O Sagres em Tom Maior desta segunda-feira (6) apresentou um debate sobre a produção “Onde aprendo a falar com o vento”, de Victor Dias dos Santos e André Anastácio. No filme, jovens falam sobre seus questionamentos em relação às suas origens, sobre o passado dos negros e a forma como suas identidades foram construídas, tudo com base na falta de representatividade nas escolas.

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A professora de História do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Ana Maria Dias, ressaltou que já existem tentativas de incluir a temática nas escolas, em virtude da Lei 10.639 de 2003, que torna obrigatório o ensino da cultura afro-brasileira na educação básica. 

“Essa lei contribui para efetivação, seja com novos currículos como a BNCC que traz essa temática, o Enem todo ano traz questões sobre essa temática, produção de materiais, formação de professores, especialização, disciplinas na licenciatura que capacitam os professores que trabalham sobre essa temática”, disse.

O comentarista de cinema, João Paulo Tito, argumentou que o cinema é importante para tornar acessível às realidades distantes.  “O cinema é um espelho, ele traduz as realidades que a gente vive”, afirmou.

Segundo Tito, o filme “Onde aprendo a falar com o vento” pode ser identificado como expositivo e observativo, pois expôe uma realidade pouco conhecida a partir da observação.

“É muito importante que tenha produções como essa, filmes muito lindos, bem feitos, bem produzidos e que tenham seu local de exposição, recebam prêmios, sejam divulgados, porque isso vai trazer a discussão à tona”, afirmou Tito.

Ana Maria Dias alerta que apesar das iniciativas existentes, o tema precisa ser aperfeiçoado nas escolas. “É um tema que tem que ser cada vez mais aperfeiçoado e mais efetivado nas escolas, mas já há sim esse processo de transformação em busca de uma escola mais inclusiva e mais representativa”, disse.

João Paulo Tito chamou atenção para a presença de atores reais no documentário, sendo agentes da própria história. “São eles como protagonistas, falando e expressando seus próprios conceitos e não alguém meramente representando essa área cultural” finalizou.