No meio da discussão para o retorno do Campeonato Brasileiro, o novo decreto do governo de Goiás caiu como uma bomba para os clubes da capital, que desde o início do mês de junho estão autorizados pela prefeitura de Goiânia para realizem treinamentos nas suas estruturas. Na espera da decisão do poder municipal, o Atlético Goianiense já cogita treinar e jogar em outra cidade.

Marcelo Almeida, presidente executivo esmeraldino, que também não descartou a possibilidade de sair de Goiânia, destacou que “vivemos um momento de muita incerteza, cada dia é uma novidade para todos nós e é lamentável, porque às vezes perdemos tempo e dinheiro. Não dá a impressão de que estamos caminhando para um ramo certo, a cada dia caminhamos para um rumo diferente”.

“Um mês atrás, na discussão de volta ou não e quem manda ou não, isso mostra o tanto que, e até me incluo nisso, fizemos uma politização dessa pandemia. O que está acontecendo hoje nada mais é do que a politização extrema que fizemos da covid-19. Se nós, brasileiros, estivéssemos mais unidos, lutando por uma causa única, talvez não estaríamos padecendo por um problema tão sério”, ponderou.

O dirigente ressaltou que “quem não está próximo da saúde não vê a situação de calamidade que estamos vivenciando. Lá atrás já disse: sou médico e, apesar de não ser minha especialidade, tenho um hospital e aqui dentro temos doentes com essa patologia, e sei o que está acontecendo. O meu hospital tem UTI, mas hoje não temos nenhum leito de UTI vago para quem quer que seja”.

Em meio às incertezas do início do Campeonato Brasileiro, mesmo com uma data pré-estabelecida para o dia 9 de agosto, “o problema é que estamos trabalhando com essa data na cabeça, e temos que treinar. Agora, treinar como, se existe uma regra que não nos permite? E se daqui a pouco o governo municipal, que é quem dará a palavra final, estabeleça que não possamos?”.

“E aí, vamos para onde, vamos continuar treinando de casa? Sabemos que esse tipo de treinamento é totalmente ineficaz. Vamos para outra cidade? Não sei, a logística é complexa, os gastos são muito grandes, gastos em um momento onde não estamos podendo gastar. E quero deixar muito claro que o Goiás está gastando muito dinheiro e tem feito rigorosamente os testes semanalmente. Isso é caro”, frisou.

Marcelo Almeida revelou que “surgiu uma história de que podemos treinar na cidade vizinha de Aparecida, mas não sei como o prefeito agirá. É importante que todos entendam que o Goiás ir para cidade A, B ou C não é afronta nenhuma, é simplesmente uma tentativa de nos colocarmos em posição de igualdade caso o Campeonato Brasileiro volte a existir em agosto”.

Por isso a necessidade de uma preparação prévia, porém o torneio que a Federação Goiana de Futebol (FGF) planejava foi cancelado e o governo estadual frisou que não permitirá a utilização dos estádios públicos. Na quarta semana de treinos, o presidente esmeraldino afirmou que “os treinamentos são muito específicos e vão aumentando na proporção e intensidade dia após dia. Uma paralisação de 14 dias é como se estivesse voltando na estaca zero”.

Sobre o Goiás se envolver com a ‘bancada da bola’ para garantir que os clubes não parem suas atividades, Marcelo Almeida explicou que “ignoro esse tipo de coisa. Entra em uma movimentação política, que sou contra. Devemos ir muito mais pela decisão técnica do que política. Não cabe, no momento, decisões políticas para o problema que estamos vivenciando”.

Se entende que o CT Edmo Pinheiro está seguro, o dirigente garantiu que “o Goiás é um time que gosta de andar dentro da linha, um time muito sério. Quando propomos o retorno aos treinamentos, a nossa proposta foi de fazer a coisa de uma forma muito séria, que é o que estamos fazendo. Lá dentro, no centro de treinamento, estamos proporcionando o máximo de segurança possível. Confesso que oferecer 100% de segurança é impossível”.

“O nosso protocolo, talvez, atenda muito mais as regras que estão sendo exigidas pela CBF. Estamos fazendo muito mais além. Estamos testando o PCR semanalmente e fazendo as orientações devidas aos atletas. É um ambiente muito seguro, mas não posso dizer com relação a vida particular dos atletas. Eles saindo do CT, e aí que é o grande problema, não temos monitorá-los durante o restante do dia, apenas orientamos”, completou.