Na noite desta segunda-feira (24), o Brasil perdeu uma referência na comunicação, o jornalista Washington Luís Novaes, de 86 anos. Ele morreu após passar por uma cirurgia para a retirada de um tumor no intestino, em Aparecida de Goiânia.

Para homenageá-lo, em entrevista ao programa Tom Maior da SagresTV, o filósofo, mestre em desenvolvimento sustentável e amigo, Paulo Souza, lamentou a perda para o jornalismo e, também, ao Cerrado, a Amazônia e aos povos indígenas brasileiros, pelos quais Washington tanto lutou.

“Washington foi um dos primeiros jornalistas que começou a chamar atenção para a importância da qualidade do desenvolvimento, para a necessidade de se repensar um novo modelo de vida. Sua perda maltrata as pessoas que conviveram muito perto dele, porque era um homem generoso, bondoso e que teve uma grande influência no jornalismo nacional, participando de grandes redações, de grandes jornais, foi diretor de televisão, produtor… portanto, o mundo do jornalismo está mais triste”, afirmou Souza em entrevista à Sagres.

Washington Luís Novaes foi referência em jornalismo ambiental. Nascido em 3 de junho de 1934, em Vargem Grande do Sul, São Paulo, o jornalista foi editor do Globo Repórter e do Jornal Nacional.

Ele foi um dos primeiros jornalistas do país a se dedicar a questões ambientais e indígenas, tendo produzido documentários e lançado livros sobre os temas. Nesse setor, recebeu diversos prêmios como o Esso Especial de Ecologia e Meio Ambiente (1992) e o Professor Azevedo Netto (2004).

 

Filósofo e mestre em desenvolvimento sustentável, Paulo Souza, em entrevista ao Tom Maior

Para Paulo Souza, a perda do jornalista Washington Luís Novaes dói, mas a dor é ainda maior nas comunidades tribais. Ao longo da década de 1980, o profissional viveu em completa imersão no universo dos povos indígenas do Xingu. A experiência gerou a série de não-ficção “Xingu, a Terra Mágica”, além do diário “Xingu, uma Flecha no Coração”.

Mais de 20 anos depois, ele retornou para o local para um novo projeto. Em “Xingu, a Terra Ameaçada”, ele compara os dois tempos, mostrando a pressão do desenvolvimento econômico, além das mudanças culturais e ambientais. As duas obras renderam prêmios internacionais ao diretor e documentarista.

“Além dele ser um profundo conhecedor da Amazônia, através da edição dos seus filmes “Xingu”, Washington era também um profundo conhecedor dos biomas brasileiros, sempre abordava temas ambientais”, relata o filósofo.

O jornalista era amado e muito conhecido pelo seu trabalho com os índios, vivendo comprometidamente com eles. “Além da Amazônia, além do Cerrado, além da Caatinga… Washington era uma pessoa que amava os índios, que viveu muito comprometidamente com eles, um homem muito sensível e generoso em tudo que fazia. Falar do Washington me emociona muito”, completa.

Além da carreira na comunicação, Washington Novaes foi secretário de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Distrito Federal entre 1991 e 1992. Foi ainda presidente de honra do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental de Goiás (Fica), realizado na cidade de Goiás.

Assista à entrevista na íntegra no Tom Maior #83