Sagres em OFF
Rubens Salomão

Governadores consideram políticas interestaduais de restrição e apelo à OMS pela vacina

O quadro mais grave desde o início da pandemia e a manutenção de discurso negacionista pelo presidente Jair Bolsonaro leva governadores a considerarem novos passos no sentido de tomarem para si a função de coordenar esforços nacionais de combate à covid-19.

Os gestores estaduais discutem a possibilidade de adotar políticas interestaduais com regras de isolamento desde restrições de atividades até esquemas para possível lockdown, a depender do quadro epidemiológico de cada região. A possibilidade surge diante da ausência de participação do Ministério da Saúde em ações de isolamento social.

Além disso, governadores reforçaria a pressão contra o presidente Bolsonaro com um apelo à Organização Mundial da Saúde (OMS) para que fornecedores internacionais da vacina atendam o Brasil, já que o anúncio de que o governo federal irá adquirir vacinas da Pfizer e da Janssen não tranquilizou o grupo. As discussões ainda não contam com participação direta do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), aliado do presidente e que se afastou das conversas diante do quadro de infecção urinária nos últimos dias.

Os governadores, no entanto, ainda buscam caminho para manter posição a favor da vacina e anti-Bolsonaro, sem com isso reforçar a pauta política do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que segue de olho na disputa presidencial de 2022.

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Interesses

Além de Doria, o governador do Rio Grande do Sul, o também tucano Eduardo Leite, tem aspirações próprias para a eleição presidencial e conta com apoio de parte da executiva nacional de seu partido. Na esquerda, os governadores do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) e da Bahia, Rui Costa (PT) também procuram protagonismo nacional. Doria tentou reunir governadores em São Paulo essa semana, sem sucesso.

Discrição

Os movimentos de Ronaldo Caiado na organização anti-bolsonarista de governadores seguem discretos e se resumem à assinatura em carta que questiona alegações do presidente sobre repasses de recursos federais aos estados. Palacianos avaliam que o tom de Bolsonaro no pronunciamento à nação poderia alterar a atual discrição. A fala em cadeia de Rádio e TV foi marcada para terça e quarta-feira, mas cancelada.

Realidade

O número de Estados com ocupação de mais de 80% dos leitos de UTI para pacientes com covid-19 pulou de 13 para 19, segundo boletim da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Até ontem, os Estados com os piores índices eram Santa Catarina, com 99% dos leitos ocupados, Rondônia (97%), Goiás (95%), Pernambuco (93%) e Ceará (93%).

Quintuplicar

Com bancada de apenas um deputado estadual, o partido Cidadania, presidido pelo vice-governador Lincoln Tejota, tem meta de eleger cinco parlamentares na Assembleia Legislativa na eleição de 2022. Lincoln espera ter chapa completa do partido e compara o cenário com o comando que teve à frente do PROS, que elegeu três deputados em 2018.

Economia

A Rumo começa hoje a operar oficialmente a Ferrovia Norte-Sul. A movimentação de cargas tem início pelo trecho sul da via, mas, até o fim de 2021, toda a malha já estará em funcionamento, segundo a empresa, que faz parte do grupo Cosan. A abertura foi comemorada nas redes sociais pelo secretário de Indústria e Comércio, José Vitti.

Trecho

A inauguração ocorre dois anos após a Rumo conquistar a concessão. O corredor foi concebido há mais de 30 anos para ser uma “espinha dorsal ferroviária” entre o Norte e o Sul do país. O primeiro trecho a entrar em operação vai do terminal de São Simão (GO) até Estrela D’Oeste (SP), onde há ligação com a Malha Paulista, ferrovia também operada pela Rumo e que desemboca no Porto de Santos.

Público e privado

O Centro de Operações de Emergências (COE) em Saúde Pública de Goiás para Enfrentamento ao Coronavírus se reuniu com Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg). Na pauta, ações conjuntas para ampliar o atendimento e definir as próximas ações.

Unidade

Segundo o presidente da Ahpaceg, Haikal Helou, uma coordenação conjunta entre órgãos públicos e privados busca evitar o colapso do sistema de saúde em Goiás. “Nós estamos coordenando junto com o estado, com as prefeituras e com o governo federal. Neste momento, nós temos pacientes doentes e não faz mais sentido para quem é o leito. É preciso diminuir o número de casos”, afirma.

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