O programa Fraternidade em Ação desta semana repercute os assuntos que remetem à reflexão sobre o mundo, a vida e a paz de espírito.
O dominical vai ao ar às 9h DA MANHÃ, após o Raiz Brasileira com Justino Guedes, e tem a apresentação de Sebastião Ribeiro, Monica Fernanda, Jonathas Procópio e William Batista. Edição e montagem: Roberval Silva ( voluntários).

Ouça o programa em formato de podcast:

Ouça “Fraternidade em Ação #185 | Histórico do Espiritismo – parte 1” no Spreaker. Ouça “Fraternidade em Ação #185 | Histórico do Espiritismo – parte 2” no Spreaker.

Um oferecimento do Centro Espírita Caridade O Caminho.

NESTE DOMINGO AS NOVE HORAS DA MANHÃ NA RÁDIO SAGRES 730

Confira o tema do programa desta semana.

HISTÓRICO DO ESPIRITISMO

Pentateuco kardequiano

PENTATEUCO. — Grego pentateuchos, cinco livros.
Os cinco livros basilares da Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec.
Do Pentateuco kardequiano fazem parte respectivamente “O Livro dos Espíritos”, “O Livro dos Médiuns”, “O Evangelho segundo o Espiritismo”, “O Céu e o Inferno, ou a justiça divina segundo o Espiritismo” e “A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo.”

Estudo e observação

Livro: No portal da Luz —
Espírito Emmanuel
Médium: Chico Xavier

Lição 16

(…)Jamais esquecer de associar Kardec ao Cristo de Deus, qual o próprio Kardec se associou a Ele em toda a sua obra.

Nunca olvidar que Espiritismo significa Cristianismo interpretado com simplicidade e segurança, para que não venhamos a resvalar na negação, fantasiada de postulados filosóficos.
Estudar para compreender que sem Jesus e Kardec, o fenômeno mediúnico é um passatempo da curiosidade improdutiva.

Pesquisar a verdade para reconhecer que a própria experimentação científica, só por si, sem consequências de ordem moral, não resolve os problemas da alma.

Colaborar com simpatia nos movimentos de perquirição que se efetuam em torno das atividades medianímicas, mas, sem prejuízo dos encargos e responsabilidades espíritas, valorizando o tempo, sem perdê-lo, de modo algum, nas indagações ociosas e infindáveis.

Selecionar os livros em disponibilidade, escolhendo aqueles que nos purifiquem as fontes da emoção e nos melhorem o nível de cultura.

Conquanto admirando a palavra do apóstolo: “examinai tudo e retende o melhor”, não se comprometer com literatura reconhecidamente deteriorada.

Difundir, quanto possível, as letras nobilitantes.

Proteger o livro espírita e a imprensa espírita com as possibilidades ao nosso alcance.

Concluir, em suma, que tanto necessita o homem de alimento do corpo quanto de alimento da alma e que tanto um quanto o outro exigem cuidado e defesa, higiene e substância, na formação e na aplicação.

Obras básicas. — Estudos Espíritas.
Obras básicas do Espiritismo.

BIOGRAFIA DE ALLAN KARDEC POR HENRI SAUSSE — LYON, MARÇO DE 1896.

Minhas senhoras, meus senhores.
Muitas pessoas que se interessam pelo Espiritismo manifestam muitas vezes o pesar de não possuírem senão um conhecimento muito imperfeito da biografia de Allan Kardec, e de não saber onde encontrar, sobre aquele que chamamos o Mestre, as informações que desejariam conhecer. Pois é para honrar Allan Kardec e festejar a sua memória que nos achamos hoje reunidos, e um mesmo sentimento de veneração e de reconhecimento faz vibrar todos os corações. Em respeito ao fundador da filosofia espírita, permiti-me, no intuito de tentar corresponder a tão legítimo desejo, que vos entretenha alguns momentos com esse mestre amado, cujos trabalhos são universalmente conhecidos e apreciados, e cuja vida íntima, cuja laboriosa existência são apenas conjeturadas.

Se fácil foi a todos os investigadores conscienciosos inteirarem-se do alto valor e do grande alcance da obra de Allan Kardec pela leitura atenta das suas produções, na ausência até hoje de elementos para isso, bem poucos puderam penetrar na vida do homem íntimo e segui-lo passo a passo no desempenho da sua tarefa, tão grande, tão gloriosa e tão bem preenchida.
Não somente a biografia de Allan Kardec é pouco conhecida, como ainda está por ser escrita. A inveja e o ciúme semearam sobre ela os mais evidentes erros, as mais grosseiras e as mais impudentes calúnias.(….)

Todos sabeis que a nossa cidade se pode honrar, a justo título, de ter visto nascer entre seus muros esse pensador tão arrojado quão metódico esse filósofo sábio, clarividente e profundo, esse trabalhador obstinado, cujo labor sacudiu o edifício religioso do Velho Mundo e preparou os novos fundamentos que deviam servir de base à evolução e à renovação da nossa sociedade caduca, impelindo-a para um ideal mais são, mais elevado, para um adiantamento intelectual e moral seguros.
Foi, com efeito, em Lyon, que a 3 de outubro de 1804 nasceu, de uma antiga família lionesa com o nome de Rivail, aquele que devia mais tarde ilustrar o nome de Allan Kardec e conquistar por ele tantos títulos à nossa profunda simpatia, ao nosso filial reconhecimento.(….)

O futuro fundador do Espiritismo recebeu desde o berço um nome querido e respeitado e todo um passado de virtudes, de honra, de probidade; grande número dos seus antepassados se tinham distinguido na advocacia e na magistratura, por seu talento, saber e escrupulosa probidade. Parecia que o jovem Rivail devia sonhar, também ele, com os louros e as glórias da sua família. Assim, porém, não foi, porque desde o começo da sua juventude ele sentiu-se atraído para a ciência e a filosofia.
Denizard Rivail fez em Lyon os seus primeiros estudos e completou em seguida a sua bagagem escolar em Iverdun (Suíça) com o célebre professor Pestalozzi, † de quem cedo se tornou um dos mais eminentes discípulos e um colaborador inteligente e dedicado. Ele se tinha aplicado de todo o coração à propaganda do sistema de educação que exerceu tão grande influência sobre a reforma dos estudos na França e na Alemanha. Muitíssimas vezes, quando Pestalozzi era chamado pelos governos, um pouco de todos os lados, para fundar institutos semelhantes ao de Iverdun, confiava a Denizard Rivail o cuidado de o substituir na direção da sua escola. O discípulo tornado mestre tinha, além de tudo, com os mais legítimos direitos, a capacidade requerida para dar boa conta da tarefa que lhe era confiada. Era bacharel em letras e em ciências e doutor em medicina, tendo feito todos os estudos médicos e defendido brilhantemente sua tese. n Linguista distinto, conhecia a fundo e falava corretamente o alemão, o inglês, o italiano e o espanhol; conhecia também o holandês, e podia facilmente exprimir-se nesta língua.
Denizard Rivail era um alto e belo rapaz, de maneiras distintas e humor jovial, bom e obsequioso. Tendo-o a conscrição incluído para o serviço militar, ele obteve isenção e dois anos depois veio fundar em Paris, à rua de Sévres, † n.° 35, um estabelecimento semelhante ao de Iverdun. Para essa empresa se associara a um dos seus tios, irmão de sua mãe, o qual era seu sócio capitalista.
No mundo das letras e do ensino, que frequentava em Paris, Denizard Rivail encontrou a senhorita Amélie Boudet, professora de 1ª classe. Pequena, mas bem proporcionada, gentil e graciosa, rica por seus pais e filha única, inteligente e viva, ela soube por seu sorriso e predicados fazer-se notável por Denizard Rivail, em quem adivinhou, sob a franca e comunicativa alegria do homem amável, o pensador sábio e profundo, aliando uma grande dignidade à mais esmerada urbanidade.(….)

Ele encontrou e pode encarregar-se da contabilidade de três casas, que lhe produziram cerca de 7.000 francos por ano; e, terminando o seu dia, esse trabalhador infatigável escrevia à noite, ao serão, gramáticas, aritméticas, livros para estudos pedagógicos superiores; traduzia obras inglesas e alemãs e preparava todos os cursos de Leví-Alvaires, frequentados por discípulos de ambos os sexos do faubourg Saint-Germain. Organizou também em sua casa, à rua de Sévres, cursos gratuitos de química, física, astronomia e anatomia comparada, que eram muito frequentados.(….)

Foi em 1854 que o Sr. Rivail ouviu pela primeira vez falar nas mesas girantes, a princípio, do Sr. Fortier, magnetizador, com o qual mantinha relações, em razão dos seus estudos sobre o magnetismo. O Sr. Fortier lhe disse um dia: “Eis aqui uma coisa que é bem extraordinária: não somente se faz girar uma mesa, magnetizando-a, mais fazemo-la falar. Interroga-se e ela responde.” — “Isso — replicou o Sr. Rivail — é uma outra questão; eu acreditarei quando vir e quando me tiverem provado que uma mesa tem um cérebro para pensar, nervos para sentir, e que se pode tornar sonâmbula. Até lá, permita-me que não veja nisso senão uma fábula para provocar o sono.”

Foi em 1854 que o Sr. Rivail ouviu pela primeira vez falar nas mesas girantes, a princípio, do Sr. Fortier, magnetizador, com o qual mantinha relações, em razão dos seus estudos sobre o magnetismo. O Sr. Fortier lhe disse um dia: “Eis aqui uma coisa que é bem extraordinária: não somente se faz girar uma mesa, magnetizando-a, mais fazemo-la falar. Interroga-se e ela responde.” — “Isso — replicou o Sr. Rivail — é uma outra questão; eu acreditarei quando vir e quando me tiverem provado que uma mesa tem um cérebro para pensar, nervos para sentir, e que se pode tornar sonâmbula. Até lá, permita-me que não veja nisso senão uma fábula para provocar o sono.”
Tal era a princípio o estado de espírito do Sr. Rivail, tal o encontraremos muitas vezes, não negando coisa alguma por parti-pris, mas pedindo provas e querendo ver e observar para crer; tais nos devemos mostrar sempre no estudo tão atraente das manifestações do Além.

Até agora, não vos falei senão do Sr. Rivail professor emérito, autor pedagógico de renome. Nessa época, porém, da sua vida, de 1854 a 1856 um novo horizonte rasga-se para esse pensador profundo, para esse sagaz observador. Então o nome de Rivail entra na sombra, para ceder o lugar ao de Allan Kardec, que a fama levará a todos os cantos do globo, que todos os ecos repetirão e que todos os nossos corações idolatram.

Eis aqui como Allan Kardec nos revela as suas dúvidas, as suas hesitações e também a sua primeira iniciação:
“Eu me encontrava, pois, no ciclo de um fato inexplicado na aparência, contrário às leis da Natureza e que minha razão repelia. Nada tinha ainda visto nem observado; as experiências feitas em presença de pessoas honradas e dignas de fé me firmavam na possibilidade do efeito puramente material; mas a ideia, de uma mesa falante não me entrava ainda no cérebro.

“No ano seguinte — era no começo de 1855 — encontrei o Sr. Carlotti, um amigo, de vinte e cinco anos, que discorreu acerca desses fenômenos durante mais de uma hora, com o entusiasmo que ele punha em todas as ideias novas. O Sr. Carlotti era corso de origem, de natureza ardente e enérgica; eu tinha sempre distinguido nele as qualidades que caracterizam uma grande e bela alma, mas desconfiava da sua exaltação. Ele foi o primeiro a falar-me da intervenção dos Espíritos, e contou-me tantas coisas surpreendentes que, longe de me convencerem, aumentaram as minhas dúvidas. — Você um dia será dos nossos — disse-me ele. — Não digo que não, respondi-lhe eu; — veremos isso mais tarde.
“Daí a algum tempo, pelo mês de maio de 1855, encontrei-me, em casa da sonâmbula Srª Roger, com o Sr. Fortier, seu magnetizador. Lá encontrei o Sr. Pâtier e a Srª Plainemaison, que me falaram desses fenômenos no mesmo sentido que o Sr. Carlotti, mas noutro tom. O Sr. Pâtier era funcionário público, de certa idade, homem muito instruído, de uma caráter grave, frio e calmo; sua linguagem pausada, isenta de todo o entusiasmo, produziu-me viva impressão; e quando ele me convidou para assistir às experiências que tinham lugar em caga da Srª Plainemaison, rua Grange-Bateliére, n.° 18, aceitei com solicitude. A entrevista foi marcada para a terça-feira n de maio, às 8 horas da noite.

“Foi aí, pela primeira vez, que fui testemunha do fenômeno das mesas girantes, que saltavam e corriam, e isso em condições tais que a dúvida não era possível.
“Aí vi também alguns ensaios muito imperfeitos de escrita mediúnica em uma ardósia com o auxílio de uma cesta. As minhas ideias estavam longe de se haver modificado, mas naquilo havia um fato que devia ter uma causa. Entrevi, sob essas aparentes futilidades e a espécie de divertimento que com esses fenômenos se fazia, alguma coisa de sério e como que a revelação de uma nova lei, que a mim mesmo prometi aprofundar.
“A ocasião se ofereceu antes de observar mais atentamente do que tinha podido fazer. Em um dos serões da Srª Plainemaison, fiz conhecimento com a família Baudin, que morava então à rua Rochechouart. O Sr. Baudin fez-me oferecimento no sentido de assistir às sessões hebdomadárias que se efetuavam em sua casa, e às quais eu fui, desde esse momento, muito assíduo.
“Foi aí, que fiz os meus primeiros estudos sérios do Espiritismo, menos ainda por efeito de revelações, que por observação. Apliquei a essa nova ciência, como até então o tinha feito, o método da experimentação; nunca formulei teorias preconcebidas; observava atentamente, comparava, deduzia as consequências; dos efeitos procurava remontar às causas pela dedução, pelo encadeamento lógico dos fatos, não admitindo como válida uma explicação senão quando ela podia resolver todas as dificuldades da questão. Foi assim, que procedi sempre em meus trabalhos anteriores, desde a idade de quinze a dezesseis anos. Compreendi, desde o princípio, a gravidade da exploração que ia empreender. Entrevi nesses fenômenos a chave do problema tão obscuro e tão controvertido do passado e do futuro, a solução do que havia procurado toda a minha vida; era, em uma palavra, uma completa revolução nas ideias e nas crenças; preciso, portanto, se fazia agir com circunspeção e não levianamente, ser positivista e não idealista, para me não deixar arrastar pelas ilusões.

A estas informações, colhidas nas Obras Póstumas de Allan Kardec, convém acrescentar que a princípio o Sr. Rivail, longe de ser um entusiasta dessas manifestações e absorvido por outras preocupações, esteve a ponto de as abandonar, o que talvez tivesse feito se não fossem as instantes solicitações dos Srs. Carlotti, René Taillandier, membro da Academia das Ciências, Thiedemann-Manthése, Sardou, pai e filho, e Didier, editor, que acompanhavam havia cinco anos o estudo desses fenômenos e tinham reunido cinquenta cadernos de comunicações diversas, que não conseguiam por em ordem. Conhecendo as vastas e raras aptidões de síntese do Sr. Rivail, esses senhores lhe enviaram os cadernos, pedindo-lhe que deles tomasse conhecimento e os pusesse em termos — os arranjasse. Esse trabalho era árduo e exigia muito tempo, em virtude das lacunas e obscuridades dessas comunicações; e o sábio enciclopedista recusava-se a essa tarefa enfadonha e absorvente, em razão de outros trabalhos.(…..)

(….)E foi da comparação e da fusão de todas essas respostas, coordenadas, classificadas e muitas vezes refeitas no silêncio da meditação, que formei a primeira edição do LIVRO DOS ESPÍRITOS, a qual apareceu em 18 de abril de 1857.”

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