de 100 dias com atividades paralisadas, parcialmente ou integralmente, diversos setores e empresas chegam a este momento de novas restrições sem ter como se manter”.

Também em nota, a Associação Empresarial da Região da 44 (AER44) disse que recebeu com perplexidade a notícia de adesão da Prefeitura ao decreto estadual, mas que vai seguir a determinação de fechar as portas pelos próximos 14 dias.

A nota da OCB/GO

“Como entidade que tem como princípio fundamental a união de esforços para alcançar resultados positivos, o Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras no Estado de Goiás (OCB/GO) defende o diálogo permanente de toda sociedade para a implementação de políticas públicas mais assertivas no combate à pandemia da Covid-19 e suas consequências em Goiás. Entendemos que as decisões devem ser fundamentadas em dados técnicos e respeitamos os estudos da academia, mas não podemos perder de vista a sensibilidade para com o sofrimento daqueles que se veem com seu sustento prejudicado – ou até mesmo inviabilizado – diante de medidas mais duras. Após mais de 100 dias com atividades paralisadas, parcialmente ou integralmente, diversos setores e empresas chegam a este momento de novas restrições sem ter como se manter. Defendemos que setor produtivo, governos e academia discutam rapidamente medidas para mitigar esta situação, criando instrumentos e mecanismos que nos permitam a retomada segura das atividades econômicas.”

Nota da AER44

“É com grande perplexidade e enorme indignação que a Associação Empresarial da Região da 44 (AER44) recebe a notícia de um novo decreto municipal determinando o fechamento do maior empregador do Estado de Goiás. Um polo de confecção e moda que emprega mais de 150 mil goianos e gera oportunidade de renda para milhões de famílias dentro e fora do Estado.

Entendemos essa nova decisão como uma total falta de respeito e sensibilidade por parte das autoridades públicas municipal e estadual, que incapazes e descoordenadas em suas ações, só fazem sacrificar micro e pequenos empreendedores, que geram milhões de empregos, renda e pagam seus impostos.

Prefeitura e governo do Estado acompanharam toda a mobilização e emprenho dos empreendimentos e lojistas da 44 em proporcionar as condições necessárias para uma volta segura e responsável das atividades. Empreendedores e lojistas que já acumulam prejuízos gigantescos com mais de 100 dias de portas fechadas, tiveram que contratar empréstimos (junto à bancos ou de forma pessoal), vender bens, convocar colaboradores que estavam com seus contratos de trabalhos suspensos, investiram alto, e na última hora têm seus esforços frustrados sem qualquer explicação plausível.

Mais uma vez recai sobre o setor produtivo, gerador de empregos para as famílias, o peso da ineficácia da administração pública em cumprir seu papel constitucional de garantir a proteção do cidadão e fomentar as condições para que a economia local leve dignidade às pessoas.

Voltamos a frisar, a reabertura de forma responsável e segura do comércio faz parte da solução contra a pandemia da covid-19, e não parte do problema. Vidas precisam ser salva antes, durante e depois da pandemia, e isso ocorre com um serviço de saúde pública estruturado e eficiente e com a economia girando minimamente para que a fome não bata à porta das famílias, o que infelizmente já acontece com milhares de trabalhadores que dependem da Região da 44.

Apesar da imensa frustração que reverteu o clima de total alegria registrado nesta terça-feira, 30 de junho, nas ruas da Região da 44, a AER44 segue orientada sob o signo da legalidade e do respeito da ordem pública e cumprirá o que determina o novo decreto municipal. No momento, a Associação estuda as medidas políticas e até jurídicas que podem ser tomadas para corrigir esta enorme injustiça para com o maior empregador do Estado de Goiás.”