O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira (9) os dados referentes à inflação oficial do Brasil. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,47% em maio, abaixo do 1,06% registrado em abril deste ano. Em entrevista à Sagres, o economista Bruno Fleury analisou que se isso virar uma tendência, pode significar que a “inflação bateu no teto e as medidas tomadas pelo Banco Central começaram a surtir efeito para a inflação voltar a um patamar mais razoável”.

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O economista afirmou que a inflação não é um problema apenas do Brasil e sim mundial diante da pandemia, inicialmente, e agora do conflito entre Rússia e Ucrânia. “Vários países estão tomando medidas de elevação de juros como as que o Banco Central tomou aqui. Isso para tentar controlar um pouco o consumo e tentar abaixar os preços”, disse.

As medidas de transferência de renda, tomadas para movimentar a economia dos países, mesmo com a paralisação de algumas atividades, acabaram contribuindo para o aumento da inflação. “Faltou combinar com as empresas se elas teriam produtos disponíveis para colocar à disposição dos consumidores. Isso causou um impacto grande nos preços porque as pessoas tinham recursos para consumir, mas não tinham produtos para comprar”, detalhou.

No Brasil, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e o ministro da economia, Paulo Guedes, pediram para empresários “frearem a alta nos preços” para “quebrar essa cadeia inflacionária”. Segundo o economista, porém, essa medida não tem efeito e serve apenas como discurso político.

“Nós vivemos uma economia de livre mercado, quem define preço final não é o presidente nem o ministro da economia, quem define são os custos que as empresas têm e a demanda, se ela for maior do que a oferta, os preços vão subir mesmo”, declarou o economista.

O pedido ocorre no cenário de ano eleitoral, em que o presidente é pré-candidato à reeleição. Bruno detalhou que, em função disso, a economia ficará entre os temas do debate político. “Quando a inflação dispara, isso causa um desgaste político muito grande para o governo, que precisa reagir a isso, tomar iniciativas que possam demonstrar para a população que a inflação não está descontrolada […] o bolso do cidadão nessa hora fala mais alto do que o próprio discurso político”, explicou.

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