Sagres em OFF
Rubens Salomão

Governo quer mercado livre de energia a consumidores residenciais até 2030

Os consumidores residenciais de energia podem ter acesso ao mercado livre, em que escolhem o seu fornecedor, até 2030. A definição é do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Segundo ele, o governo trabalha para garantir o acesso das classes média e baixa ao mercado livre de energia. Hoje, só grandes consumidores, como indústrias, podem negociar preços e escolher fornecedores, enquanto o consumidor residencial fica restrito à distribuidora local.

“Nós estamos trabalhando para que a gente possa ampliar a condição da classe média e do pobre, do menos favorecido, entrar no mercado livre. Eu quero acreditar que a gente tem condições de fazer isso até 2030”, declarou Silveira, em entrevista à TV Globo. De acordo com o ministro, essa seria uma forma de baratear a conta de luz para os consumidores residenciais, que hoje estão no mercado regulado – ambiente em que os consumidores compram apenas da distribuidora local.

“Ao mesmo tempo em que nós somos o grande protagonista de energias limpas e renováveis, temos a melhor matriz do mundo, do planeta e continuamos avançando nesse caminho, temos uma energia para o consumidor regulado que não é nada barata”, afirmou.

consumidores residenciais alexandre silveira
Foto: Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, discursa antes de assinar Plano de Trabalho Conjunto para a Aceleração da Transição Energética. (Crédito: Joédson Alves/Agência Brasil)

Consumidores residenciais

Para a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), o desenho de como vai funcionar essa migração para consumidores residenciais é o principal ponto de alerta. Isso porque há muitos contratos de geração de energia pagos pelo mercado regulado. A depender de como a migração for feita, quem continuar comprando das distribuidoras vai arcar com essas despesas.

Demanda

Além disso, o aumento com consumidores residenciais migrando para o mercado livre leva a uma alta na sobrecontratação das distribuidoras, ou seja, na sobra de contratos acima da demanda. E, se a demanda do mercado regulado diminui, por exemplo, as empresas não conseguem se adaptar rapidamente, porque já têm energia contratada, por meio dos leilões, para atender a um consumo já determinado.

Paralisação

A discussão sobre como fazer essa migração é travada no Congresso por meio do projeto de lei 414 de 2021. O texto tramita em uma comissão especial na Câmara dos Deputados.

Mercado livre

O mercado livre existe no Brasil desde 1996, mas só grandes consumidores podiam comprar energia nessa modalidade por causa das regras de migração, que exigiam padrões altos de consumo. Em setembro de 2022, o governo publicou uma portaria que permitiu a migração de todos os consumidores em alta tensão a partir de 1º de janeiro de 2024.

Acesso

Ou seja, pequenas empresas e indústrias que antes não estavam qualificadas para o mercado livre passaram a ter acesso a ele. Segundo estimativas da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), são, geralmente, empreendimentos de grande e médio porte, em que a conta de luz média é superior a R$ 10 mil mensais.

Ampliação

Contudo, a baixa tensão – consumidores residenciais e rurais, por exemplo – segue sem acesso ao mercado livre. Em 2022, o governo chegou a abrir uma consulta pública para abrir o mercado a essa parcela dos consumidores até 2028, mas o texto nunca foi publicado.

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*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU)ODS 13  Ação Global Contra a Mudança Climática; ODS 15  Vida na Terra; e ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Fortes.

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