Utilizar algas marinhas para o desenvolvimento de fibras têxteis naturais e biodegradáveis. Foi com essa ideia que a brasileira Thamires Pontes venceu o Global Change Award 2023. O prêmio de sustentabilidade, conhecido como “Nobel da moda”, é promovido anualmente pela Fundação H&M. “Fomos os únicos da América Latina e do Brasil. Esse prêmio é um divisor de águas na nossa vida”, comemorou em postagem nas redes sociais.

Thamires é cientista de moda e fundadora e CEO da Phycolabs. Além disso, é estilista e mestra em Têxtil e Moda. Ela conta que o interesse pelas algas marinhas surgiu, contudo, durante pesquisas para sua dissertação.

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“O interesse por algas surgiu depois do desenvolvimento das fibras de ágar-ágar em meu mestrado e a partir de então, com alguns parceiros, foram desenvolvidas pesquisas para bioplásticos, proteínas análogas às proteínas de origem animal, biofertilizantes e hidrocoloides – todos à base de algas”, relata.

Macroalgas

As macroalgas, porém, operam em um ciclo de vida circular. O processo ocorre desde o cultivo da matéria-prima, ou seja, as algas, até o desenvolvimento da fibra e, consequentemente, do tecido, o que supera, desse modo, os desafios de sustentabilidade enfrentados atualmente pela indústria têxtil.

A cientista utiliza algas para o desenvolvimento de fibras têxteis (Foto: Instagram/@thamirespontes)

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“Acreditamos que é possível transformar a indústria têxtil, substituindo os materiais convencionais por soluções sustentáveis. Vamos impulsionar a transição para um futuro mais regenerável por meio do uso das algas marinhas, estimulando a economia azul”, afirma.

Redução da poluição

Segundo Thamires, no entanto, inovações sustentáveis na moda, como a ideia das algas marinhas, ajudam a reduzir a poluição do planeta.

“Atualmente, infelizmente nos deparamos com os prejuízos do mercado da moda, que é o segundo mais poluente do mundo, também responsável por 35% dos microplásticos dos oceanos e quase 10% de todo o carbono emitido”, complementa.

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A Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o período de 2021 a 2030 como a década do Oceano. Nesse sentido, trata-se da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável. Ademais, a descoberta de Thamires faz ainda com que o Brasil seja um dos protagonistas para tornar o oceano saudável, produtivo e com exploração sustentável.

Segundo a CEO, é possível promover essa cadeia de abastecimento com as algas da mesma forma que o algodão, por exemplo, foi promovido há mais de quatro décadas.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 12 – Consumo e produção responsáveis

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