ARTUR RODRIGUES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
– O pré-candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta sexta-feira (7) que a tendência é que não haja acordo para que ele e Márcio França (PSB) se unam em uma única candidatura.

Ele também disse que o antipetismo hoje é menor do que as forças contrárias a Jair Bolsonaro (PL) e João Doria (PSDB) -os candidatos de ambos no estado serão Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia, respectivamente.

As afirmações foram feitas durante uma das sabatinas realizadas por Folha de S.Paulo e UOL com postulantes ao Palácio dos Bandeirantes.
“A tendência é de manutenção das duas candidaturas. Essa e a tendência porque estamos desde agosto tentando negociação”, disse Haddad.

O petista afirmou, porém, seria importante houvesse a junção das candidaturas e que isso seria um luxo, apesar das análises de que a presença de França como concorrente beneficiaria Haddad. “Eu não faço esse tipo de conta. Eu acho que simbolicamente teria um peso muito grande nós estarmos juntos. Política não é só cálculo eleitoral”, disse.

Haddad ainda criticou o uso de pesquisas para definição das candidaturas -Márcio França havia proposto o uso delas para definir o candidato da esquerda. O PT nunca trabalhou com pesquisa para definir candidato, sequer internamente. Senão não seria candidato a prefeito em 2012. A Marta [Suplicy] tinha dez vezes mais intenção de voto que eu”, disse.

O petista minimizou o impacto do antipetismo na corrida eleitoral do estado. “O antibolsonarismo hoje é muito maior. Basta pegar as pesquisas de opinião da votação do Lula. O Lula é o candidato menos rejeitado no Brasil, inclusive em São Paulo”, disse. “O que existe hoje é um antibolsonarismo, é um antidorismo. O Doria e o Bolsonaro são muito mais rejeitados em São Paulo do que o PT”.

O ex-prefeito paulistano elogiou França, porém, por apoiar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Desde 2010, o PSB e o PT não caminham juntos na eleição presidencial. O Márcio não me apoiou nem no segundo turno de 2018 e hoje está apoiando o Lula no primeiro turno”, disse.

Haddad ainda defendeu Lula, que tem dado declarações criticadas em sua pré-campanha. “O Lula não perde cinco minutos para admitir que a palavra utilizada não foi correta”, disse.

Questionado sobre a impopularidade de sua gestão na Prefeitura de São Paulo, Haddad disse que a avaliação foi feita no período do impeachment de Dilma Rousseff (PT) e disse que suas vitrines permanecem na cidade.

“As ações da minha gestão estão até hoje aí. Aliás, são as únicas coisas que estão de pé. A renegociação da dívida, o plano de mobilidade urbana foi premiado internacionalmente”, afirmou.

O petista fez diversas críticas à gestão Doria, por aumentar os impostos durante a pandemia e cortar programas sociais em sua época de prefeito. Ele também criticou o tucano por uma política errática durante a pandemia na questão de abertura e fechamento do comércio. “Ele oscilou entre duas políticas incongruentes”.

Ele também afirmou que “vai botar uma lente de aumento bem grande” em contratos de concessão de rodovias feitos pela gestão tucana.
No entanto, afirmou que as câmeras corporais da PM são uma das poucas coisas positivas na atual gestão.

Na área da segurança, ele afirmou que pretende criar um plano de metas para resolver os principais crimes. “Vou botar o número de crimes cometidos no ano anterior e vamos fixar metas de redução da criminalidade no estado de São Paulo. Passo dois, nós vamos ter meta de resolução dos crimes”, disse.

O petista ainda afirmou que a questão do agronegócio não é problema em São Paulo, mas sim a questão da agricultura familiar. “Nós temos que estar preocupado com o fim do financiamento do BNDES para a agricultura familiar, que está fazendo o preço dos alimentos subir. Está R$ 15 o quilo da cenoura, não tem agronegócio da cenoura”, disse.

A entrevista com o pré-candidato foi conduzida pela apresentador Diogo Sarza, pelo colunista do UOL Leonardo Sakamoto e pela jornalista da Folha de S.Paulo Carolina Linhares.